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Academia Paulista de Contabilidade e CRCSP debatem Sustentabilidade na COP-30

A  Academia Paulista de Contabilidade -APC realizou uma transmissão ao vivo sobre os desafios e preparações dos profissionais contábeis sobre os temas a serem trabalhados na COP-30, que acontece em Belém/PR , de 10 a 21 deste mês, em parceria com o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo –CRCSP. O evento, que teve como tema central "A Contabilidade na COP-30: Desafios e Preparação dos Contadores para o OCPC-10", ocorreu no dia 12 de novembro, e foi  conduzido por Alexandre Sanches Garcia, presidente da APC, com a participação do especialista Eduardo da Silva Flores, coordenador técnico do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade -CBPS.

A OCPC 10 trata da contabilização de créditos de carbono, permissões de emissão (allowances) e créditos de descarbonização (CBIOs) para companhias abertas. A norma estabelece diretrizes obrigatórias para o reconhecimento, a mensuração e a divulgação desses ativos, buscando garantir a consistência nas demonstrações financeiras. 

Durante a apresentação, Alexandre Sanches Garcia destacou a importância da Contabilidade no contexto das mudanças climáticas e as novas exigências de transparência. "Estamos diante de um novo cenário onde a Contabilidade precisa se adaptar às demandas de relato sustentável. O OCPC-10 é um passo importante para que os profissionais da área possam mensurar e divulgar informações relevantes sobre sustentabilidade", afirmou Garcia. Ele também abordou a construção da norma OCPC-10 e suas implicações para a prática contábil no Brasil.

Eduardo da Silva Flores trouxe uma perspectiva internacional ao discutir as normas de relato sustentável e os impactos do OCPC-10. "Essa norma não cria novos conceitos, mas orienta a aplicação dos CPCs existentes, facilitando a compreensão de como as informações socioambientais devem ser tratadas nas demonstrações financeiras", explicou Flores. Ele enfatizou a relevância do entendimento dos agentes envolvidos, como originadores e intermediários, para uma Contabilidade eficaz no contexto de sustentabilidade.

A mediação do evento foi feita por Wander Pinto, vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CRCSP, que lembrou a importância da participação ativa dos presentes nas atividades extra-curriculares das Entidades Congraçadas da Contabilidade do Estado de São Paulo.

A palestra também abordou que a implementação do OCPC-10 deverá ocorrer em um ambiente de constante revisão e adaptação, visto que as normas e as expectativas do mercado em relação à sustentabilidade estão evoluindo rapidamente. Garcia ressaltou que os contadores devem se preparar para essas mudanças, realizando não apenas a capacitação técnica, mas também adotando uma postura proativa na busca por informações confiáveis que possam suportar suas práticas contábeis.

 

Flores, por sua vez, complementou afirmando que o engajamento dos contadores com as práticas de sustentabilidade é crucial para a construção de um futuro sustentável e para a valorização das empresas no mercado. "A Contabilidade, além de ser uma função de apoio, também é componente central na estratégia de negócios que visa promover a sustentabilidade e a responsabilidade social", afirmou Eduardo.

A iniciativa, parte do programa Parceria Entidades Congraçadas, reafirma o compromisso da APC e do CRCSP com a atualização técnica e o engajamento dos profissionais em um cenário econômico que valoriza a sustentabilidade. A transmissão gratuita, contou com a presença de mais de 700 pessoas ao vivo entre profissionais e estudantese dá a possibilidade de emissão de certificados para aqueles que acompanharam ao vivo e validaram a presença.

Os principais insights do evento foram:

  • A OCPC 10 não cria conceitos novos, mas interpreta os CPCs existentes para o tratamento contábil de créditos de carbono;
  • O escopo da norma abrange a originação, negociação, aposentadoria dos créditos e descarbonização;
  • Há diferenças no tratamento contábil entre originador, intermediário e usuário final dos créditos;
  • A norma também aborda o reconhecimento de passivos relacionados a compromissos voluntários de redução de emissões;
  • Empresas devem analisar seu modelo de negócios com créditos de carbono e adotar o tratamento contábil adequado;
  • Divulgações nas demonstrações financeiras são importantes para refletir de forma fidedigna as transações envolvendo créditos de carbono;
  • E, para os profissionais contábeis, é fundamental acompanhar a regulamentação do mercado de carbono no Brasil, pois pode gerar obrigatoriedade para alguns setores.

As empresas que se adaptarem a essas novas normativas não apenas contribuirão para a sustentabilidade ambiental, mas também estarão melhor posicionadas no mercado, atraindo investidores e consumidores que valorizam práticas responsáveis. A integração das questões de sustentabilidade nas operações contábeis permite que as organizações não apenas cumpram com exigências regulatórias, mas também identifiquem oportunidades de redução de custos e aumento de eficiência.

Após a apresentação, o evento abriu espaço para um debate dinâmico, onde os participantes puderam fazer perguntas e compartilhar experiências em relação à contabilidade sustentável e às suas próprias adaptações às novas exigências normativas. O diálogo ressaltou que, apesar dos desafios, há uma crescente conveniência e necessidade nas empresas de incorporarem práticas de relato sustentável em suas operações diárias.