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APC e CRCSP mostram que governança e Contabilidade caminham lado a lado

A Academia Paulista de Contabilidade-APC e o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo-CRCSP, em ação conjunta, realizaram, no dia 4 de abril, a palestra "O Papel do Contador nos órgãos de Governança Corporativa”, abordando que os princípios nas práticas contábeis, tanto de empresas privadas quanto de órgãos públicos, são de suma importância na Contabilidade, para garanti a ética, a transparência, a responsabilidade e a equidade no tratamento das informações financeiras.

O evento foi transmitido ao vivo pelo canal do CRCSP no YouTube, contando com a presença de quase 700 pessoas, na sala online, que assistiram ao aminado debate entre os Acadêmicos da Academia Paulista de Contabilidade-APC, Clóvis Ailton Madeira -  conselheiro fiscal certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa-IBGC - , e Jerônimo Antunes -, coordenador dos comitês de auditoria das Centrais Elétricas Brasileiras-Eletrobras, Desenvolve SP, Companhia Müller de Bebidas. A Acadêmica Elionor Farah Jreige Weffort, com vasta experiência nas áreas contábil e jurídica, moderou a atividade, ao lado de José Luiz Ribeiro de Carvalho, presidente do Grupo Latino de Estudos das Normas Internacionais de Contabilidade (Glenif).

Na prática, essa foi uma oportunidade para compreender como o contador contribui para o fortalecimento da transparência e integridade nas organizações, garantindo a conformidade legal e as melhores práticas de governança.

Competências

Um dos destaques do evento foi a discussão das habilidades e competências necessárias para exercer a Contabilidade de forma eficaz, considerando as demandas atuais do mercado. “Primeiramente, nós precisamos entender o papel do contador nos órgãos de governança. E, neste sentido, nós precisamos identificar quais são os órgãos de governança onde o contador poderia atuar. Governança é um amplo que foi utilizado muito fortemente a partir da década de 80, nem sempre em um contexto apropriado”, explicou Elionor perguntando aos participantes quais são os principais organismos de governança nas empresas, órgãos públicos e terceiro setor hoje onde o profissional da Contabilidade pode atuar.

O Acadêmico Madeira explicou que a governança permeia todas as atividades das companhias de uma forma geral. “É evidente que na pirâmide da empresa, teremos os níveis onde decisões são mais relevantes, onde há imposição de projetos mais importantes. E aí, neste aspecto, o que temos são os chamados responsáveis pela governança como um todo. Mas, de certa forma, ela permeia toda a atividade empresarial”, disse ele, ressaltando que o contador, neste processo, é o profissional que tem todas as informações do negócio. “Estamos falando de pessoas que têm condições, do ponto de vista teórico e prático, de prover informações para todos os departamentos e atividades, e isso não somente do formato antigo de Contabilidade, no que tange ao registro do passado, afinal cada vez mais as Ciências Contábeis contribuem na análise preditiva, o grande ponto da governança”, disse ele.

Contabilidade, a linguagem dos negócios

Na sequência, o Acadêmico Jerônimo Antunes lembrou que em um passado recente a Contabilidade era vista como “a linguagem universal dos negócios”. E isso não se ouve mais. “Contudo, não podemos  nos esquecer dessa máxima”, enfatizou ele.

Isso porque a Contabilidade, como ciência universal, representa a base para a tomada de decisões estratégicas e gerenciais em uma empresa. Afinal, através da Contabilidade é possível analisar dados financeiros e econômicos que auxiliam na avaliação do desempenho, na identificação de oportunidades de crescimento e na elaboração de planos para o futuro; mas também ela é essencial para o cumprimento de obrigações fiscais e a manutenção da regularidade perante os órgãos reguladores. “Em resumo, a Contabilidade é uma ferramenta fundamental para a gestão eficaz e sustentável de qualquer negócio”, argumentou.

“ E a governança está atrelada a tudo isso. É óbvio que existem níveis diferentes de empresas, em termos de porte, e as pequenas e médias não possuem parâmetros de governança tão bem definidos quanto as grandes corporações, mas a experiência que eu tenho é a seguinte: é fundamental a participação de maneira efetiva de contadores nesses órgãos, quer seja conselhos de administração, ouvidoria, conselho fiscal etc. E, para isso, é preciso estar bem preparado e ter uma visão holística da empresa”, comentou Jerônimo Antunes.

Capacitação profissional

“ O ‘preparo’ para que o profissional atue em governança corporativa se resume a saber lidar com as complexidades e exigências desse ambiente. Para isso, é fundamental adquirir conhecimentos sólidos sobre controles internos, gestão de riscos, ética e compliance. Além disso, estar sempre atualizado em relação às normas, que mudam o tempo todo, é essencial para oferecer um serviço de qualidade  alinhado com as expectativas do mercado. Enfim, a capacitação constante e o aprimoramento técnico são pilares essenciais para o sucesso profissional dos contadores que atuam no âmbito da governança corporativa”, concordaram todos os participantes da sala virtual.

Outro tema em destaque foi a sobrevivência das profissões e, portanto, do contador que atua em governança, frente à inteligência artificial. Clóvis Madeira considera que a atividade contábil sobreviverá a IA Generativa, mas ela passará a ser exercida de forma diferente, utilizando ferramentas e instrumentos próprios para cada época. “A Contabilidade tem a incumbência de ser o repositório de praticamente todas as informações dentro de uma organização. E então as Ciências Contábeis jamais se extinguirão, mas exigirá do profissional o saber lidar com instrumentos que demandem menos esforços mecânicos, e mais capacidade analítica para tomada de decisões”, disse.

Fraudes

A governança corporativa na Contabilidade contribui para a prevenção de fraudes e irregularidades, fortalecendo a credibilidade das demonstrações financeiras perante investidores, acionistas e demais stakeholders. Por isso, na visão dos participantes, é fundamental que as empresas adotem padrões éticos sólidos em suas operações contábeis, promovendo assim a confiança do mercado e a sustentabilidade dos negócios em longo prazo. 

A ética, como guia de ordem e limites, irá conferir consistência e veracidade a tudo o que for definido e acordado.

“Ela nos permite refletir e, acima de tudo, construir e não destruir a sociedade em que vivemos. A ética se manifesta pela vontade de impor ordem e respeito na sociedade, refletida através das ações e práticas diárias”, destaca a Acadêmica Elionor Welffort.

Como ciência, a ética busca orientar a conduta humana. Vez que o objeto da ética é a moral, sendo parte integrante o comportamento das pessoas. Suas premissas básicas visam regular a vida em sociedade para que essa conviva de forma mais harmônica, sendo um dos principais reguladores do desenvolvimento histórico-cultural da humanidade. A atuação dos princípios éticos é tão abrangente que praticamente nenhuma área de atuação escapa a eles, estabelecendo vínculos para o nosso aprimoramento como cidadãos.

Auditoria interna

Ficou evidente, na palestra da APC em conjunto com o CRCSP, e inegável, que um comitê de auditoria desempenha um papel crucial na governança corporativa de uma organização.

Como sua função primordial é garantir a transparência, integridade e conformidade das operações da empresa, ele atua como um órgão independente que supervisiona as atividades de auditoria interna e externa, fornecendo uma camada adicional de proteção e assegurando que os interesses de todas as partes sejam atendidos de forma ética.

“Se as empresas pudessem, elas colocariam todas as atividades para serem submetidas pelo Comitê de Auditoria. Eu observo, nos Conselhos de Administração, por exemplo, uma composição de conselheiros bem heterogêneos, com formação em Química, Engenharia, Direito, Finanças, Administração e Contabilidade. Quando há um problema que entre no escopo das limitações da auditoria, tanto interna quanto externa, qual desses profissionais é chamado para resolver? É o contador, o especialista que está ali no Comitê de Auditoria assessorando o Conselho”, explica Jerônimo Antunes.

O que se concluiu do enriquecedor debate é que “todas as relações, sejam elas simples ou ligadas a negócios, é essencial que haja parâmetros de respeito e organização. E assim, para que tais fundamentos sejam verdadeiramente praticados, é de suma importância que a ética esteja contida em cada indivíduo envolvido, independentemente da atividade a ser executada”,  afirmou José Luiz Ribeiro de Carvalho, presidente do Grupo Latino de Estudos das Normas Internacionais de Contabilidade (Glenif), encerrando a atividade.

O debate está disponível, na íntegra , no canal do CRCSP no YouTube.

Texto: Danielle Ruas

Edição: Lenilde Plá de León

De León Comunicações.