CONEXÕES ACADÊMICAS
Temas emergentes na visão dos Profissionais da Contabilidade
Conteúdo:
Data: 22/fevereiro/2024
Horário: 16h as 17h30
Local: Ao Vivo no Youtube
Palestrantes:
Ahmad Abu Islaim
Contador formado pela Universidade de São Paulo, com mais de 15 de anos de experiência em grupos multinacionais de grande porte de diversos segmentos, tais como empresas de auditoria externa (Big four), indústria e varejo (KPMG, Grupo Unigel, Grupo Carrefour, CVC e Klabin).
Ricardo Tresso Marcolino
Foi gerente de auditoria independente pela KPMG e possui experiências em empresas de grande porte como Gerente executivo da Controladoria. Também é membro de conselho fiscal. Possu9i a graduação em Administração e em Ciências Contábeis, ambos pela FECAP-Fundação Álvares Penteado.
Moderação: Acadêmico da APC Flávio Riberi
Aprender e se atualizar foi a tônica do enriquecedor debate desta manhã, dia 25 de junho, quando a Academia Paulista de Contabilidade -APC, em parceria com o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paul-CRCSP, abordou o tema “Evolução das Regulamentações e Prevenção Contra Fraudes Corporativas”. O evento, transmitido de forma gratuita, contou com cerca de 900 participantes ao vivo, no canal do CRCSP no YouTube, no link: CRCSP e APC apresentam: Evolução das Regulamentações e Prevenção Contra Fraudes Corporativas.
Com a presença ativa dos acadêmicos Clovis Ailton Madeira e Marcelo Alcides Carvalho Gomes, e a moderação de José Luiz Ribeiro de Carvalho, conselheiro do CRCSP e coordenador geral da comissão técnica ASG (Ambiental, Social e Governança) no CRCSP, o animado debate ganhou proporções de análise histórica sobre a corrupção no Brasil e no mundo, além de transmitir orientações fundamentais para os profissionais da Contabilidade se prevenirem contra esse mal do século.
Linha do tempo 1964-2025
Após abertura estrutural de José Luiz Ribeiro, o Acadêmico Marcelo Gomes analisou o período de 1964 até 2025, destacado a trajetória dos casos de fraude e corrupção, assim como a regulamentação dessa área, que abrange tanto a legislação brasileira quanto as normas que regem os profissionais de Contabilidade. "Quando falamos sobre mitos e lendas relacionados às fraudes contábeis, a primeira ideia que surge é a de que as fraudes têm origem contábil. Recentemente, fiquei satisfeito ao constatar que o IASP, o Instituto dos Advogados de São Paulo, promoveu um evento discutindo a responsabilização dos administradores em casos de fraudes contábeis. Isso evidencia que, mesmo fora do âmbito contábil, já se percebe que a fraude contábil não é um fenômeno isolado. Na realidade, trata-se de uma gestão fraudulenta que utiliza a Contabilidade e seus registros como instrumento".
Segundo Gomes, essa distinção é crucial. Isso porque existe o conceito de "Contabilidade Criativa", e recentemente, ao analisar e-mails de um grupo de executivos, Marcelo se deparou com a expressão "esconder os malabarismos contábeis". No fundo, explicou que, o que ocorre, é uma fraude na gestão que se utiliza da Contabilidade para se perpetuar.
Outro mito que persiste é a crença de que o auditor não é responsável por detectar fraudes. Embora essa afirmativa possua um fundo de verdade até certo ponto, a regulamentação atual orienta o auditor independente sobre os procedimentos a serem seguidos durante o planejamento de auditoria para identificação de fraudes.
Contador x fraudes
Ademais, a ideia de que o contador apenas comete fraude sob ordens de superiores ou clientes também é questionável. "É ingênuo acreditar que todos os contadores são virtuosamente éticos. Assim como profissionais de outras áreas, um contador pode, sim, cometer delitos", pontuou Marcelo.
Traçando um paralelo entre fraudes e práticas de governança, Clovis Ailton Madeira destacou a relevância da Lei Anti Corrupção (oficialmente conhecida como Lei nº 12.846/2013) como um marco na luta contra a corrupção no Brasil. Segundo ele, essa legislação definiu parâmetros claros para a responsabilização de atos ilícitos e estabeleceu um novo padrão de governança e compliance nas organizações.
Durante sua fala, Madeira enfatizou que a Lei Anti Corrupção foi fundamental para a criação de um ambiente mais transparente e ético nos negócios. Ele ressaltou que, ao promover a responsabilização de empresas e indivíduos envolvidos em práticas corruptas, a lei contribuiu para a construção de uma cultura de integridade no setor privado e público. "A governança corporativa deve ser vista como uma ferramenta essencial para mitigar riscos de fraudes e garantir a conformidade com as normas estabelecidas", afirmou.
Responsabilidade profissional
Além disso, o Acadêmico da APC abordou a responsabilidade dos novos contadores que estão ingressando no mercado. Para Madeira, esses profissionais têm um papel crucial na diminuição das fraudes e na promoção de práticas contábeis éticas. "Os contadores, ao exercerem suas funções com rigor e responsabilidade, podem ser agentes de transformação, contribuindo para a transparência e a honestidade nas operações financeiras", destacou.
O moderador José Luiz Ribeiro de Carvalho enfatizou que o debate sobre fraudes e a aplicação das leis continua a ser uma questão central nas discussões sobre a governança e o compliance, reafirmando a necessidade de um comprometimento contínuo da Contabilidade na luta contra a corrupção. "A promoção de uma cultura de integridade é indispensável para assegurar que os contadores desempenhem suas funções com responsabilidade e clareza. A adoção de normas e práticas éticas deve ser um pilar no currículo dos cursos de contabilidade, incentivando, desde a formação acadêmica, uma mentalidade crítica em relação a possíveis irregularidades".
“Em um contexto onde a corrupção ainda representa um desafio significativo para a sociedade brasileira, as reflexões dos Acadêmicos Clovis Madeira e Marcelo Gomes, com o apoio de José Luiz Ribeiro servem como um alerta para a continuidade da educação e da ética profissional. A formação de contadores conscientes de seu papel na prevenção de fraudes é, portanto, essencial para a construção de um futuro mais íntegro e justo”, argumentou o presidente da Academia Paulista de Contabilidade-APC, Alexandre Sanches Garcia.
Os principais insights do evento foram:
- A implementação de programas de compliance eficazes nas organizações é uma estratégia que deve ser priorizada. Tais programas não só facilitam a detecção e prevenção de fraudes, mas também cultivam um ambiente de transparência e responsabilidade, inspirando outros setores a adotar posturas semelhantes.
- As instituições contábeis, bem como as entidades de classe da Contabilidade, têm um papel vital na formação contínua de seus profissionais.
- Workshops, seminários e palestras sobre ética e legislação podem ser ferramentas valiosas para atualizar conhecimentos e reforçar a importância da honestidade no exercício da profissão. A troca de experiências e boas práticas entre os contadores também pode contribuir para um cenário mais seguro e confiável.
Os palestrantes destacaram que a sociedade civil deve ser incentivada a participar ativamente desse processo. A conscientização sobre a fiscalização das ações governamentais e corporativas é um passo essencial para a construção de uma cidadania mais engajada e crítica. "Somente através do esforço conjunto de cidadãos, profissionais da Contabilidade, organizações e entidades governamentais será possível avançar na luta contra a corrupção, garantindo um futuro mais ético e transparente para todos".
Perfis dos Acadêmicos:
- Clovis Ailton Madeira é graduado em Administração de Empresas e Ciências Contábeis, possui mestrado em Controladoria e Contabilidade Estratégica pela FECAP. Ele é Conselheiro de Administração e Conselheiro Fiscal certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e tem experiência em empresas de grande porte.
- Marcelo Alcides Carvalho Gomes é bacharel, mestre e doutor em Ciências Contábeis pela FEA-USP. Com experiência como Perito Contador e Contador Forense, Gomes foi professor adjunto da UFRJ e do IBMEC-RJ, além de ter atuado como palestrante e parecerista em temas relacionados à perícia contábil e investigação de fraudes.
Cobertura: Danielle Ruas
Edição: Lenilde PLá de León
De León Comunicações