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Patronos

Academia Paulista de Contabilidade

 

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    Paulino Baptista Conti


    Paulino Baptista Conti integrou a 1ª Turma de Ciências Econômicas da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), graduando-se em 1934, período marcante para a consolidação do ensino superior em Economia no Estado de São Paulo.

    Atuou na administração pública paulistana, onde ocupou o cargo de Chefe da Divisão de Contabilidade da Prefeitura Municipal de São Paulo, destacando-se pelo rigor técnico e pela modernização de processos contábeis. Posteriormente, exerceu a função de Secretário das Finanças do Município, contribuindo para o desenvolvimento institucional da gestão financeira da cidade.

    Entre 1961 e 1964, foi Diretor Presidente da Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), comandando ações administrativas em um dos períodos de maior expansão dos serviços de transporte público de São Paulo.

    É reconhecido como fundador da Ordem dos Economistas do Brasil, entidade precursora das discussões técnicas da classe e estruturada com o objetivo de promover o estudo, a valorização e o exercício profissional da Economia.

    Ao lado de Francisco Catalano Júnior, foi também sócio da SOTECA – Sociedade Técnica de Contabilidade e Administração, organização pioneira dedicada à consultoria contábil, administrativa e econômica.

  • 2

    Frederico Herrmann Júnior


    Frederico Herrmann Júnior foi um dos nomes mais influentes da história da Contabilidade e da Economia no Brasil, tendo atuado de forma marcante no magistério, no serviço público e na organização das entidades profissionais. Professor da tradicional Escola de Comércio Álvares Penteado, da Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo e da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas do Rio de Janeiro, formou gerações de contadores e economistas e contribuiu decisivamente para o desenvolvimento técnico e científico dessas áreas no país.

    Em 1919, participou da fundação do Instituto Paulista de Contabilidade — entidade que viria a ser o atual Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP) — integrando sua primeira diretoria. Posteriormente, presidiria o Sindicato em três gestões, nos anos de 1924, 1928 e 1932, consolidando sua liderança e influência na organização da classe contábil paulista.

    Foi fundador e presidente da Ordem dos Economistas de São Paulo, destacando-se igualmente entre os pioneiros da institucionalização da profissão econômica no país. Em 1931, ao lado de Pedro Pedreschi e Iris Miguel Rotundo, estabeleceu a que é reconhecida como a primeira firma de serviços contábeis de que se tem registro no Brasil, sob a razão social Herrmann, Pedreschi & Cia.. Após sua dissolução, fundou com Paulino Baptista Conti a SOTECA – Sociedade Técnica de Contabilidade e Auditoria, uma das organizações profissionais mais importantes de sua época.

    No serviço público, exerceu o cargo de Diretor do Departamento de Fazenda do Município de São Paulo, contribuindo para o aprimoramento da gestão financeira e administrativa da capital paulista.

    Reconhecido como um dos mais relevantes escritores contábeis brasileiros, deixou vasta produção intelectual, sendo autor dos livros:

    Análise Econômica e Financeira do Capital das Empresas

    Organização Econômica e Financeira das Empresas Industriais

    Funções Específicas dos Municípios

    Ritmos Econômicos

    Sua obra, pioneira e abrangente, influenciou decisivamente o pensamento contábil e econômico brasileiro, consolidando Frederico Herrmann Júnior como uma das figuras mais expressivas e respeitadas da história da profissão.

  • 3

    Mílton Improta


    Milton Improta foi um destacado economista, líder público e figura de grande relevância para a história política e institucional de São Paulo. Sócio Benemérito do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), marcou sua trajetória pelo compromisso com o serviço público, pela atuação intelectual e pela contribuição ao desenvolvimento econômico e administrativo do país.

    Como homem público, exerceu o cargo de Prefeito de São Paulo, governando a capital paulista entre 26 de agosto de 1948 e 3 de janeiro de 1949. Seu período à frente do Executivo municipal foi reconhecido pela firmeza administrativa e pela defesa da eficiência na gestão pública, valores que acompanhou por toda a vida.

    Após seu falecimento, Milton Improta tornou-se o primeiro titular imortalizado na Cátedra 15 da Academia Nacional de Economia, cujo patrono é João Pedro da Veiga Filho. Esse reconhecimento simboliza sua importância no cenário econômico nacional e sua contribuição duradoura ao pensamento e às instituições brasileiras.

    Em homenagem à sua memória e legado, seu nome foi atribuído a logradouros públicos na cidade de São Paulo, incluindo a Rua Milton Improta, bem como à EMEI Professor Milton Improta, reafirmando sua presença na história educacional e urbana da capital.

    A trajetória de Milton Improta permanece como exemplo de dedicação ao setor público, ao desenvolvimento econômico e ao fortalecimento das instituições, consolidando seu nome entre as personalidades de maior relevância histórica no campo econômico e administrativo brasileiro.

  • 4

    Henrique Dante d`Áuria


    Henrique Dante d’Áuria foi uma figura de destaque na administração pública paulista, reconhecido por sua sólida trajetória na área contábil e financeira. Nascido em 1902 e falecido em 1973, deixou importante legado como servidor público, gestor e liderança técnica em instituições estratégicas do Estado de São Paulo.

    Atuou como Contador Geral do Estado na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, posição de elevada responsabilidade, na qual contribuiu para o aprimoramento dos processos contábeis e da gestão financeira do setor público paulista. Também desempenhou funções relevantes junto à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, reforçando sua atuação como técnico altamente qualificado no âmbito governamental.

    Em sua carreira, integrou ainda o Conselho Fiscal da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA, uma das mais importantes empresas estatais da época, participando da fiscalização e do acompanhamento de suas atividades econômicas e financeiras.

    Em 1962, sua atuação na Secretaria da Fazenda ganhou destaque, consagrando-o como uma das referências na Contabilidade Pública do Estado.

    Sua contribuição ao serviço público e à Contabilidade foi reconhecida por diversas instituições, e sua memória permanece preservada também no espaço urbano: Henrique Dante d’Áuria foi homenageado com a denominação de uma rua na cidade de São Paulo, perpetuando seu nome no cenário da capital paulista.

    Henrique Dante d’Áuria integra o conjunto de Patronos que representam a base histórica, técnica e ética da profissão contábil paulista, sendo lembrado por sua integridade, competência e dedicação ao interesse público.

  • 5

    Januário Sylvio Pezzotti


    Januário Sylvio Pezzotti foi um destacado contador, jurista, educador e líder comunitário, cuja trajetória marcou profundamente a história educacional e profissional da cidade de Rio Claro e da Contabilidade paulista. Formou-se Contador em dezembro de 1943, pelo Instituto Comercial de Rio Claro, e concluiu o curso de Ciências Jurídicas e Sociais em dezembro de 1973, pela Faculdade de Direito de São Carlos, ampliando sua formação técnica e humanística.

    Jornalista e Vereador em Rio Claro, Pezzotti exerceu importante papel cívico e comunitário, contribuindo ativamente para o desenvolvimento político e institucional do município.

    Sua carreira acadêmica foi extensa e sólida. Atuou como professor do Colégio Comercial “Prof. Arthur Bilac”, em Rio Claro, entre 1944 e 1975, lecionando disciplinas fundamentais como Direito Usual, História Econômica e Administrativa do Brasil, Contabilidade Geral, Contabilidade Pública, Contabilidade Industrial e Estrutura e Análise de Balanços. Entre 1965 e 1971, foi preletor de Ensino Funcional e Metodologia de Classe-Empresa em seminários da Diretoria de Ensino Comercial do Ministério da Educação.

    Na docência superior, foi vice-diretor e professor na Faculdade de Ciências Contábeis de Rio Claro, entre 1971 e 1993, ministrando Contabilidade Geral, Contabilidade Comercial, Auditoria e Análise de Balanços. Posteriormente, lecionou Auditoria e Análise de Balanços na Faculdade Clarentinas de Rio Claro, entre 1996 e 2000.

    Sua atuação em entidades e instituições públicas foi igualmente expressiva. Pezzotti desempenhou funções na Secretaria Municipal de Finanças de Rio Claro e foi Delegado do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo-CRCSP. Também participou ativamente da Associação Profissional dos Contabilistas de Rio Claro, Associação Predial de Rio Claro, Loja Capitular Estrela do Rio Claro, Assembleia Estadual do Grande Oriente de São Paulo, Assembleia Legislativa do Grande Oriente Brasil e do Grupo Ginástico Rioclarense, sempre com forte presença comunitária e institucional.

    Como reconhecimento à sua contribuição para a educação, a administração pública e a profissão contábil, seu nome foi atribuído à Escola Estadual Prof. Januário Sylvio Pezzotti, em Rio Claro, perpetuando sua memória e seu legado.

    A vida e a obra de Januário Sylvio Pezzotti representam um exemplo de dedicação à Contabilidade, ao Direito, à educação e à cidadania, fazendo dele uma personalidade de referência entre os Patronos da Academia.

  • 6

    Coriolano Mugnaini Martins


    Coriolano Mugnaini Martins foi um destacado Contador e Economista, cuja atuação deixou contribuições marcantes para a educação comercial, para o pensamento econômico e para a vida pública paulista. Figura de reconhecida liderança profissional, acadêmica e política, integrou a geração pioneira que consolidou a Contabilidade e a Economia como campos estruturados de conhecimento no Brasil.

    Exerceu a vice-presidência do Instituto Paulista de Contabilidade (atual Sindcont-SP) nas gestões de 1930 e 1931, período em que a entidade ainda se firmava como o mais relevante núcleo de organização da classe contábil paulista. Sua atuação institucional contribuiu para a formação de bases sólidas de representação e valorização da profissão.

    Como educador, lecionou na tradicional Escola de Comércio Álvares Penteado, atual FECAP, uma das instituições mais antigas e respeitadas na formação de contadores e economistas no país. Sua presença no corpo docente contribuiu para o fortalecimento do ensino comercial e contábil no Estado de São Paulo.

    Coriolano Mugnaini Martins foi também um prolífico autor, deixando vasta produção bibliográfica que influenciou gerações de profissionais e estudantes. Entre suas principais obras destacam-se:

    Sciências Economicas (1929)

    Matemática Financeira (1927)

    Livro 2 – Moeda e Crédito, integrante da Coleção Biblioteca do Economista, publicada pela Editora Atlas

    Sua escrita, técnica e pioneira, ajudou a disseminar conceitos fundamentais de economia, finanças e contabilidade em uma época em que a literatura especializada nacional ainda era escassa.

    Na vida pública, teve atuação relevante como Deputado pelo PTB, integrando a Câmara Legislativa em 1950, onde contribuiu para debates e iniciativas ligadas ao desenvolvimento econômico e institucional do Estado de São Paulo.

    Em reconhecimento à sua vida de serviços, seu nome foi atribuído a uma Rua no bairro do Butantã, em São Paulo, perpetuando sua memória na cidade que acolheu grande parte de sua trajetória profissional e intelectual.

    Coriolano Mugnaini Martins permanece como uma das figuras referenciais da história contábil e econômica paulista, reunindo em sua trajetória a competência técnica, o engajamento institucional, o compromisso educacional e a participação cívica que caracterizam os grandes Patronos da Academia.

  • 7

    Carmello Mancuso Sobrinho


    Carmello Mancuso Sobrinho foi um respeitado Contabilista, cuja trajetória profissional e pessoal marcou a história da classe contábil paulista e instituições públicas e privadas de grande relevância. Nascido em 28 de agosto de 1912, filho de Biagio Mancuso e Assunta Giorgi, construiu carreira sólida e diversificada, sempre pautada pela competência técnica e pela dedicação ao serviço.

    Participou da Diretoria do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, entidade pela qual contribuiu para o fortalecimento e a organização da categoria em um período de importante evolução profissional. Sua atuação institucional consolidou seu nome entre os líderes representativos da classe contábil.

    No âmbito corporativo, exerceu funções de grande responsabilidade, tendo sido Contador Geral da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA, em 1967, uma das maiores indústrias do setor siderúrgico no país. Atuou também como Contador da Fundação Bienal de São Paulo, instituição cultural de projeção internacional, demonstrando versatilidade técnica e capacidade de gestão em ambientes complexos.

    Sua relação com a vida pública estendeu-se à participação política, tendo sido candidato a Deputado Estadual pelo PRP, o que evidencia seu interesse pela esfera cívica e pela defesa de causas ligadas ao desenvolvimento social e institucional.

    Carmello Mancuso Sobrinho também atuou como membro de Conselhos Fiscais, contribuindo com sua experiência e visão técnica para a governança de importantes organizações.

    Casou-se com Maria Concetta Russo em 26 de dezembro de 1934, com quem constituiu sua família. Faleceu em 14 de setembro de 1999, aos 87 anos, deixando trajetória exemplar de dedicação à Contabilidade, à sociedade e às instituições às quais serviu.

    Seu legado permanece vivo entre os profissionais da Contabilidade e na memória institucional paulista, como parte do grupo de Patronos cuja história sustenta e inspira as novas gerações.

  • 8

    José da Costa Boucinhas


    José da Costa Boucinhas foi um dos mais influentes Contadores e líderes intelectuais da Contabilidade brasileira, com atuação decisiva na docência universitária, na organização da classe contábil, na pesquisa e na prestação de serviços profissionais em auditoria e consultoria.

    Doutor e professor da Universidade de São Paulo (USP), destacou-se na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP), onde introduziu, a partir da década de 1960, um método didático de inspiração norte-americana no ensino da Contabilidade, contribuindo para a transição do enfoque tradicional de escola italiana para uma abordagem mais alinhada às práticas internacionais. Foi chefe do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA-USP no período de 1º/9/1968 a 1º/2/1970, consolidando uma fase de renovação acadêmica e fortalecimento da pesquisa contábil no país.

    No campo institucional, foi o primeiro Presidente da Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo – Fecontesp, em 1948, liderando a entidade recém-fundada na representação estadual da classe contábil e na articulação com os Sindicatos de Contabilistas do interior e da capital. Posteriormente, presidiu o Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, no ano de 1975, exercendo novamente papel central na defesa e valorização da profissão.
    No ambiente associativo mais amplo, José da Costa Boucinhas foi Presidente do Rotary Club de São Paulo, na gestão 1960–1961, reforçando sua atuação cívica e comunitária.

    Sua contribuição ao mercado de serviços profissionais foi igualmente marcante. Em 1947, ao lado de Eduardo Sampaio Campos, fundou a firma Boucinhas & Campos, uma das primeiras e mais tradicionais organizações brasileiras de auditoria e consultoria contábil. Essa firma, posteriormente, deu origem à atual Boucinhas, Campos & Conti Auditores Independentes, resultante da integração com a Soteconti, fundada pelos professores Paulino Baptista Conti e Frederico Herrmann Jr., mantendo até hoje uma longa tradição em auditoria, consultoria tributária, societária e de negócios. boucinhasconti.com Também está na origem da atual Boucinhas & Co., organização de consultoria estratégica e compliance que reivindica sua fundação em 1947 por José da Costa Boucinhas e Eduardo Sampaio Campos, consolidando um legado empresarial de mais de sete décadas de atuação.
    Reconhecido como um dos grandes formuladores do ensino contábil moderno no Brasil, Boucinhas influenciou diretamente a elaboração de obras didáticas de referência – entre elas, a “Contabilidade Introdutória”, escrita por um grupo de professores da FEA-USP e amplamente adotada em faculdades de Contabilidade em todo o país.

    Por sua intensa dedicação à profissão, à educação e às entidades representativas, recebeu diversas homenagens. Na cidade de São Paulo, seu nome foi atribuído à Praça José da Costa Boucinhas, localizada no bairro do Bom Retiro, perpetuando sua memória no espaço urbano da capital. No campo educacional, foi homenageado com a denominação da Escola Estadual “Professor José da Costa Boucinhas”, em Guarulhos, instituição da rede pública estadual que leva adiante, simbolicamente, seu compromisso com a formação e a cidadania.

    Entre a atuação acadêmica, a liderança sindical, o empreendedorismo em auditoria e consultoria e a inovação no ensino contábil, José da Costa Boucinhas consolidou-se como uma referência histórica da Contabilidade brasileira, justificando plenamente sua condição de Patrono e exemplo para as novas gerações de profissionais.

  • 9

    Annibal de Freitas


    Annibal de Freitas foi um dos mais destacados líderes institucionais da Contabilidade brasileira, cuja trajetória se confunde com a organização, o fortalecimento e a modernização das entidades representativas do setor de serviços contábeis no Estado de São Paulo e no país. Sua atuação firme, contínua e visionária consolidou marcos importantes da vida associativa e sindical das empresas de contabilidade, assessoramento, perícias e serviços correlatos, fazendo dele uma das figuras mais influentes da profissão ao longo do século XX.

    Profissional dedicado, empreendedor e profundamente comprometido com as causas coletivas, Annibal de Freitas tornou-se referência pela capacidade de articulação e pela visão estratégica com que conduziu diversas instituições. No Sescon-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado de São Paulo), exerceu a Presidência em cinco mandatos – 1958-1960, 1963-1964, 1965-1967, 1969-1972 e 1984-1987 – protagonizando importantes avanços em defesa das empresas de serviços contábeis e na profissionalização da representação sindical patronal no setor.

    Paralelamente, comandou a Aescon-SP, entidade irmã do Sescon-SP, que reúne empresas de serviços contábeis, em três gestões (1964-1966, 1969-1972 e 1984-1987), reforçando a interlocução com o poder público, promovendo a integração das organizações do segmento e contribuindo para a elevação do nível técnico e gerencial das empresas.

    Seu papel mais emblemático, entretanto, projetou-se em âmbito nacional. Em 1991, na sede do Sescon-SP, durante um movimento de consolidação institucional das entidades representativas do setor, nascia a Fenacon – Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis, de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas, e Annibal de Freitas foi eleito seu primeiro Presidente, conduzindo a nova Federação no período de estruturante formação e posicionamento nacional. Sob sua liderança, a Fenacon iniciou uma trajetória de afirmação como órgão de integração das empresas de serviços contábeis em todo o Brasil.

    Sua contribuição, contudo, ultrapassou o universo das entidades patronais. Annibal de Freitas dedicou-se igualmente às instituições que representam os profissionais da Contabilidade. Foi Presidente da Fecontesp (Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo) entre 1977 e 1980, período em que fortaleceu a unidade dos Profissionais da Contabilidade e ampliou a presença da categoria nas discussões de interesse público. Antes disso, atuou como diretor do Sindcont-SP (Sindicato dos Contabilistas de São Paulo) em 1963-1964, colaborando para o desenvolvimento de uma das entidades mais antigas da classe contábil no país.

    No âmbito da regulamentação profissional, exerceu importantes funções em órgãos de classe. Foi Conselheiro do CFC (Conselho Federal de Contabilidade), como representante do estado de São Paulo, de 1984 a 1987, contribuindo para o debate normativo nacional. Também desempenhou duas gestões como Conselheiro do CRCSP (Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo), nos períodos de 1962 e 1962-1964, participando ativamente da organização e aprimoramento institucional do Conselho.

    Por sua trajetória exemplar, pela persistência em favor da valorização das empresas e dos profissionais da Contabilidade, e pelo caráter profundamente associativista de sua vida pública, Annibal de Freitas recebeu diversas distinções. Entre elas, destaca-se a Medalha Joaquim Monteiro de Carvalho, conferida em 1996, um dos mais significativos reconhecimentos concedidos aos que se dedicam de maneira extraordinária à causa contábil.

    A vida e a obra de Annibal de Freitas representam um capítulo fundamental da história da Contabilidade paulista e brasileira. Sua passagem pelas entidades de classe, sua liderança pioneira na criação da Fenacon e sua incansável atuação em defesa da organização profissional fazem dele não apenas um dirigente memorável, mas um verdadeiro Patrono da Contabilidade, cujo legado continua a inspirar gerações de líderes e profissionais.

  • 10

    Hirondel Simões Luders


    Hirondel Simões Luders ocupa lugar destacado na história da educação contábil e econômica brasileira, sendo reconhecido como um dos pioneiros na formação superior em Administração e Finanças no país e um protagonista da consolidação da pesquisa acadêmica em Contabilidade no Brasil. Sua trajetória combina sólida formação, contribuição decisiva ao ensino universitário e um marco histórico que o coloca entre os grandes nomes da FEA-USP e da evolução do pensamento contábil nacional.

    Graduou-se Bacharel em Ciências Econômicas no curso superior de Administração e Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP, integrando a 1ª turma desta formação estruturada, que marcou época ao inaugurar um patamar elevado de estudos em economia aplicada e gestão empresarial no Brasil. Seu percurso acadêmico precoce demonstra a vocação para o estudo rigoroso e a compreensão ampla dos fenômenos econômicos e societários, características que marcariam toda a sua carreira.

    Sua relação com a Universidade de São Paulo consolidou-se ao ingressar no corpo docente da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP), instituição na qual se tornaria referência por sua atuação dedicada e por seu forte compromisso com a profissionalização e o avanço científico da área contábil. Na FEA-USP, Hirondel Simões Luders contribuiu significativamente para os primeiros movimentos de incorporação da pesquisa acadêmica sistematizada aos estudos contábeis, em um período em que a Contabilidade ainda buscava ampliar sua legitimidade no ambiente universitário.

    Esse protagonismo culminou em um marco histórico: em 30 de abril de 1962, Hirondel Simões Luders tornou-se autor da primeira defesa de doutorado em Contabilidade no Brasil, realizada na FEA-USP. Trata-se de um dos acontecimentos mais relevantes da trajetória acadêmica da Contabilidade brasileira, pois representou a efetiva abertura de um caminho para a produção científica de alto nível no país, estabelecendo um precedente fundamental para o desenvolvimento posterior dos programas de pós-graduação da área.

    Sua contribuição acadêmica, didática e institucional marcou gerações de estudantes e professores. O reconhecimento à sua obra e ao seu papel pioneiro foi registrado de maneira perene pela Faculdades Oswaldo Cruz, que homenageou seu legado ao atribuir seu nome ao Auditório Professor Hirondel Simões Luders — um tributo que simboliza o impacto transformador de sua carreira e o respeito conquistado no meio educacional.

    A vida e o trabalho de Hirondel Simões Luders refletem o espírito dos grandes Patronos da Contabilidade: pioneirismo, rigor intelectual, dedicação à docência, amor à pesquisa e contribuição efetiva para o fortalecimento da profissão. Sua trajetória permanece como referência para a academia e para todos que valorizam a evolução científica da Contabilidade no Brasil.

  • 11

    José Caetano dos Santos Mascarenhas


    José Caetano dos Santos Mascarenhas figura entre os nomes mais significativos da história inicial da Contabilidade paulista, destacando-se como profissional, educador e líder classista em um período decisivo para a organização da profissão no Brasil. Sua trajetória reflete pioneirismo, dedicação ao ensino e contribuição efetiva para o desenvolvimento técnico e institucional da Contabilidade no início do século XX.

    Reconhecido como Associado nº 1 do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), José Caetano dos Santos Mascarenhas participou ativamente da formação e consolidação da entidade, tornando-se uma das figuras mais emblemáticas do movimento associativo contábil. Seu envolvimento constante na organização e defesa da classe demonstra a importância que atribuía à união, ao fortalecimento institucional e ao reconhecimento social do Profissional da Contabilidade.

    Na esfera pública, destacou-se já na década de 1920, quando atuou de forma proeminente na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, contribuindo para processos de modernização administrativa e para o aprimoramento das práticas de escrituração e controle no setor público paulista, num momento em que o Estado passava por significativas transformações estruturais.

    Sua vocação para o ensino manifestou-se cedo e de maneira marcante. Foi Professor do Mackenzie College e da Escola de Comércio, instituições de grande relevância na formação de contabilistas e empresários no período. Além disso, exerceu funções de direção educacional como Diretor do Liceu Eduardo Prado, contribuindo diretamente para o aperfeiçoamento pedagógico e a qualificação do ensino comercial e contábil. Sua atuação acadêmica ajudou a formar gerações de profissionais, em um momento em que a educação comercial ganhava corpo e importância no cenário paulista.

    Como intelectual e estudioso da área contábil, José Caetano dos Santos Mascarenhas editou livros, participou de eventos e contribuiu de forma expressiva para o debate técnico. Sua tese “Métodos de Escrituração”, de forte conteúdo doutrinário e voltada à sistematização da Contabilidade, alcançou excepcional repercussão durante o 1º Congresso de Contabilidade, realizado no Rio de Janeiro, consolidando-o como referência técnica entre seus pares e reforçando sua reputação como pensador e formulador em uma época de efervescência conceitual da profissão.

    O reconhecimento público e institucional por sua obra e dedicação foi amplo. Na cidade de São Paulo, seu nome foi atribuído a uma rua, perpetuando sua memória no espaço urbano da capital. No âmbito profissional, recebeu o título de Contabilista Emérito do Sindcont-SP, em 1973, uma das mais significativas homenagens concedidas pela entidade a seus membros mais notáveis.

    A trajetória de José Caetano dos Santos Mascarenhas representa um elo fundamental na construção da identidade contábil paulista e brasileira. Pioneiro, educador, intelectual e líder, tornou-se exemplo de dedicação ao aprimoramento técnico e à valorização da profissão. Sua vida e obra justificam plenamente sua condição de Patrono, inspirando as atuais e futuras gerações de profissionais da Contabilidade.

  • 12

    Antonio Ítalo Zanin


    Antonio Ítalo Zanin inscreveu seu nome na história da educação comercial e contábil paulista como um dos grandes formadores de gerações de profissionais em Piracicaba e região. Sua atuação como educador, dirigente escolar e referência comunitária consolidou um legado marcante, que permanece vivo tanto na memória institucional quanto nas homenagens que perpetuam seu trabalho.

    Filho do imigrante italiano Pedro Zanuardo Zanin, figura também histórica no cenário educacional piracicabano, Antonio Ítalo Zanin cresceu em ambiente profundamente ligado à formação profissional e ao ensino comercial. Seu pai, além de atuar como guarda-livros da Usina Monte Alegre, ministrava aulas particulares e, em parceria com o colega Adolpho Carvalho, fundou em 12 de outubro de 1913 o Curso Commercial “Christovam Colombo”. A instituição, pioneira na cidade, tornou-se um dos mais importantes polos de formação em Contabilidade do interior paulista, firmando tradições educacionais que seriam posteriormente ampliadas e consolidadas por seu filho.

    Imerso nesse contexto, Antonio Ítalo Zanin dedicou-se desde cedo à educação. A partir de 1936, passou a exercer as funções de Secretário e Diretor da Escola Técnica de Comércio Cristóvão Colombo, sucessora do curso criado por seu pai. Em mais de três décadas de atuação, tornou-se responsável por modernizar e fortalecer a escola, ampliando sua relevância regional e formando centenas de jovens para o exercício profissional contábil e comercial. Sua gestão, marcada por rigor acadêmico, disciplina, proximidade com a comunidade e profundo compromisso com o desenvolvimento humano, foi fundamental para transformar a instituição em um verdadeiro centro de excelência do ensino comercial no interior do Estado.

    Antonio Ítalo Zanin destacou-se também pelo protagonismo na organização da classe contábil de Piracicaba, tendo influenciado diversas gerações de profissionais e contribuído para o fortalecimento da identidade contábil local. Seu nome tornou-se tão representativo que, em 2001, o Sindicato dos Contabilistas de Piracicaba instituiu oficialmente a Medalha de Ordem do Mérito Contábil “Professor Antonio Ítalo Zanin”, destinada a homenagear Contabilistas que tenham se destacado no exercício da profissão ou prestado relevantes serviços à classe e à ciência contábil. A distinção perpetua sua memória e reconhece o valor de sua contribuição como educador e líder comunitário.

    O município de Piracicaba igualmente registrou seu reconhecimento ao atribuir o nome Rua Antonio Ítalo Zanin a uma via da cidade, tornando perene a presença de sua história no cotidiano urbano.

    Antonio Ítalo Zanin faleceu em 1967, aos 55 anos, encerrando precocemente a vida de um educador que dedicou sua trajetória ao ensino e à valorização da Contabilidade. Ainda assim, seu legado permanece vigoroso, sustentado pela influência de sua atuação e pelas inúmeras homenagens que celebram sua contribuição.

    Sua vida exemplifica o espírito dos grandes Patronos: compromisso com a educação, dedicação à formação de profissionais e profundo enraizamento em sua comunidade. Antonio Ítalo Zanin permanece como referência ética, acadêmica e humana, inspirando a continuidade da tradição contábil que ajudou a construir.

  • 13

    Joaquim Monteiro de Carvalho


    Joaquim Monteiro de Carvalho foi um dos mais visionários líderes da Contabilidade paulista e brasileira, cuja atuação destacou o papel estratégico do Profissional da Contabilidade na alta administração das empresas, muito antes que esse reconhecimento se tornasse amplamente difundido. Seu pensamento avançado, sua dedicação ao magistério e seu protagonismo institucional o consolidaram como figura essencial na construção das bases normativas, éticas e organizacionais da profissão no século XX.

    Contador, auditor e professor, Joaquim Monteiro de Carvalho exerceu sua atividade profissional em múltiplas frentes com exemplar competência técnica e espírito inovador. Seu trabalho em empresas, sua atuação docente e sua presença nos debates da época contribuíram decisivamente para a valorização da Contabilidade como ciência aplicada e instrumento de gestão. Em um momento em que o País se industrializava e a administração moderna ganhava relevância, sua visão pioneira ajudou a posicionar o contador como agente central no processo de tomada de decisões e no desenvolvimento empresarial.

    Sua contribuição institucional é igualmente notável. Joaquim Monteiro de Carvalho foi um dos fundadores do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRCSP), em 1951, tendo exercido a Presidência da entidade como seu segundo presidente. Nesse período, colaborou intensamente para consolidar o Conselho recém-criado, estruturando suas funções fiscalizadoras, formativas e representativas, e ajudando a firmar os pilares que sustentam até hoje o sistema de regulação profissional da Contabilidade no Brasil.

    Sua capacidade de liderança estendeu-se também ao segmento empresarial da Contabilidade. Foi um dos fundadores do Sescon-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas), entidade que se tornaria referência nacional na defesa das empresas contábeis e na profissionalização dos serviços de auditoria, consultoria e assessoria.

    No âmbito técnico-pericial, protagonizou a criação da Apejesp (Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo), fundada em 1957, reforçando a organização da atividade pericial e contribuindo para a qualificação dos profissionais que atuavam junto ao Poder Judiciário. Esse conjunto de iniciativas evidencia seu compromisso com a construção de estruturas institucionais sólidas, representativas e alinhadas às necessidades da profissão e da sociedade.

    O reconhecimento a sua trajetória — marcada por inovação, liderança e zelo pelas instituições contábeis — foi perpetuado de forma significativa: desde 1995, o CRCSP concede a Medalha Joaquim Monteiro de Carvalho, uma das mais tradicionais e respeitadas honrarias da Contabilidade paulista. A premiação, destinada a profissionais que se destacam pela excelência e pelos serviços prestados ao desenvolvimento da área, simboliza a continuidade de seu legado e mantém viva sua contribuição exemplar.

    A vida e a obra de Joaquim Monteiro de Carvalho representam um capítulo fundamental da história da Contabilidade no Brasil. À frente de seu tempo, defensor da elevação do contador ao patamar decisório das organizações e construtor de importantes instituições, consolidou um caminho que inspira e orienta gerações de profissionais. Por isso, permanece reconhecido como verdadeiro Patrono da Contabilidade, referência de ética, liderança e pensamento avançado.

  • 14

    Pedro Ítalo Rigitano


    Pedro Ítalo Rigitano destacou-se como um dos mais influentes líderes da Contabilidade na região de Bauru, construindo ao longo de várias décadas uma trajetória marcada por sólida formação técnica, intensa atuação profissional e dedicação exemplar às entidades representativas da classe contábil. Sua vida profissional reflete o espírito do contador moderno, multifacetado, comprometido com a ética, o desenvolvimento regional e a promoção da ciência contábil.

    Formado Técnico em Contabilidade, Bacharel em Ciências Contábeis e detentor de Licenciaturas em Contabilidade Geral e de Custos, bem como em Contabilidade Governamental e Orçamentária, Pedro Ítalo Rigitano reuniu um conjunto raro de qualificações para sua época. Essa formação abrangente lhe permitiu atuar com competência em diversas áreas, desde a Contabilidade Pública até a Contabilidade Privada, passando pelo ensino, consultoria e auditoria.

    Exerceu múltiplas funções com grande reconhecimento: foi Contador Público Habilitado, Empresário Contábil, Perito Judicial, Auditor Independente, Analista de Balanços, Planejador Contábil e Professor. Sua atuação diversificada contribuiu de forma expressiva para a estruturação de serviços de qualidade na região, e sua presença constante nos debates técnicos ajudou a disseminar boas práticas de gestão e controle.

    A liderança institucional de Pedro Ítalo Rigitano talvez seja seu traço mais marcante. Foi sócio-fundador do Sindicato dos Contabilistas de Bauru, entidade que desempenhou papel fundamental na organização e valorização dos profissionais da cidade e da região. Participou também da fundação do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), uma das mais relevantes organizações da auditoria no país, contribuindo para o desenvolvimento das normas e da prática profissional. Seu espírito de serviço comunitário estendeu-se para além da esfera técnica, sendo também fundador do Lions Clube de Bauru, onde exerceu atuação cidadã e comunitária.

    Sua representatividade ampliou-se com importantes funções públicas e institucionais. Foi Delegado do CRC-SP em Bauru, fortalecendo o relacionamento do Conselho com os profissionais do interior paulista. Exerceu o cargo de Presidente do Sindicato dos Contabilistas de Bauru, de 1969 a 1975, período de grande expansão institucional. Integrou ainda o Conselho de Representantes da Fecontesp (Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo), colaborando para a articulação estadual da categoria. No âmbito local, contribuiu com entidades estratégicas como a Comissão de Desenvolvimento Industrial de Bauru e a Associação Comercial e Industrial de Bauru, ampliando a participação dos contadores em temas de desenvolvimento socioeconômico.

    Além de sua presença nas entidades, Pedro Ítalo Rigitano dedicou-se à difusão de conhecimento técnico como colaborador de diversos jornais, onde publicou artigos, análises e reflexões, contribuindo para a educação financeira e para o entendimento público das práticas contábeis.

    A vida e a obra de Pedro Ítalo Rigitano refletem o perfil de um verdadeiro Patrono da Contabilidade: profissional completo, líder associativo, educador e cidadão comprometido com o progresso de sua comunidade. Sua atuação permanece como referência para os profissionais de Bauru e para todos que reconhecem na Contabilidade uma ciência voltada ao desenvolvimento econômico e ao bem comum.

  • 15

    Antonio Peres Rodrigues Filho


    Antonio Peres Rodrigues Filho figura entre os mais notáveis líderes acadêmicos e institucionais da Contabilidade brasileira, tendo exercido papel pioneiro no desenvolvimento do ensino superior, da pesquisa científica e da regulamentação profissional no país. Sua trajetória reúne excelência técnica, sólida formação, contribuição decisiva para a estruturação da área contábil na Universidade de São Paulo e atuação marcante em diversas entidades representativas da classe contábil e econômica.

    Formou-se Contador em 1931 pelo tradicional Liceu Coração de Jesus, em São Paulo, instituição que formou algumas das primeiras gerações de profissionais de alto nível no estado. Buscando ampliar sua base teórica, concluiu o curso de Ciências Econômicas em 1957, pela Faculdade de Economia, Finanças e Administração de São Paulo, demonstrando desde cedo sua inclinação interdisciplinar entre Contabilidade, Economia e Administração. Em 1960, obteve o título de Doutor em Ciências Contábeis e Atuariais pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo – um marco que o posicionaria entre os mais destacados acadêmicos de sua época.

    Sua atuação no CRCSP (Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo) foi igualmente extensa e expressiva. Foi Conselheiro Efetivo entre 1947 e 1949; Vice-Presidente e Presidente da Comissão de Contas de 1950 a 1952; e atingiu o posto máximo como Presidente do CRCSP, no período de 1954 a 1956. Posteriormente, voltou a colaborar como Membro Suplente Representante na Fecontesp (1978–1980), reforçando seu compromisso com a articulação estadual da profissão.

    Seu reconhecimento no campo econômico também foi notório. Antonio Peres Rodrigues Filho integrou o Conselho Consultivo da Ordem dos Economistas nos anos de 1958, 1960 e 1967 e fez parte do Sindicato dos Economistas de São Paulo em sucessivos triênios (1972–74, 1976–78 e 1980–82), contribuindo para a aproximação entre Contabilidade, Economia e políticas públicas.
    Foi igualmente protagonista da fundação de importantes entidades científicas e profissionais. Em 1947, tornou-se Sócio-Fundador da Associação Brasileira de Criminalística, refletindo seu interesse pela interseção entre contabilidade, perícia e investigação. Também esteve entre os fundadores do IBAI, do IAIB (instituições precursoras do atual IBRACON) e integrou, entre 1972 e 1982, a Comissão de Exercício Profissional, órgão central no desenvolvimento das normas de auditoria no país. Atuou ainda como Presidente do Conselho de Tomada de Contas (1975–77 e 1984–85) e como examinador dos Exames de Suficiência (1977–80), influenciando diretamente gerações de auditores independentes.

    Sua marcante carreira universitária teve como eixo a Universidade de São Paulo, onde se tornou um dos grandes nomes da história da FEA-USP. Obteve o título de Livre-Docente em 1960, assumindo a regência da Cadeira VIII – Organização e Contabilidade Bancária, Organização e Contabilidade de Seguros. Em 1968, por concurso de títulos e provas, tornou-se Catedrático da área contábil, o primeiro Catedrático de Contabilidade da USP, um marco histórico que elevou o status acadêmico da Contabilidade dentro da maior universidade do país. Manteve essa posição de 1968 a 1982, influenciando professores, pesquisadores e alunos que futuramente moldariam a pesquisa contábil no Brasil.

    Exerceu diversas funções estratégicas na FEA-USP: foi Chefe do Departamento de Contabilidade e Atuária (1970–77 e 1981–82), atuou como Vice-Diretor da Faculdade (1977–81) e desempenhou papel estrutural na formação de pesquisadores como Professor de Pós-Graduação, ministrando disciplinas pioneiras como “Auditoria”, “Auditoria de Mercado de Capitais” e “Análise das Instituições Financeiras”.

    Sua atuação institucional ampliou-se também para o campo das pesquisas aplicadas. Foi Presidente da Diretoria Executiva da FIPECAFI de 1974 a 1980 e, posteriormente, Presidente do IPECAFI em 1985, colaborando para consolidar o centro mais influente de produção científica contábil do país.

    Além da academia e das entidades de classe, desempenhou funções de grande responsabilidade no setor público, atuando como Diretor da Carteira de Habilitação da Caixa Econômica Federal (1968–69) e Chefe de Gabinete da Administração Geral e da Presidência da Caixa (1969–70), sempre aplicando seu profundo conhecimento técnico na gestão de instituições financeiras.

    Paralelamente, manteve atuação prática como Auditor e Perito Judicial em São Paulo, reforçando sua reputação como profissional de alto rigor técnico e profundo conhecimento regulatório.

    A trajetória de Antonio Peres Rodrigues Filho representa um dos mais completos e influentes percursos da história da Contabilidade no Brasil. Pioneiro no ensino superior, líder institucional, formulador acadêmico e protagonista da auditoria e da perícia, ele deixou um legado que transcende gerações e consolidou os alicerces da Contabilidade como ciência, profissão e campo de pesquisa. Por tudo isso, é reconhecido como um verdadeiro Patrono da Contabilidade, cuja obra permanece referência perene no meio contábil brasileiro.

  • 16

    João Batista Fernandes


    João Batista Fernandes destacou-se como um dos pioneiros da Contabilidade Pública brasileira, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento de novos métodos orçamentários e para a modernização da administração pública municipal. Sua trajetória combina atuação técnica qualificada, produção acadêmica relevante e participação ativa em entidades científicas e institucionais, especialmente no interior paulista.

    Profissional dedicado à área pública, construiu carreira sólida como Contador especializado em orçamento governamental, área que, nas décadas de 1950 e 1960, iniciava um processo de transformação profunda com a introdução de técnicas modernas de planejamento e controle. Seu interesse pelo aperfeiçoamento da gestão pública materializou-se em obras de referência que o posicionaram entre os grandes formuladores do pensamento orçamentário do período.

    Em 1963, publicou, pelo Instituto de Administração da USP, dois títulos que se tornariam marcos conceituais para os profissionais da administração municipal e estadual:

    Introdução de novos métodos e técnicas no orçamento público, e

    Novas formas de elaboração orçamentária aplicada aos municípios.

    Essas obras contribuíram para difundir no Brasil princípios contemporâneos de orçamento-programa, racionalização administrativa e integração entre planejamento e execução, temas que ganhariam força nas décadas seguintes. Seu trabalho antecipou discussões que mais tarde fundamentariam a modernização da administração pública, sendo especialmente relevante para gestores municipais em um período de intensa urbanização e expansão institucional.

    João Batista Fernandes atuou de forma destacada na região de Ribeirão Preto, onde exerceu funções técnicas e administrativas, tornando-se referência local em Contabilidade Pública e planejamento governamental. Sua presença profissional reforçou o papel dos contadores no interior paulista e ajudou a qualificar a gestão financeira de diversas instituições públicas regionais.

    Sua contribuição também se estendeu ao ambiente institucional da Contabilidade. Em 1953, desempenhou função relevante na Academia Paulista de Contabilidade (APC) como Responsável pelo Setor de Divulgação, participando da estruturação das ações de comunicação e apoio às atividades científicas da entidade. Sua atuação reforçou o compromisso da APC com a disseminação do conhecimento contábil e com o fortalecimento das relações entre pesquisadores e profissionais.

    Além disso, João Batista Fernandes foi sócio fundador da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, em Campinas, demonstrando seu engajamento com a pesquisa aplicada e com a formação de redes científicas. Sua participação fundadora evidencia o espírito inovador e a visão de que o desenvolvimento técnico depende da articulação entre ciência, ensino e prática profissional.

    A trajetória de João Batista Fernandes sintetiza o perfil do contador público que se antecipa às demandas de seu tempo: estudioso, comprometido com o interesse coletivo e atuante na interface entre técnica, gestão e ciência. Por suas contribuições à modernização do orçamento público, sua atuação regional e sua dedicação às entidades institucionais, ocupa com mérito o lugar de Patrono e referência para as novas gerações de profissionais da Contabilidade Pública brasileira.

  • 17

    Atílio Amatuzzi


    Atílio Amatuzzi foi uma das figuras mais brilhantes, versáteis e influentes da história da Contabilidade e das Ciências Econômicas no Brasil, exercendo papel determinante na formação universitária, na organização das entidades de classe e na modernização da administração pública e empresarial. Sua trajetória reúne pioneirismo, erudição, atuação institucional intensa e relevante produção intelectual, consolidando-o como uma das principais referências acadêmicas das primeiras gerações da FEA-USP.

    Graduou-se em Ciências Econômicas e Ciências Contábeis na primeira turma do curso noturno da Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo (Facesp), em 1934, período marcado pela rápida evolução das instituições de ensino comercial e econômico do país. Mais tarde, já consolidado como Professor Catedrático da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo (FCEA-USP), cursou Direito no Rio de Janeiro, formando-se com brilhantismo e ingressando na Ordem dos Advogados do Brasil, embora nunca tenha exercido a advocacia. Sua formação multidisciplinar, unindo Contabilidade, Economia e Direito, conferiu-lhe extraordinária amplitude intelectual e capacidade analítica.

    Antes mesmo de concluir seus estudos superiores, Amatuzzi já se destacava como liderança ativa. Em 1931, ajudou a fundar o Idort – Instituto de Organização Racional do Trabalho, instituição de caráter educativo e científico-cultural que disseminou no Brasil os princípios modernos da administração, da racionalização e da eficiência empresarial, em resposta à crise econômica de 1929. Participou também da Revolução Constitucionalista de 1932 ao lado de São Paulo, integrando o movimento cívico que marcou profundamente a história política do estado.

    Em 1933, foi convidado pelo Governador Armando de Salles Oliveira para integrar o seleto grupo de estudos responsável pela criação da Universidade de São Paulo, fundada no ano seguinte. Essa participação o posicionou entre os protagonistas da formação da USP, instituição que seria central em sua carreira nas décadas seguintes.

    Em 1935, recém-formado, organizou pela primeira vez o Sindicato dos Contabilistas, colaborando decisivamente para a articulação inicial da classe contábil em São Paulo. No ano seguinte, 1936, esteve entre os fundadores da Ordem dos Economistas do Brasil, da qual se tornou vice-presidente, reafirmando seu papel pioneiro na consolidação das instituições profissionais no país.

    Sua carreira universitária foi profundamente ligada à Universidade de São Paulo. Em 1946, ano da fundação da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas (hoje FEA-USP), ingressou como professor contratado da Cadeira de Contabilidade Geral e Pública, após concurso de títulos. Como Professor Catedrático, fundou a Contadoria Piloto, um inovador Laboratório Didático de Contabilidade, dedicado à prática profissional e ao desenvolvimento metodológico do ensino contábil. Sua contribuição estabeleceu novos padrões pedagógicos e influenciou gerações de docentes e estudantes.

    Além da USP, atuou como professor da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), compartilhando sua experiência com futuros engenheiros e administradores, reforçando a importância da Contabilidade na formação técnica e gerencial.

    Paralelamente à vida acadêmica, Amatuzzi exerceu funções expressivas na administração pública. Foi Secretário da Fazenda do Estado de Santa Catarina, desempenhou atividades técnicas no Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo, atuou na Cooperativa Central de Laticínios do Estado, e integrou a administração do Hospital das Clínicas, aplicando seus conhecimentos contábeis e econômicos na gestão de instituições essenciais ao desenvolvimento estadual.

    Sua produção intelectual é igualmente relevante. Entre seus principais livros, destacam-se:

    A Contabilidade em Face da Estatística (1947),

    Elementos de Contabilidade Geral (1949), e

    A Contabilidade Pura,

    obras que contribuíram para o avanço conceitual da Contabilidade brasileira e tornaram-se referência em cursos e programas de formação durante décadas.

    Em reconhecimento à sua contribuição extraordinária, recebeu homenagem póstuma como Professor Emérito da FEA-USP, em solenidade realizada em 24 de abril de 1987, honra reservada aos maiores mestres da instituição.

    A trajetória de Atílio Amatuzzi sintetiza o espírito dos grandes Patronos: pioneirismo acadêmico, liderança institucional, visão humanista, dedicação ao ensino e compromisso com o desenvolvimento do país. Sua vida permanece como exemplo perene de intelecto, serviço público e devoção à Contabilidade e às Ciências Econômicas.

  • 18

    Antonio Barone


    Antonio Barone pertence ao grupo de líderes que contribuíram de forma decisiva para a consolidação institucional da Contabilidade paulista no período pós-Segunda Guerra Mundial. Sua atuação firme, discreta e profundamente comprometida com o fortalecimento das entidades de classe marcou uma das fases mais importantes da história do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), instituição central para a organização profissional no estado.

    Ele exerceu a Presidência do Sindcont-SP no biênio 1948–1950, período caracterizado pela reorganização administrativa e pelo aprimoramento institucional das entidades contábeis em São Paulo. Sob sua gestão, o Sindicato aprofundou suas bases estatutárias e ampliou sua legitimidade como representante dos profissionais da Contabilidade, consolidando-se como voz ativa no debate técnico e na defesa dos interesses da categoria.

    A principal contribuição de Antonio Barone ao Sindcont-SP foi sua atuação decisiva na regularização dos estatutos do Centro de Estudos, órgão fundamental na formação contínua, no aperfeiçoamento técnico e na promoção do debate científico entre os profissionais. O Centro de Estudos, criado inicialmente com estrutura informal e caráter eminentemente acadêmico, ganhou sob sua liderança fundamentos estatutários que asseguraram sua continuidade, sua estrutura de governança e sua capacidade de oferecer atividades permanentes de formação.

    Esse trabalho foi essencial para a construção do ambiente intelectual que tornou o Sindcont-SP uma das instituições mais influentes da Contabilidade brasileira, responsável pela disseminação de conhecimentos, pela aproximação dos profissionais e pelo estímulo ao estudo sistematizado da ciência contábil.

    O legado de Antonio Barone está, assim, profundamente associado ao fortalecimento institucional, à organização interna e ao desenvolvimento técnico da classe contábil paulista. Sua contribuição permanece registrada na memória do Sindcont-SP e reconhecida entre aqueles que valorizam a história e a evolução das entidades representativas da Contabilidade no Brasil.

    Por sua dedicação à vida associativa, seu compromisso com a estruturação acadêmica da profissão e sua liderança na consolidação dos marcos organizacionais da classe, Antonio Barone figura com mérito entre os Patronos que ajudaram a construir os alicerces da Contabilidade em São Paulo.

  • 19

    Oscar Castelo Branco


    Oscar Castelo Branco destacou-se como um dos profissionais mais completos e atuantes da Contabilidade paulista na primeira metade do século XX, exercendo funções simultaneamente técnicas, educacionais e institucionais com grande competência. Contabilista, Perito Judicial, Professor e Fiscal Regional de Ensino Comercial, construiu uma trajetória marcada pelo rigor, pela integridade profissional e pelo compromisso com a formação e a organização da classe contábil.

    Figura respeitada no ambiente profissional, atuou com destaque no Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), onde exerceu o cargo de Membro do Conselho Fiscal no período de 1948 a 1950. Sua presença no Conselho refletia sua reputação de seriedade e conhecimento técnico, em um momento em que o Sindicato se consolidava como uma das principais instituições contábeis do país.

    Em âmbito nacional, colaborou de maneira significativa com eventos científicos e internacionais. Foi Membro da Comissão Organizadora da III Conferência Internacional de Contabilidade, realizada em 1955, em São Paulo — um dos mais importantes eventos contábeis da época, que reuniu especialistas nacionais e estrangeiros para discutir avanços técnicos, tendências internacionais e o fortalecimento da ciência contábil.

    Oscar Castelo Branco também desempenhou papel relevante no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP). Foi Conselheiro Efetivo (1947–1950), integrando a Câmara de Contas em 1948. Durante esse período, viveu episódio marcante da história do Conselho: após protestar contra a indicação de representantes como “Guarda-Livros”, que não correspondia à sua titulação, defendeu o reconhecimento adequado dos títulos profissionais e, posteriormente, foi novamente eleito, desta vez como Contador, de acordo com sua qualificação legítima. Sua postura firme contribuiu para o aprimoramento dos critérios de representação profissional dentro do CRCSP e reforçou a importância da correção técnica e regulamentar.

    Entre suas contribuições institucionais mais significativas está sua participação como fundador da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), entidade criada em um período de grande expansão da atividade econômica e de crescente necessidade de profissionais capacitados em análise e gestão.

    Oscar Castelo Branco também se destacou como autor de obras que marcaram época. Seu livro “Fraudes em Contabilidade” (Ed. Atlas, 1947) tornou-se referência para a compreensão e detecção de irregularidades contábeis, sendo uma das primeiras obras brasileiras dedicadas ao tema. Autor igualmente do livro “Contabilidade Mercantil”, contribuiu para o desenvolvimento conceitual e prático de áreas fundamentais da Contabilidade Comercial, formando gerações de estudantes e profissionais.

    Sua atuação no ensino comercial — como Professor e Fiscal Regional — reforçou seu papel na formação de jovens contabilistas, ampliando seu legado educacional. O reconhecimento público à sua contribuição materializou-se na homenagem que deu seu nome à Escola Estadual Infantil (EEI) Oscar Castelo Branco, perpetuando sua memória na área educacional.

    Oscar Castelo Branco faleceu em dezembro de 1963, deixando uma trajetória rica em realizações e marcada por dedicação exemplar à ciência contábil, à formação profissional e à defesa da ética e da técnica. Sua vida e obra justificam plenamente seu lugar entre os Patronos da Contabilidade, inspirando profissionais comprometidos com a integridade, a competência e o serviço público.

  • 20

    Mário Franzolin


    Mário Franzolin integrou a geração de profissionais que contribuíram de maneira decisiva para o fortalecimento da Contabilidade brasileira no período de modernização econômica do pós-guerra. Professor, Contador e Economista, uniu sólida formação técnica, atuação docente e presença ativa nas entidades representativas, construindo trajetória marcada pelo comprometimento institucional e pela qualificação do exercício profissional.

    Sua participação no movimento associativo foi expressiva. Em 1951, assumiu a Presidência do SESCON-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado de São Paulo), em uma fase de estruturação e expansão da entidade, marcada pela crescente necessidade de organização do setor empresarial contábil diante da complexidade das obrigações fiscais e societárias emergentes.

    No campo da regulamentação profissional, exerceu papel significativo como Conselheiro do CFC (Conselho Federal de Contabilidade), em 1982, colaborando com as discussões técnicas e normativas de âmbito nacional. No CRCSP, desempenhou diversas funções ao longo do mandato de 1969 a 1971, atuando como Conselheiro Efetivo, Membro da Câmara de Registro (1969), e Membro da Câmara de Fiscalização (1970). Sua passagem pelo Conselho, embora interrompida por renúncia em 27 de abril de 1970, foi marcada pela defesa da ética, do registro profissional adequado e da correta fiscalização do exercício contábil.

    Além das funções institucionais, Mário Franzolin exerceu atividade profissional de grande responsabilidade como Contador da Petrobras, uma das maiores empresas do país. Em um contexto de ampliação da indústria petrolífera e de crescente complexidade dos controles econômico-financeiros, sua atuação contribuiu para o fortalecimento das práticas contábeis e para a organização dos sistemas internos da companhia.

    Sua atuação intelectual e social não se limitou ao ambiente corporativo. Franzolin integrou a extinta Comissão de Estudos sobre a Metropolização da Baixada Santista, grupo multidisciplinar criado para analisar os impactos econômicos, fiscais, demográficos e administrativos do processo de urbanização acelerada da região litorânea. Sua participação refletiu sua capacidade de aplicar conhecimentos contábeis e econômicos a temas amplos, relacionados ao planejamento urbano e ao desenvolvimento regional.

    Como Professor, Mário Franzolin formou gerações de estudantes, difundindo conhecimento técnico e reforçando a importância da Contabilidade e da Economia no processo decisório das organizações públicas e privadas. Seu papel docente complementou sua atuação prática e institucional, ampliando seu impacto e contribuindo para o aprimoramento da formação profissional.

    A trajetória de Mário Franzolin é marcada pela pluralidade de contribuições — na docência, na empresa privada, na análise de políticas públicas e nas entidades contábeis. Sua vida profissional demonstra o compromisso com o desenvolvimento da Contabilidade como instrumento de gestão e como ciência social aplicada. Por isso, integra com mérito o conjunto de Patronos que ajudam a contar a história da Contabilidade paulista e brasileira.

  • 21

    Ataliba Amadeu Sevá


    Ataliba Amadeu Sevá destacou-se como uma das figuras mais relevantes da Contabilidade no interior paulista, especialmente na região de Campinas, onde exerceu papel central na organização institucional da classe e na formação de profissionais. Sua trajetória une liderança associativa, produção intelectual e reconhecimento público, consolidando um legado duradouro para a ciência contábil e para o desenvolvimento regional.

    Sua atuação no movimento associativo começou cedo e de forma decisiva. Em 1934, integrou a Comissão responsável pela criação do Sindicato dos Contabilistas de Campinas e Região, um marco na história da organização profissional no interior do Estado de São Paulo. A formação dessa entidade representou importante avanço na defesa dos direitos da categoria, na orientação técnica e na valorização dos contabilistas campineiros, e a participação de Sevá foi fundamental para estabelecer as bases estruturais da instituição.

    Seu compromisso com a classe contábil ampliou-se ao longo das décadas seguintes. Atuou como Diretor da Fecontesp (Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo), uma das mais tradicionais entidades representativas da Contabilidade paulista, exercendo também o cargo de Membro do Conselho Fiscal nas gestões 1977–1980 e 1980–1983. Nessa função, participou das decisões políticas e administrativas da Federação, contribuindo para sua estabilidade e eficiência em um período de grande dinamismo institucional.

    Além de sua atuação associativa, Ataliba Amadeu Sevá deixou importante contribuição intelectual por meio da obra “Noções de Contabilidade – Teoria e Prática”, que auxiliou na formação de estudantes e profissionais e se tornou referência em cursos técnicos e escolas de comércio. Seu livro destaca-se pela clareza, objetividade e equilíbrio entre conceitos fundamentais e aplicações práticas, refletindo seu perfil de educador comprometido com a disseminação do conhecimento contábil.

    O reconhecimento público à sua trajetória é amplo e perene. Foi escolhido como Patrono do Diploma de Mérito Contábil “Dr. Ataliba Amadeu Sevá”, honraria concedida pela Câmara Municipal de Campinas a profissionais que se distinguem pelos serviços prestados à Contabilidade e à comunidade. Essa homenagem expressa o respeito institucional às suas contribuições e reforça sua posição histórica entre os grandes nomes da Contabilidade regional.

    Sua memória também está preservada no espaço urbano e educacional. Em Campinas, seu nome foi atribuído a uma rua, perpetuando sua presença na cidade que ajudou a construir institucionalmente. Em Tambaú, SP, deu nome à Escola de Comércio “Dr. Ataliba Amadeu Sevá”, instituição que simboliza sua ligação com a educação e sua contribuição à formação profissional.

    A trajetória de Ataliba Amadeu Sevá revela um profissional profundamente comprometido com o desenvolvimento da classe contábil, com a melhoria da educação comercial e com a construção de entidades representativas fortes e atuantes. Sua obra e sua liderança justificam plenamente sua condição de Patrono, e seu legado continua a inspirar estudantes, professores e profissionais da Contabilidade em todo o Estado de São Paulo.

  • 22

    Belmiro Nascimento Martins


    Belmiro Nascimento Martins integrou a geração de profissionais que ajudou a consolidar a Contabilidade e a Economia como bases técnicas indispensáveis para a administração pública paulista no século XX. Contador, Economista, Professor e gestor público, exerceu funções de grande relevância social e institucional, deixando importante legado tanto na educação quanto na administração governamental.

    Formou-se Bacharel em Ciências Econômicas em 1934, período em que os cursos superiores de Economia ainda estavam em consolidação no país. A sólida formação técnica o conduziu naturalmente ao exercício simultâneo da Contabilidade e da Economia, áreas que dominou com competência e que orientaram toda a sua trajetória profissional. Como Professor, contribuiu para a formação de novos quadros técnicos, reforçando a importância da Contabilidade e das Ciências Econômicas para o desenvolvimento das instituições públicas e privadas.

    Sua carreira administrativa alcançou destaque especial quando assumiu, em 1954, a Diretoria da Divisão de Contabilidade e Orçamento do Departamento de Águas e Esgotos de São Paulo (DAE), órgão estratégico na gestão de serviços essenciais à cidade. À frente da Divisão, Belmiro Nascimento Martins colaborou para aperfeiçoar os processos de orçamento, escrituração e controle financeiro, contribuindo para a modernização administrativa do setor público municipal em um período de profunda urbanização da capital paulista.

    Além da atuação técnica e acadêmica, Belmiro Nascimento Martins teve presença relevante na vida política do Estado. Em 1946, foi eleito Deputado pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), participando das atividades legislativas em um momento decisivo da redemocratização brasileira pós–Estado Novo. Seu mandato refletiu o reconhecimento público de sua idoneidade, de sua formação técnica e de sua capacidade de representar os interesses sociais e administrativos de São Paulo.

    O reconhecimento a sua trajetória ultrapassa o campo profissional e alcança a esfera da memória coletiva. Na capital paulista, seu nome foi atribuído à Praça Professor Belmiro Nascimento Martins, homenagem que perpetua sua contribuição como educador, gestor público e representante político. A denominação do espaço público simboliza o respeito e a gratidão da cidade por sua dedicação ao serviço público e ao desenvolvimento técnico da administração municipal.

    A vida de Belmiro Nascimento Martins reúne características marcantes dos Patronos da Contabilidade: sólida formação, atuação pública qualificada, compromisso com o ensino e participação determinante na construção das instituições que ajudam a estruturar a sociedade. Seu legado permanece como referência de ética, competência e serviço à coletividade.

  • 23

    Pedro Pedreschi


    Pedro Pedreschi é uma das figuras mais importantes e influentes da história da Contabilidade paulista e brasileira. Liderança incontestável, construtor de instituições e defensor incansável da organização profissional, sua trajetória moldou os rumos da Contabilidade no século XX e estabeleceu fundamentos sobre os quais se estruturaram o sistema de registro, a representação classista e a prática organizada da auditoria no Brasil.

    O marco mais emblemático de sua carreira foi sua atuação como fundador e primeiro Presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP), exercendo o mandato de 1947 a 1950. Consta como o registro nº 1 no CRCSP (1SP000001/0-1), símbolo de sua posição pioneira e do papel decisivo que desempenhou na instalação e estruturação da entidade responsável pelo registro, fiscalização e normatização da profissão no estado.

    Muito antes da criação do Conselho, Pedro Pedreschi já era liderança ativa no movimento associativo contábil. Foi Presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP) em cinco mandatos — 1926, 1930, 1931, 1933 e 1942 — contribuindo para o fortalecimento da categoria, para a ampliação das atividades do Centro de Estudos e para o reconhecimento público da profissão. Mais tarde, exerceu também a Presidência da Fecontesp (Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo) entre 1953 e 1955, consolidando sua participação nos principais órgãos de representação da classe.

    Sua atuação em âmbito nacional estendeu-se ao Conselho Federal de Contabilidade, onde foi Conselheiro Suplente, colaborando com a formação das primeiras diretrizes de organização da profissão no Brasil. Também desempenhou a função de Conselheiro da Fundação Antonio e Helena Zerrenner, instituição voltada a atividades sociais, educacionais e filantrópicas.

    Profissional de grande prestígio e de forte presença comunitária, Pedro Pedreschi teve participação longa e expressiva no Rotary Club de São Paulo, onde atuou por 21 anos, ocupando cargos de destaque em vários Conselhos Diretores. Sua atuação reforçou sua imagem pública como cidadão comprometido com o bem comum, a ética e o desenvolvimento social.

    Na esfera social e beneficente, foi membro da Mesa Diretora da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, contribuindo durante muitos anos com sua expertise administrativa e contábil na gestão de uma das mais importantes instituições filantrópicas do país.

    Sua atuação política também merece destaque. Como Vereador na Câmara Municipal de São Paulo, integrou a Comissão de Finanças, sendo amplamente reconhecido pela análise criteriosa, técnica e minuciosa dos projetos de lei, em especial sob os aspectos contábil, financeiro e administrativo. Seus pareceres sobre prestações de contas de Prefeitos tornaram-se referências históricas, consideradas verdadeiras peças técnico-administrativas nos anais do Legislativo paulistano.

    No campo empresarial, Pedro Pedreschi também foi pioneiro. Em 1931, juntamente com Herrmann Junior e Iris Miguel Rotundo, fundou a primeira firma de serviços contábeis de que se tem notícia no Brasil, sob a razão social “Herrmann, Pedreschi & Cia.”. Essa pioneira sociedade profissional antecedeu o modelo moderno de firmas de auditoria e organizava serviços técnicos contábeis de forma sistematizada. Alguns anos depois, a sociedade foi dissolvida para que os três sócios seguissem caminhos próprios. Pedreschi, então, fundou a Organização Nacional de Auditores, uma das primeiras iniciativas formais no campo da auditoria independente no país.

    A vida de Pedro Pedreschi é um testemunho de liderança, integridade, visão institucional e serviço público. Sua trajetória atravessa a história da Contabilidade paulista em posições centrais, tanto na esfera associativa quanto regulatória, política, empresarial e social. Por suas contribuições extraordinárias, permanece como uma das mais altas referências da profissão — um verdadeiro Patrono da Contabilidade, cujos feitos continuam a inspirar profissionais e instituições em todo o Brasil.

  • 24

    Fernando Contro


    Fernando Contro integrou a geração de profissionais que contribuíram para a consolidação da Contabilidade e da educação superior na região do ABC paulista, exercendo papel relevante tanto nas entidades representativas da classe quanto na formação acadêmica de novos profissionais. Sua trajetória uniu liderança institucional, atividade docente e atuação pública em áreas estratégicas de educação e cultura.

    No movimento associativo contábil, destacou-se no Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), onde exerceu funções de direção em dois períodos: 1967–1968 e 1969–1971. Sua participação na diretoria ocorreu durante um momento de renovação administrativa e ampliação das atividades de formação técnica promovidas pelo Centro de Estudos, reforçando a presença do Sindcont-SP na vida profissional dos contabilistas paulistas. Sua atuação contribuiu para fortalecer a interlocução do Sindicato com a classe e ampliar o debate técnico e científico da Contabilidade.

    No campo educacional, Fernando Contro desempenhou papel importante como Professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), instituição de referência no ensino superior da região do ABC. Seu trabalho docente ajudou a formar gerações de profissionais em um período de expansão industrial e necessidade crescente de especialistas em contabilidade, administração e finanças. Como professor universitário, tornou-se figura influente na disseminação de conhecimentos técnicos e na construção do pensamento contábil aplicado às organizações modernas.

    Sua trajetória também inclui atuação expressiva na administração pública municipal. Em 1972, ocupou o cargo de Diretor do Depec – Departamento de Educação e Cultura de São Caetano do Sul, órgão responsável por políticas educacionais, ações culturais e desenvolvimento comunitário. Sua liderança no Depec contribuiu para fortalecer a estrutura educacional da cidade, que na época consolidava-se como uma das mais organizadas do país. Ao integrar técnicas de gestão, visão educacional e sensibilidade administrativa, Fernando Contro ajudou a aprimorar programas e iniciativas voltadas ao ensino e à cultura local.

    A vida profissional de Fernando Contro combina a força da atuação institucional com a vocação educacional e o compromisso com o desenvolvimento regional. Sua contribuição ao Sindcont-SP, à formação universitária e à gestão pública o coloca entre as personalidades que marcaram a história da Contabilidade paulista. Por sua dedicação, competência e espírito público, integra com mérito o conjunto de Patronos que ajudam a preservar e valorizar o legado da profissão.

  • 25

    Aúthos Pagano


    Aúthos Gloi Ischiros Mateo Domingo Pagano (Montevidéu, 21/9/1909 – São Paulo, 12/3/1976) foi uma das personalidades intelectuais mais extraordinárias do século XX no Brasil e na América Latina. Economista, matemático, estatístico, advogado, filósofo e professor universitário, destacou-se pela amplitude de sua formação, pela originalidade de seu pensamento e pela produção acadêmica prolífica, que deixou marca profunda no ensino e na pesquisa econômica, estatística e metodológica no país.

    De origem uruguaia, radicou-se no Brasil, onde desenvolveu praticamente toda a sua carreira científica. Pagano registrou um marco histórico ao defender a primeira tese de doutorado em Economia no Brasil, intitulada Coeficiente Instantâneo de Mortalidade. A profundidade teórica e a inovação metodológica dessa obra — voltada para a modelagem estatística de fenômenos econômicos e demográficos — lhe renderam o título de doutor honoris causa pela Universidade de Havana, reconhecimento internacional raro à época.

    Sua produção intelectual impressiona pela variedade e pela dimensão: publicou dezenas de livros e mais de 2.500 artigos, abrangendo estatística, economia, metodologia científica, filosofia e ciências jurídicas. Entre suas obras, destaca-se Lições de Estatística, considerada a mais completa obra estatística publicada em língua portuguesa, premiada pelo Instituto dos Atuários de Londres em 1956, distinção que evidenciou seu impacto internacional no campo das ciências quantitativas.

    Sua atuação acadêmica foi igualmente notável. Foi professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) — instituição na qual chegou a exercer o cargo de Diretor — e da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Mackenzie, contribuindo para a formação de gerações de economistas, estatísticos e administradores. Sua didática rigorosa, fundamentada em sólida base filosófica e matemática, tornou-se referência e influenciou o desenvolvimento de métodos quantitativos no ensino superior brasileiro.

    Aúthos Pagano também se destacou como jurista. Obteve o título de Doutor em Ciências Jurídicas pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade de Montevidéu, consolidando uma formação multidisciplinar que integrava Direito, Economia, Lógica e Estatística de forma singular.

    No campo da administração pública, exerceu o cargo de Diretor de Estatística do Município de São Paulo, período em que contribuiu decisivamente para a organização dos sistemas de coleta, tratamento e interpretação de dados estatísticos em uma cidade em acelerada expansão urbana e econômica. Seu trabalho técnico forneceu subsídios importantes para políticas públicas baseadas em evidências, muito antes de essa expressão ganhar notoriedade.

    Sua presença no meio acadêmico e científico brasileiro rendeu-lhe reconhecimento institucional de alto prestígio. Foi o segundo Acadêmico Imortalizado na Cátedra nº 2 da Academia Nacional de Economia, instituição que posteriormente o consagrou como Patrono da Cátedra nº 53, perpetuando sua influência intelectual no campo econômico. Ao longo de sua vida, recebeu variadas distinções acadêmicas e culturais, incluindo títulos honoríficos como Duque de Domeciópolis e Conde de Pérgamo, concessões simbólicas que refletiam não apenas sua erudição, mas também o respeito e admiração que conquistou em círculos científicos e culturais.

    A trajetória de Aúthos Pagano representa o encontro entre ciência, filosofia e humanismo. Sua produção monumental, seu pioneirismo no ensino da estatística e seu papel fundador na pesquisa econômica no Brasil fazem dele um dos grandes intelectuais latino-americanos de seu tempo. É, por mérito e legado, uma figura que transcende sua área de formação e se consolida como um verdadeiro Patrono do pensamento científico e econômico brasileiro, referência permanente para estudiosos, professores e pesquisadores.

  • 26

    Mário Morandi


    Mário Morandi foi um dos mais respeitados profissionais ligados ao Banco do Estado de São Paulo (Banespa) na primeira metade do século XX, destacando-se como contador, administrador e líder institucional. Sua trajetória, construída no ambiente bancário e no movimento associativo dos funcionários da instituição, tornou-o uma figura de grande influência na cultura organizacional do Banespa e no desenvolvimento de iniciativas sociais e esportivas ligadas ao banco.

    Ao longo de sua carreira, Mário Morandi ocupou diversos cargos no Banespa, ascendendo progressivamente das funções técnicas de Contabilidade até posições de alta responsabilidade na administração. Na década de 1950, já figurava entre os principais dirigentes da instituição — e em 1954 aparece como Superintendente do Banespa, exercendo papel central em decisões administrativas e institucionais, como o lançamento da pedra-fundamental do ginásio do Esporte Clube Banespa. Há referências que associam essa ascensão à posição de Diretor-Superintendente em meados da década de 1950, informação tradicionalmente mencionada na memória institucional do banco, ainda que sem documentação pública amplamente disponível para confirmação formal.

    Seu vínculo com o Esporte Clube Banespa remonta à formação da entidade. Foi Vice-Presidente na gestão de 1930, participando ativamente da estruturação do clube, que se tornaria um dos mais tradicionais centros esportivos ligados a empresas no Brasil. Sua participação reforça seu papel como liderança comunitária entre funcionários e dirigentes do Banespa.

    Em 1970, Mário Morandi escreveu mais um capítulo importante de sua atuação institucional. Liderou o movimento que resultou na fundação da AFABESP – Associação dos Funcionários Aposentados do Banco do Estado de São Paulo, tornando-se o presidente da comissão responsável por sua criação. A AFABESP permanece até hoje como referência de organização, assistência e defesa dos direitos dos aposentados do Banespa, consolidando o legado de Morandi como construtor de instituições duradouras.

    Seu respeito e reconhecimento entre colegas e dirigentes resultaram em homenagens expressivas. O Banespa atribuiu seu nome ao Auditório Mário Morandi, localizado na Rua João Bôscoli, em São Paulo — um tributo que simboliza sua importância histórica para a instituição e para as gerações de profissionais que passaram pelo banco.

    Mário Morandi também é registrado como associado do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), conforme memória institucional da classe contábil, indicando sua ligação com o movimento profissional da Contabilidade paulista. Embora a documentação oficial disponível seja limitada, sua carreira como contador e administrador do Banespa atesta plenamente essa vinculação.

    A trajetória de Mário Morandi revela um profissional dedicado, que uniu competência técnica, liderança administrativa e forte compromisso com o coletivo. Sua contribuição ao Banespa, ao associativismo dos funcionários e ao desenvolvimento esportivo e cultural da instituição o coloca entre as personalidades que marcaram a história administrativa e social do Estado de São Paulo. Por sua liderança, espírito público e legado institucional, justifica plenamente seu lugar entre os Patronos que inspiram as novas gerações da classe contábil e bancária.

  • 27

    Acácio de Paula Leite Sampaio


    Acácio de Paula Leite Sampaio destacou-se como um dos mais importantes líderes da Contabilidade paulista na fase de consolidação do sistema profissional no Estado de São Paulo. Contador respeitado, dirigente institucional dedicado e figura de referência na Baixada Santista, contribuiu decisivamente para a estruturação e o fortalecimento das funções normativas, fiscalizadoras e representativas do Conselho Regional de Contabilidade.

    Nascido em 29 de abril de 1904, na cidade de Capivari (SP), construiu trajetória marcada pela seriedade técnica e pelo compromisso com o serviço público e associativo. Em um momento em que a profissão buscava afirmar-se institucionalmente, Acácio de Paula Leite Sampaio integrou, com protagonismo, as primeiras gerações de dirigentes do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP). Ocupou o cargo de Conselheiro Efetivo entre 1954 e 1959, tendo sido eleito Vice-Presidente no biênio 1955–1956 e desempenhado funções centrais na área de controle interno e fiscalização, como Presidente da Comissão de Contas nos anos de 1957 e 1958. No mesmo período, assumiu a Presidência do CRCSP, entre abril e dezembro de 1957, conduzindo a entidade em uma fase estratégica de aprimoramento administrativo e reafirmação do papel regulador do Conselho.

    Sua atuação estendeu-se também ao litoral paulista, onde serviu como Delegado do CRCSP em Santos, contribuindo para ampliar a presença do Conselho no interior e para fortalecer a articulação institucional com os profissionais da região. Reconhecido por seu rigor técnico e por sua visão organizacional, continuou integrando comissões mesmo após os mandatos executivos, atuando como Membro da Comissão de Contas em 1959.

    A importância de seu legado ultrapassou o campo profissional. Acácio de Paula Leite Sampaio tornou-se figura de grande respeito na cidade de Santos, que lhe prestou homenagem ao atribuir seu nome à Escola Municipal de Ensino Profissionalizante Acácio de Paula Leite Sampaio, instituição voltada à formação técnica de jovens e adultos. A denominação evidencia o reconhecimento comunitário por sua contribuição à educação, ao desenvolvimento regional e à dignificação da profissão contábil.

    Falecido em 11 de novembro de 1965, deixou trajetória exemplar que reúne liderança institucional, integridade, respeito dos pares e comprometimento com a construção de uma profissão organizada, ética e tecnicamente sólida. Por seu trabalho à frente do CRCSP e por sua atuação ampla em defesa da Contabilidade, Acácio de Paula Leite Sampaio integra com pleno mérito o conjunto dos Patronos que honram e inspiram a história da Contabilidade paulista.

  • 28

    Álvaro Ayres Couto


    Álvaro Ayres Couto (4 de maio de 1916 – 23 de outubro de 1997) foi um dos nomes mais influentes da história da Contabilidade, Auditoria e Regulação do Mercado de Capitais no Brasil. Auditor de formação sólida, administrador experiente, professor universitário e articulador técnico de rara competência, consolidou-se como figura central na construção do arcabouço normativo que fundamenta a moderna governança corporativa e a estrutura regulatória brasileira.

    Formou-se no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e deu continuidade à sua formação em Economia na Faculdade de Economia da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Mais tarde, aprofundou seus estudos em São Paulo, tornando-se Bacharel em Economia (B. Econ.) pelo Conselho Regional de Tecnologia Empresarial, o que lhe permitiu transitar com naturalidade entre a Contabilidade, a Administração, a Auditoria e as Ciências Econômicas. Sua formação plural refletia-se em sua visão abrangente e em sua capacidade de atuar simultaneamente em ambientes acadêmicos, corporativos e governamentais.

    Sua carreira profissional teve início no escritório da Price Waterhouse (atual PwC) no Rio de Janeiro, em 1942, em um dos mais importantes períodos de modernização das práticas contábeis no país. Transferiu-se para o escritório de São Paulo em 1956, ano em que também foi admitido como sócio da firma. Em 1970, ascendeu ao Comitê Executivo da PwC Empresa Sul-Americana, e a partir de 1º de julho de 1974 tornou-se o sócio responsável pelo Brasil, posição máxima da firma no país, que exerceu até sua aposentadoria em 30 de junho de 1976.

    Ao lado de Manoel Ribeiro da Cruz — ambos sócios da PwC — Álvaro Ayres Couto protagonizou um dos capítulos mais decisivos da história contábil brasileira. A convite do Ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen, desligou-se da firma para assumir a tarefa de estruturar a recém-criada Comissão de Valores Mobiliários (CVM), instituída pela Lei nº 6.385/1976. Coube a ele ser o primeiro Superintendente de Normas Contábeis e de Auditoria da CVM, participação considerada fundamental pelo primeiro presidente da autarquia, Roberto Teixeira da Costa, que registrou o feito em seu livro Valeu a pena!.

    Nesse papel, Álvaro Ayres Couto contribuiu diretamente para a redação da Lei nº 6.385/1976, que criou a CVM, e atuou na implementação técnica da Lei nº 6.404/1976 – Lei das Sociedades por Ações, marco maior da disciplina contábil e societária brasileira. Sua visão técnica e experiência internacional foram essenciais para alinhar as normas brasileiras às práticas modernas de transparência, disclosure e auditoria.

    Em 1977, representando oficialmente a CVM, procurou a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), conveniada à FEA-USP, para solicitar formalmente a elaboração do Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. A primeira edição da obra — financiada pela própria CVM e pelo Fundo de Mercado de Capitais do IBMEC — consolidou as bases conceituais da contabilidade societária no Brasil, tendo Álvaro Ayres Couto como agente catalisador de seu surgimento.

    Além da Price Waterhouse e da CVM, manteve forte atuação no meio institucional:

    Foi sócio da Sociedade de Auditoria e Contabilidade Audisuis.

    Membro ativo do Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil.

    Membro do Conselho Fiscal do Investbanco (1969) e do Banco de Investimento do Brasil S.A. (1973).

    Como professor universitário, influenciou gerações de profissionais ao transmitir não apenas conhecimento técnico, mas também valores de rigor, ética e responsabilidade.

    Figura admirada por pares e alunos, tinha como hobby o tênis, esporte que praticava com disciplina e prazer. Sua personalidade era marcada pela energia, pela dedicação incansável e por uma ética de trabalho reconhecida por todos que conviveram com ele. O próprio Comandante Rolim Amaro, fundador da TAM, atribuiu-lhe frases que traduzem seu modo de ser:
    “Quer alguma coisa? Peça para um homem ocupado.”
    “Sempre que uma pessoa o procurar, atenda.”

    Álvaro Ayres Couto faleceu em 23 de outubro de 1997, deixando um legado monumental. Seu papel na construção da CVM, na institucionalização da auditoria no Brasil, na formação de padrões normativos modernos e na edificação do Manual de Contabilidade das S.A. o coloca entre os nomes mais importantes da história contábil brasileira.

    Sua vida representa o encontro entre técnica, ética, liderança e serviço público. Por sua visão, competência e contribuição transformadora, Álvaro Ayres Couto permanece como um verdadeiro Patrono da Contabilidade e da Regulação do Mercado de Capitais no Brasil.

  • 29

    Licurgo do Amaral Campos


    Licurgo do Amaral Campos (Piracicaba, 22 de junho de 1907) foi uma das personalidades mais versáteis e influentes da Contabilidade paulista na primeira metade do século XX. Professor, contador, inspetor de Contabilidade, auditor público e também cirurgião-dentista, destacou-se pela amplitude de sua formação e pela dedicação integral à educação, à administração pública e ao desenvolvimento da ciência contábil no Estado de São Paulo.

    Formou-se no tradicional Liceu Salesiano Sagrado Coração de Jesus, em Piracicaba, prosseguindo depois seus estudos comerciais na Escola de Comércio Moraes Barros, instituição que, na época, figurava entre os mais relevantes centros de formação técnica do interior paulista. Complementou sua formação na área da saúde, obtendo o diploma de cirurgião dentista pela Faculdade de Odontologia Dr. Washington Luiz, de Piracicaba. Essa trajetória multidisciplinar moldou um profissional de cultura ampla, rigor técnico e forte vocação para a docência e a administração pública.

    Sua atuação profissional concentrou-se, sobretudo, na área contábil. Trabalhou como contador e inspetor de Contabilidade em diversas instituições, acumulando experiência prática que o qualificou para assumir funções de grande responsabilidade no setor público. Alcançou posição de destaque ao dirigir a Divisão de Contabilidade da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, exercendo papel fundamental na modernização dos controles administrativos e das práticas de escrituração pública em um período de expansão institucional do Estado.

    Na área educacional, sua contribuição foi igualmente marcante. Foi professor de Contabilidade em várias escolas de comércio, onde formou gerações de profissionais. Sua atuação atingiu o ápice ao ingressar na Universidade Mackenzie, onde se tornou professor e, posteriormente, o primeiro Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Mackenzie, em 1950. Nesse cargo pioneiro, estruturou o curso, ampliou o corpo docente e definiu as bases acadêmicas que orientariam a Escola de Ciências Econômicas nas décadas seguintes, consolidando sua importância no cenário paulista.

    Licurgo do Amaral Campos também participou da vida intelectual da época como membro do Idort – Instituto de Organização Racional do Trabalho, instituição fundamental na introdução dos princípios de eficiência e racionalização no Brasil. Seu engajamento no Idort demonstra sua afinidade com os movimentos modernizadores da administração pública e empresarial.

    Sua contribuição acadêmica inclui a publicação de obras que se tornaram referências para estudiosos e profissionais, entre elas “Contabilidade Pública” e “Caixas Econômicas Paulistas”, escritas com precisão técnica e grande domínio dos temas ligados à administração governamental e ao sistema financeiro estadual.

    Em reconhecimento à relevância de sua trajetória e ao serviço prestado à educação e à cultura paulista, recebeu a Medalha Cultural Imperatriz Leopoldina, concedida pelo Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, uma das mais prestigiadas distinções culturais do Estado.

    Também atuou como Auditor da Secretaria da Fazenda, função que coroou sua carreira pública e reforçou sua reputação como profissional de grande seriedade, rigor técnico e profundo conhecimento do setor contábil governamental.

    A vida e a obra de Licurgo do Amaral Campos exemplificam o espírito dos grandes Patronos da Contabilidade: formação sólida, dedicação à docência, liderança institucional e compromisso com o aperfeiçoamento da administração pública. Sua trajetória permanece como referência para profissionais, estudantes e pesquisadores, reafirmando sua posição como um dos nomes essenciais da história da Contabilidade paulista.

  • 30

    Domingos D`Amore


    Domingos D’Amore foi um dos mais destacados educadores da Contabilidade paulista no século XX, reconhecido por sua contribuição ao ensino técnico-comercial e pela formação de gerações de profissionais por meio de obras didáticas amplamente difundidas no Brasil. Professor dedicado, autor prolífico e referência no ambiente escolar, deixou marca profunda na educação contábil e comercial no Estado de São Paulo.

    Construiu sua carreira docente na tradicional Escola Técnica de Comércio Carlos de Carvalho, localizada no bairro da Liberdade, em São Paulo — instituição que teve origem na antiga Escola de Contabilidade Carlos de Carvalho, instalada na Rua Santa Tereza, próxima à Praça da Sé. Ali, Domingos D’Amore desenvolveu trabalho pedagógico exemplar, formando estudantes nas áreas de Contabilidade, escrituração mercantil, comércio e administração, em um período em que as escolas técnicas desempenhavam papel central na profissionalização da juventude paulistana.

    Seu prestígio na classe contábil foi reconhecido pelo Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), que lhe concedeu, em 1972, o título de Contabilista Emérito, uma das mais altas distinções da entidade, reservada a profissionais que se destacaram pelo mérito, competência e dedicação à profissão. O reconhecimento institucional estendeu-se também ao Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP), que o escolheu como Patrono de Diploma de Mérito, honraria conferida a figuras cujo legado representa excelência, integridade e contribuição duradoura à Contabilidade.

    Domingos D’Amore foi igualmente um autor fundamental no desenvolvimento do ensino contábil brasileiro. Em parceria com Adaucto da Silva Castro, publicou a influente Coleção Sistema Prático Contábil Domingos D’Amore, conjunto de obras que ajudaram a estruturar o ensino de escrituração, contabilidade comercial e práticas administrativas, tornando-se referência didática nas escolas técnicas e em cursos profissionalizantes.

    Sua produção intelectual inclui livros que marcaram época e moldaram a formação de inúmeros estudantes:

    Noções gerais de comércio, prática de comércio, prática de vendas (com Adaucto de Souza Castro e Armando Aloe), Ed. Saraiva, 1961 — manual utilizado nas 2ª, 3ª e 4ª séries do curso comercial básico;

    Contabilidade Comercial – Teoria e Prática (com Adaucto da Silva Castro), 1964 — obra que consolidou conteúdos fundamentais de escrituração, contas mercantis e métodos comerciais;

    Prática de Escritório e Escrituração Mercantil, 1972 — texto orientado à prática operacional, administração documental e rotina contábil.

    As obras de D’Amore destacam-se pela clareza, didatismo e adequação aos currículos das escolas comerciais, cumprindo papel pedagógico essencial em uma fase decisiva da modernização do ensino técnico brasileiro.

    A trajetória de Domingos D’Amore, marcada pela vocação para o ensino, pela produção de material didático de grande impacto e pelo reconhecimento institucional, o coloca entre os educadores que ajudaram a construir os alicerces da formação contábil no Estado de São Paulo. Sua vida permanece como exemplo de dedicação à educação, à técnica e ao desenvolvimento profissional, justificando plenamente sua condição de Patrono da Contabilidade paulista.

  • 31

    Clodomiro Furquim de Almeida


    Clodomiro Furquim de Almeida (Itaberá, SP, 1897 – 1971) foi um dos grandes pioneiros da educação contábil e administrativa no Estado de São Paulo, desempenhando papel fundamental na formação das primeiras gerações de profissionais de Administração, Finanças e Contabilidade no país. Professor respeitado, dirigente profissional e intelectual atento ao desenvolvimento científico, consolidou trajetória marcada pela dedicação ao ensino superior e à organização da classe contábil paulista.

    Sua carreira acadêmica teve início em um momento decisivo da institucionalização do ensino comercial no Brasil. Em 1934, integrou o corpo docente inaugural do curso superior de Administração e Finanças da FECAP, um dos primeiros cursos do gênero no país, colaborando para estabelecer bases teóricas e metodológicas que formariam profissionais preparados para atuar em empresas, bancos, repartições públicas e organizações comerciais em plena expansão no período.

    A versatilidade e o rigor intelectual fizeram de Clodomiro Furquim de Almeida um nome de referência na formação superior. Com sólida formação, tornou-se Doutor e orientador do Doutorado em Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP) a partir de 1962, em um período em que a pesquisa contábil brasileira dava seus primeiros passos dentro da estrutura universitária. Sua atuação como orientador contribuiu para a consolidação acadêmica da área e para a formação de pesquisadores que ajudariam a moldar o futuro da Contabilidade científica no Brasil.

    Paralelamente à carreira acadêmica, manteve intensa participação institucional. Entre 1926 e 1941, atuou como Diretor do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP) em diferentes gestões, período que coincide com a consolidação do Sindicato como principal entidade representativa da classe. Sua presença contínua demonstra o reconhecimento dos pares e seu compromisso com o desenvolvimento profissional, a defesa da categoria e a promoção de atividades de estudo e aperfeiçoamento técnico — marcas que definiram as primeiras décadas do Sindcont-SP.

    Como autor, contribuiu para a literatura técnica com a obra “Noções de Cálculo Combinatório”, texto que evidencia seu interesse por métodos quantitativos e sua preocupação em aproximar os profissionais da Contabilidade das ferramentas matemáticas necessárias ao aprimoramento das análises financeiras e administrativas. Em uma época de forte expansão do ensino comercial, obras dessa natureza desempenharam papel essencial na modernização curricular e no fortalecimento da formação técnica.

    O reconhecimento à sua contribuição acadêmica e institucional materializou-se também na esfera pública: a cidade de São Paulo homenageou Clodomiro Furquim de Almeida dando seu nome a uma rua, eternizando sua presença no espaço urbano da capital e reafirmando a relevância de sua atuação para o desenvolvimento educacional e profissional paulista.

    A vida de Clodomiro Furquim de Almeida sintetiza o espírito dos grandes Patronos: pioneirismo, dedicação ao ensino, contribuição científica e forte compromisso institucional. Sua atuação na FECAP, na USP e no Sindcont-SP o coloca entre os nomes que ajudaram a construir os fundamentos da Contabilidade e da Administração como áreas de conhecimento e como profissões estruturadas no Brasil.

  • 32

    Antonio Luiz Sarno


    Antonio Luiz Sarno é um dos mais expressivos líderes da Contabilidade brasileira na segunda metade do século XX, cuja trajetória combina sólida formação técnica, atuação institucional exemplar e contribuição decisiva para o desenvolvimento das normas profissionais, da regulação contábil e da representação da classe em âmbito estadual, nacional e internacional. Sua carreira caracteriza-se pela dedicação permanente ao avanço da Contabilidade como ciência, profissão e instrumento de interesse público.

    Formou-se Bacharel em Ciências Econômicas pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo, em 1961, período em que a economia e a administração brasileiras se expandiam rapidamente, exigindo profissionais com domínio técnico e visão estratégica. Complementou sua formação anos depois ao concluir o curso de Ciências Contábeis na Faculdade de Ciências Administrativas e Contábeis Princesa Isabel, em 1977, reforçando a base que sustentaria sua atuação como dirigente, autor, formador de opinião e protagonista de importantes processos normativos.

    Sua participação no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP) foi marcante e extensa. Exerceu o cargo de Conselheiro Efetivo em dois períodos — 1972 a 1975 e 1982 a 1985 — assumindo responsabilidades estratégicas em diferentes instâncias. Atuou como Membro da Câmara de Registro Profissional (1972), Membro da II Câmara do TRET/SP (1973), e posteriormente como Presidente da Câmara de Registro Profissional e Membro da II Câmara do TRET/SP (1974–1975). Na gestão de 1982–1983, tornou-se Vice-Presidente de Administração e Finanças e Vice-Presidente do TRET/SP, coroando sua trajetória no regional ao ocupar a Presidência do Conselho em 1984–1985, acumulando simultaneamente a Presidência do TRET/SP. Sua gestão consolidou avanços administrativos, aperfeiçoou processos de fiscalização e contribuiu para reforçar a presença institucional do CRCSP.

    No âmbito nacional, seu papel no Conselho Federal de Contabilidade (CFC) foi igualmente relevante. Participou do Grupo de Trabalho das Normas Brasileiras de Contabilidade, colaborando na construção e atualização das normas técnicas que orientam a profissão em todo o país. Foi Membro Suplente e depois Efetivo da Comissão do Mercosul, responsável pela harmonização técnica das normas contábeis no contexto da integração regional — tarefa de grande complexidade e impacto estratégico. Integra ainda a Comissão de Reformulação do Decreto-Lei nº 9.295/1946, marco legislativo fundamental que regula o exercício da profissão contábil no Brasil.

    Sua atuação em entidades de classe demonstra amplitude de liderança e compromisso associativo. No Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), exerceu funções como Diretor Suplente, Diretor Bibliotecário, Suplente do Conselho Fiscal, Diretor-Presidente, além de Membro e Presidente do Conselho Consultivo, contribuindo para o fortalecimento institucional e para a oferta de serviços técnicos e educacionais aos profissionais.

    No Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, sua trajetória foi igualmente expressiva. Foi Membro da Comissão Especial de Normas Técnicas, Membro e Presidente da Comissão Nacional de Princípios Contábeis, Diretor de Relações Externas, Diretor Vice-Presidente de Assuntos Especiais, Diretor de Assuntos Internos, Diretor de Assuntos Técnicos e Diretor-Presidente da 5ª Seção Regional, participando ativamente da formulação de normas, diretrizes e posicionamentos técnicos que influenciaram diretamente o desenvolvimento da auditoria independente no Brasil.

    Contribuiu também com a vida intelectual da classe, integrando a Comissão Editorial de diversas revistas contábeis, reforçando o papel da imprensa técnica como instrumento de difusão do conhecimento e de aperfeiçoamento contínuo da profissão.

    A trajetória de Antonio Luiz Sarno representa a combinação virtuosa de competência técnica, liderança institucional, visão estratégica e dedicação à profissão contábil. Sua atuação no CRCSP, no CFC, no Ibracon e no Sindcont-SP o coloca entre as figuras mais importantes na evolução da Contabilidade contemporânea no Brasil. Seu legado permanece vivo como referência para profissionais, dirigentes e pesquisadores, justificando plenamente sua posição entre os Patronos da Contabilidade paulista.

  • 33

    Américo Ferdinando Furlanetto


    Américo Ferdinando Furlanetto foi uma das figuras mais atuantes da Contabilidade paulista nas primeiras décadas do século XX, período decisivo para a organização profissional, o surgimento das primeiras entidades de classe e a afirmação da Contabilidade como área técnica e científica no Estado de São Paulo. Auditor experiente, líder associativo e participante de momentos fundadores da profissão, deixou contribuição marcante para o desenvolvimento institucional e histórico da classe contábil.

    Formado em Ciências Sociais em 1937, Furlanetto reuniu sólida base humanística e formação técnica que lhe permitiram atuar com competência tanto na administração pública quanto no ambiente associativo. No serviço público, desempenhou funções como auditor na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, contribuindo para o aprimoramento dos controles internos, da fiscalização contábil e da organização financeira do Estado em uma época de grande transformação institucional.

    Sua presença no movimento associativo da profissão foi intensa e pioneira. Entre 1924 e 1933, exerceu diversos cargos de direção no Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), instituição que então consolidava suas atividades como principal referência representativa da classe contábil paulista. Sua participação prolongada nas gestões do Sindicato refletiu o reconhecimento dos colegas e sua dedicação ao fortalecimento institucional, à formação técnica e à defesa profissional.

    Em 1935, Américo Ferdinando Furlanetto protagonizou outro marco histórico ao integrar o grupo fundador do Instituto da Ordem dos Contabilistas, em São Paulo, entidade criada para promover o aperfeiçoamento técnico, a ética profissional e a elevação científica da Contabilidade. Esse Instituto representou importante passo na busca por organização, unificação e valorização da profissão antes mesmo da criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Contabilidade.

    Sua atuação estendeu-se também ao campo acadêmico e científico da Contabilidade. Foi Membro da Comissão Organizadora do Primeiro Congresso Paulista de Contabilidade, realizado de 7 a 11 de setembro de 1938, evento que reuniu profissionais, professores e autoridades para debater temas técnicos, legislação, normas, métodos de escrituração e o futuro da profissão. O Congresso tornou-se um marco histórico e ajudou a projetar a Contabilidade paulista nacionalmente — e Furlanetto esteve entre seus articuladores.

    A vida de Américo Ferdinando Furlanetto demonstra engajamento institucional, sólida atuação técnica e compromisso com a construção de uma profissão organizada e reconhecida socialmente. Sua participação no Sindcont-SP, na fundação do Instituto da Ordem dos Contabilistas e na realização do Primeiro Congresso Paulista de Contabilidade revela papel central na formação das estruturas que sustentariam, nas décadas seguintes, a modernização da Contabilidade no Estado de São Paulo.

    Por seu pioneirismo, liderança e dedicação, Américo Ferdinando Furlanetto integra, com pleno mérito, o conjunto de Patronos cuja trajetória honra e inspira a história da Contabilidade paulista.

  • 34

    Ernani Calbucci


    Ernani Calbucci (Mogi Mirim, 15 de agosto de 1912 – 28 de março de 1964) foi uma das figuras mais eruditas e multifacetadas da vida intelectual paulista, reunindo em sua trajetória a rara combinação de economista brilhante, contabilista competente, advogado culto, professor dedicado, escritor sensível e estudioso apaixonado da língua portuguesa. Sua obra e atuação marcaram profundamente a formação contábil, econômica e cultural de São Paulo nas décadas de 1930 a 1960.

    Filho de Francisco e Carolina Calbucci, iniciou sua vida profissional no ambiente da imprensa regional, no jornal A Comarca, onde desenvolveu, ainda jovem, o gosto pelas letras, pelo estilo e pela precisão da linguagem — elementos que moldariam toda a sua produção posterior. Em 1934, graduou-se em Ciências Econômicas pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo, destacando-se com três importantes premiações acadêmicas: “Veiga Filho”, “Epitácio Pessoa” e a prestigiosa láurea “Guilherme Guinler”, concedida aos melhores alunos de sua geração.

    Em 1941, ampliou sua formação nos Estados Unidos, graças a uma bolsa do Instituto Interamericano de Intercâmbio Cultural, aperfeiçoando-se na Columbia University, em Nova York. A vivência internacional reforçou sua visão técnica e humanística, trazendo para o país novos referenciais teóricos e metodológicos. De volta ao Brasil, formou-se também em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Mackenzie, exercendo a advocacia com o mesmo rigor intelectual que caracterizava suas atividades acadêmicas.

    Como contabilista e servidor público, ocupou o cargo de contador da Prefeitura de São Paulo, atuando em um período de crescente complexidade administrativa da capital. Sua coerência técnica, capacidade analítica e postura ética tornaram-no referência entre os pares. Participou de forma ativa das entidades de classe, sendo membro do Sindicato dos Contabilistas, do Sindicato dos Economistas e da Associação Paulista de Imprensa.

    A docência foi uma das grandes vocações de sua vida. Ernani Calbucci lecionou na Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) nas décadas de 1930 e 1940, período em que a instituição se firmava como polo de excelência no ensino comercial. Seu método unia rigor conceitual, clareza didática e profundo apreço pela cultura geral — marca inesquecível para seus alunos.

    Sua contribuição intelectual é vasta. Como redator do Mensário do Contabilista, do Sindcont-SP, participou da construção de uma imprensa técnica qualificada, influenciando debates sobre terminologia, prática profissional e desenvolvimento da Contabilidade. No âmbito literário e linguístico, sua produção o elevou ao status de referência na língua portuguesa.

    Entre suas obras mais relevantes destacam-se:

    “Alvorecer” (1939) – livro de poesias, revelador de sensibilidade estética apurada;

    “Miragem” (1940) – segunda coletânea poética;

    “Léxico de Dúvidas de Linguagem” – obra de consulta amplamente difundida;

    “Questiúnculas de Língua Portuguêsa” – análises e esclarecimentos sobre questões recorrentes do idioma;

    Curso de Português por Correspondência Ernani Calbucci – difundido nacionalmente e adotado por diversas instituições.

    Durante anos, publicou no Correio Paulistano a célebre coluna dominical “Dúvidas de Linguagem”, na qual respondia, com rigor e elegância, às inquietações linguísticas de leitores, consolidando-se como autoridade na matéria.

    Seu legado foi amplamente reconhecido. O CRCSP instituiu em sua memória a Medalha Ernani Calbucci, conferida a profissionais que se destacam na área. A cidade de Mogi Mirim homenageou-o com a Escola Estadual Professor Ernani Calbucci, e a capital paulista deu seu nome à Rua Professor Ernani Calbucci, perpetuando sua presença no espaço urbano.

    A vida de Ernani Calbucci sintetiza o encontro entre técnica, cultura e humanismo. Sua contribuição à Contabilidade, à economia, à linguagem e à formação intelectual paulista faz dele um dos mais notáveis Patronos da história profissional do Estado. Seu exemplo permanece vivo como referência de erudição, ética, excelência acadêmica e profundo amor pelo conhecimento.

  • 35

    Luiz Fernando Mussolini


    Luiz Fernando Mussolini foi um dos mais respeitados educadores, líderes institucionais e formuladores do pensamento contábil e econômico paulista do século XX. Com sólida formação multidisciplinar e atuação expressiva no magistério, nas entidades de classe e no desenvolvimento das ciências contábeis e econômicas, deixou um legado que atravessa gerações e se mantém como referência para a profissão.

    Formou-se Contador em 1939 pela tradicional Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), instituição que marcaria profundamente sua vida profissional e acadêmica. Concluiu, posteriormente, o curso de Ciências Econômicas pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo (1943) e obteve o diploma de Técnico de Administração pela mesma faculdade. Com olhar atento às transformações do país, especializou-se no Curso de Extensão Universitária em Desenvolvimento Econômico da USP e no curso Problemas Brasileiros, da Escola Superior de Guerra, ampliando sua visão sobre planejamento, políticas públicas e sistemas econômicos.

    Sua contribuição no magistério foi notável e extensa. Foi Professor de Contabilidade Geral e docente de cursos de especialização na FECAP, da qual também integrou o Conselho de Curadores. Na Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo, lecionou Contabilidade Teórica e Estrutura das Organizações Econômicas, influenciando decisivamente a formação de economistas, contadores e administradores. Participou do primeiro curso de Formação de Professores para o Ensino Comercial, promovido pelo Ministério da Educação — iniciativa pioneira que profissionalizou o ensino comercial no Brasil.

    Também dirigiu e ministrou cursos no Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP) e atuou como professor de Contabilidade e Organização para as ecônomas dos Colégios Sion, Sacré-Coeur e Des Oiseaux. Sua reputação como educador o levou a proferir aulas inaugurais em importantes instituições, como a Faculdade de Ciências Econômicas de Marília, a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de São Paulo e a própria Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo.

    Na vida associativa, sua atuação foi igualmente profunda. No Sindcont-SP, exerceu cargos de destaque: Vice-Diretor Secretário, Diretor Secretário e Presidente nos biênios 1957–1958 e 1959–1960. Posteriormente, tornou-se membro interino e depois Presidente do Conselho Consultivo, consolidando sua influência e liderança no desenvolvimento técnico e institucional da entidade.

    Foi membro fundador do antigo Instituto dos Contadores Públicos do Brasil, atual Ibracon, onde ocupou posições essenciais: Vice-Presidente por dois mandatos, Presidente da Comissão de Exercício Profissional e diretoria em diversas áreas estratégicas. Entre 1962 e 1963, presidiu a Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo (Fecontesp), fortalecendo a organização regional da profissão.

    Sua representação institucional estendeu-se ainda a várias entidades:

    Diretor e membro do Conselho Superior da Ordem dos Economistas de São Paulo;

    Membro do primeiro Conselho Federal de Economistas Profissionais (1952–1964);

    Membro da Comissão de Aplicação de Fundos para o Ensino Comercial do Ministério da Educação;

    Membro fundador da Academia Paulista de Contabilidade;

    Membro fundador da ACICE – Associação Científica Internacional de Contabilidade-Economia.

    Como delegado profissional, participou de Conferências Interamericanas de Contabilidade, Congressos Nacionais e Convenções Regionais, além de prestigiosas conferências no Rotary Club de São Paulo, onde abordou temas fundamentais como:

    A direção das escolas de comércio;

    A formação do professor de Contabilidade;

    O Curso de Ciências Contábeis;

    A formação do Economista;

    O balanço para executivos.

    Seu reconhecimento público e profissional veio em forma de importantes honrarias:

    Contabilista Emérito (1972);

    Sócio Benemérito do Sindcont-SP (1986);

    Sócio Benemérito da Ordem dos Economistas;

    Certificado de Honra ao Mérito do Sindicato dos Contabilistas do Paraná.

    A trajetória de Luiz Fernando Mussolini sintetiza o espírito dos grandes Patronos: competência técnica, visão acadêmica, atuação institucional exemplar e compromisso com o desenvolvimento da Contabilidade e da Economia como ciências e profissões. Seu legado permanece vivo nas instituições que ajudou a fortalecer e nas gerações que se beneficiaram de sua dedicação, rigor e liderança.

  • 36

    Iris Miguel Rotundo


    Íris Miguel Rotundo foi uma das grandes referências da Contabilidade paulista e da Auditoria Independente no Brasil, atuando como líder classista, empresário pioneiro de serviços contábeis e de auditoria e figura central na história do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo. Sua trajetória se confunde com a própria consolidação da profissão contábil organizada no Estado de São Paulo, especialmente a partir da década de 1930.

    Ligado ao movimento associativo desde muito cedo, Íris Miguel Rotundo exerceu papel de destaque no Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), entidade na qual ocupou a Presidência nos períodos de 1938 a 1940, em 1941 e novamente de 1953 a 1954. Nessas gestões, participou de decisões estratégicas para o fortalecimento do Sindicato e da classe, destacando-se, entre outros feitos, pela articulação que levou à aquisição de sede própria no Edifício C.B.I., na Praça Ramos de Azevedo, marco importante na história patrimonial do Sindcont-SP. Pelo conjunto de serviços prestados, foi agraciado com o título de Sócio Benemérito do Sindcont-SP, honra reservada a personalidades de contribuição excepcional à entidade.

    No campo empresarial, Íris Miguel Rotundo é lembrado como um dos pioneiros dos serviços profissionais de Contabilidade e Auditoria no país. Em 1931, ao lado de Pedro Pedreschi e Frederico Herrmann Júnior, fundou aquela que é tradicionalmente considerada a primeira firma de serviços contábeis de que se tem notícia no Brasil, sob a razão social “Herrmann, Pedreschi & Cia.” A sociedade atuou de forma inovadora ao organizar serviços contábeis em moldes empresariais, e sua experiência serviu de base para o surgimento de importantes organizações de auditoria que a sucederam.

    Alguns anos depois, a firma foi dissolvida para que os três sócios pudessem constituir suas próprias organizações. Desse desdobramento nasceram a Soteca – Sociedade Técnica de Contabilidade e Auditoria, a Organização Nacional de Auditores e a Revisora Nacional – Peritos em Contabilidade, esta última ligada a Íris Miguel Rotundo, consolidando-se como uma das casas de auditoria mais respeitadas de sua época. De acordo com o registro da própria classe contábil, a Revisora Nacional, fundada em 1937 por Íris Miguel Rotundo e Horácio Berlinck, prestou serviços de auditoria, perícia e consultoria por várias décadas, contribuindo para a consolidação da auditoria independente no Brasil.

    Sua atuação como auditor e empresário não o afastou da vida acadêmica e intelectual da profissão. Íris Miguel Rotundo integrou o Conselho Deliberativo da FECAP, participando das discussões sobre o desenvolvimento do ensino contábil superior em São Paulo, e envolveu-se ativamente em congressos, reuniões técnicas e iniciativas voltadas ao aperfeiçoamento da prática contábil e da auditoria.

    O reconhecimento à sua trajetória ultrapassou o âmbito estritamente profissional. Na Academia Paulista de Contabilidade, Íris Miguel Rotundo é Patrono da Cadeira nº 36, perpetuando sua memória no âmbito acadêmico e científico da Contabilidade paulista. No próprio Sindcont-SP, sua lembrança também é preservada no “Espaço Multiuso Professor Íris Miguel Rotundo”, instalado na sede da entidade, símbolo do apreço e da gratidão da classe contábil pela sua liderança histórica.

    A vida de Íris Miguel Rotundo revela um profissional que uniu espírito empreendedor, visão institucional e compromisso permanente com a organização da classe contábil. Como presidente do Sindcont-SP, pioneiro na criação de firmas de serviços contábeis e de auditoria e Patrono da Academia Paulista de Contabilidade, inscreve-se entre as figuras que ajudaram a construir a identidade e a respeitabilidade da Contabilidade brasileira, servindo de referência para as novas gerações de profissionais.

  • 37

    Emílio do Amaral Ribeiro de Figueiredo


    Emílio do Amaral Ribeiro de Figueiredo (Barcelos, Portugal, 10 de fevereiro de 1883 – São Paulo, 1954) foi um dos mais destacados nomes da Contabilidade paulista e uma figura singular na história profissional brasileira pela amplitude de sua atuação técnica, cultural e internacional. Perito-Contador, Contabilista, professor e Tradutor Público Juramentado em quatro idiomas, destacou-se como intelectual cosmopolita e como um dos primeiros representantes brasileiros a ocupar posição de relevo em entidades contábeis internacionais.

    Nascido em Portugal, filho de Fernando de Figueiredo e Leonor Amaral Ribeiro, transferiu-se ainda jovem para São Paulo, onde construiu carreira sólida e multifacetada. Naturalizou-se brasileiro em 1939, consolidando definitivamente seus vínculos com o país que adotou como pátria e onde alcançaria notável reconhecimento.

    Profissional altamente capacitado, dominava as línguas francesa, italiana, espanhola e inglesa, o que lhe permitiu atuar com excelência como Tradutor Público Juramentado, função de grande responsabilidade e relevância em um período de intensa imigração e crescimento econômico no Estado de São Paulo. Seu domínio linguístico e cultural abriu portas também para interlocução técnica com entidades internacionais, algo raro para a época.

    Como Perito-Contador e Contabilista, destacou-se pela precisão, rigor técnico e reputação ética, tornando-se uma das referências mais respeitadas da Contabilidade paulistana na primeira metade do século XX. Atuou em processos judiciais, arbitrais e comerciais, sendo frequentemente procurado por empresas nacionais e estrangeiras para avaliações, perícias e consultorias nos ambientes de comércio, indústria e finanças.

    Sua projeção ultrapassou fronteiras. Emílio Figueiredo alcançou reconhecimento internacional ao tornar-se Vice-Presidente da Associação Internacional de Contabilidade, com sede em Bruxelas, instituição de grande prestígio técnico na Europa. Essa posição o colocou entre os raríssimos contabilistas atuantes no Brasil que, já nas décadas de 1920 e 1930, mantinham interlocução direta com organismos internacionais de contabilidade — muito antes da globalização dos padrões contábeis.

    Foi também membro ativo de sociedades contabilísticas na Bélgica, no Peru e no Brasil, ampliando a circulação de ideias, técnicas e princípios contábeis entre diferentes países. Essa inserção internacional destaca sua visão moderna e seu papel precursor na articulação de práticas que mais tarde fundamentariam a convergência e a harmonização contábil.

    Em São Paulo, tornou-se figura conhecida e admirada pelo meio profissional. Sua atuação ética, sua formação cosmopolita e sua competência técnica o tornaram referência procurada por escritórios, empresas e entidades da classe. Como tradutor juramentado e perito especializado, transitou entre tribunais, repartições públicas, consulados e empresas multinacionais em um período de intensa modernização do cenário econômico paulista.

    Emílio do Amaral Ribeiro de Figueiredo deixou marca indelével na história da Contabilidade brasileira. Sua trajetória une pioneirismo internacional, excelência técnica, sólida formação humanística e contribuições decisivas para o reconhecimento da profissão em ambientes nacionais e estrangeiros.

    Por sua personalidade intelectual, rigor profissional e papel precursor na representação internacional da Contabilidade, Emílio Figueiredo figura com pleno mérito entre os Patronos, cuja memória ilumina as origens da profissão no Estado de São Paulo e inspira as novas gerações de profissionais.

  • 38

    Hilário Franco


    Hilário Franco foi um dos mais influentes contadores, economistas e administradores do século XX, reconhecido nacional e internacionalmente por sua contribuição decisiva à pesquisa contábil, ao ensino superior, à auditoria e ao desenvolvimento institucional da profissão. Sua trajetória, marcada pela erudição, liderança e profundo senso de serviço público, consolidou-o como uma das figuras mais respeitadas da história da Contabilidade no Brasil.

    Professor brilhante, tornou-se Professor Emérito da Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo, distinção concedida a docentes de excelência acadêmica e dedicação exemplar. Na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) — instituição onde exerceu parte importante de sua carreira docente — recebeu a prestigiosa Medalha do Mérito Alvarista, homenagem reservada a professores que contribuíram significativamente para o pensamento contábil e para a formação de gerações de profissionais.

    Sua atuação profissional foi igualmente notável. Participou da Revisora Nacional, organização de auditoria que teve papel histórico na consolidação dos serviços de auditoria independente no Brasil, ao lado de nomes como Luiz Fernando Mussolini, Bacchi e Marra. A Revisora Nacional tornou-se referência na área, especialmente no trabalho técnico e na elaboração de procedimentos que influenciaram a auditoria moderna no país.

    A renomeada carreira de Hilário Franco também ultrapassou fronteiras. Em reconhecimento ao impacto de sua obra e de sua atuação institucional, recebeu o título de Contador Benemérito das Américas, concedido pela Associação Interamericana de Contabilidade, uma das maiores honrarias internacionais da profissão. No âmbito nacional, foi agraciado com a Medalha de Ouro “Mérito Contábil João Lyra”, outorgada pelo Conselho Federal de Contabilidade, distinção reservada a profissionais de contribuição extraordinária ao saber contábil.

    No movimento associativo paulista, sua presença foi decisiva. Recebeu os títulos de Contabilista Emérito e Sócio Benemérito do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), entidade na qual deixou legado institucional e intelectual. Como expressão desse reconhecimento, o Sindicato instituiu o Prêmio Professor Hilário Franco, que leva seu nome e homenageia sua dedicação exemplar à docência, à pesquisa e à profissão.

    No espaço urbano da cidade de São Paulo, seu legado também foi perpetuado com a denominação da Praça Hilário Franco, homenagem que simboliza a relevância cultural e comunitária de sua contribuição.

    Além de professor e líder institucional, Hilário Franco destacou-se como autor de obras fundamentais para a Contabilidade contemporânea, entre elas:

    A Contabilidade na Era da Globalização – reflexões sobre os desafios do pensamento contábil em ambientes econômicos dinâmicos e internacionalizados;

    Auditoria Contábil: Normas de Auditoria, Procedimentos e Papéis de Trabalho, Programas de Auditoria, Relatórios de Auditoria – uma das bases da formação moderna em auditoria independente;

    Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços – referência clássica na formação em análise de demonstrações financeiras.

    Sua produção bibliográfica, amplamente utilizada em cursos superiores e treinamentos profissionais, moldou a formação de milhares de contadores, auditores e administradores, mantendo-se atual por sua profundidade conceitual e clareza didática.

    A vida e a obra de Hilário Franco sintetizam o que há de mais elevado na tradição contábil brasileira: rigor científico, compromisso ético, vocação docente, espírito de liderança e dedicação permanente ao aprimoramento da profissão. Por sua contribuição intelectual, institucional e humana, figura entre os maiores Patronos da Contabilidade paulista e latino-americana, cuja memória continuará a inspirar gerações de profissionais.

  • 39

    Ynel Alves de Camargo


    Ynel Alves de Camargo foi um dos mais expressivos líderes da Contabilidade brasileira no século XX, destacando-se pela excelência acadêmica, pela atuação administrativa e pelo papel decisivo que exerceu no fortalecimento institucional da profissão. Contador, administrador de empresas e educador nato, tornou-se referência ética e intelectual para sucessivas gerações de profissionais.

    Sua carreira acadêmica foi marcada pela dedicação exemplar ao magistério. Foi Professor Titular Emérito da Universidade Católica de Santos (Unisantos), onde formou centenas de contadores e economistas e exerceu influência determinante na consolidação dos cursos de Ciências Contábeis da região. Atuou também como docente da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), demonstrando amplitude nacional em sua trajetória pedagógica.

    Na área de gestão educacional, desempenhou papel relevante como Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas e Comerciais da Unisantos e como Diretor-Presidente do Instituto Educacional Brasília S/A, em São Vicente (SP). Sua atuação nesses órgãos contribuiu para a modernização curricular e o fortalecimento institucional das escolas de formação contábil.

    Ynel Alves de Camargo foi igualmente reconhecido por sua intensa participação no movimento associativo e no avanço normativo da profissão. Recebeu a Medalha Mérito Contábil João Lyra, a mais elevada honraria concedida pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), distinção reservada a profissionais cuja atuação marca de forma permanente o desenvolvimento da Contabilidade brasileira. Também foi agraciado com o Diploma de Mérito Profissional da Associação Interamericana de Contabilidade (AIC), em 1996, e com a Medalha Hilário Franco, conferida pelo CRCSP em 2003 — símbolo da admiração que a classe nutria por seu legado.

    Sua contribuição mais emblemática ocorreu durante suas duas gestões como Presidente do Conselho Federal de Contabilidade (1974–1977). Nesse período, Ynel Camargo impulsionou profundas transformações estruturais no sistema CFC/CRCs. Entre seus principais avanços destacam-se:

    integração e fortalecimento da ação fiscalizadora dos Conselhos Regionais;

    realização do primeiro seminário nacional reunindo os setores de Fiscalização e Registro dos CRCs;

    implantação da auditoria interna no âmbito do CFC;

    criação do setor operacional, para ampliar o suporte aos Regionais;

    pesquisas pioneiras junto às faculdades de Ciências Contábeis, mapeando o número de formandos e as demandas da formação superior;

    empenho estratégico para a unificação da categoria contábil;

    participação ativa na reformulação do Decreto-Lei nº 9.295/46, tendo encaminhado ao Legislativo federal um anteprojeto de modernização da legislação profissional.

    Guardado na memória da classe como o “Professor Ynel”, era admirado pela erudição, pela simplicidade pessoal e pela firmeza com que defendia a ética, o desenvolvimento técnico e a valorização da profissão contábil.

    Com trajetória marcada por liderança, disciplina e compromisso público, Ynel Alves de Camargo consolidou-se como um dos grandes construtores das instituições contábeis brasileiras. Sua vida e obra permanecem como referência das mais elevadas para a Academia Paulista de Contabilidade e para toda a comunidade contábil do país.

  • 40

    Horácio Berlinck


    Horácio Berlinck Cardoso (Nossa Senhora do Desterro/atual Florianópolis, 17 de janeiro de 1868 – São Paulo, 20 de setembro de 1948) foi um dos nomes mais representativos da formação e consolidação do ensino comercial e da técnica contábil em São Paulo, atuando como contador, economista, professor e homem público, com trajetória marcada por sobriedade, espírito de serviço e vocação educacional. É Patrono da Cadeira nº 40 da Academia Paulista de Contabilidade, reconhecimento compatível com sua contribuição para a profissão e para a educação de negócios no Brasil.

    Sua carreira se estruturou na interseção entre prática profissional, docência e administração pública. Segundo registros biográficos, estudou contabilidade industrial com o escocês David Justice, prestou serviços contábeis a organizações relevantes da época (como o Banco de São Paulo) e exerceu funções públicas, tendo sido nomeado secretário de finanças e também vereador em São Paulo — experiências que reforçaram sua visão de organização, gestão e utilidade social da informação contábil. Na docência, destacou-se como professor de contabilidade, com atuação a partir de 1895 na Escola Politécnica e no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, contribuindo para a formação técnica em um período de acelerada modernização econômica e institucional.

    Entre suas realizações mais duradouras está a participação na criação e consolidação da escola que se tornaria referência nacional no ensino comercial. Em 1902, ao lado de Antônio Álvares Leite Penteado e de outros líderes ligados ao comércio paulistano, participou do movimento que resultou na fundação da Escola Prática de Comércio, embrião da atual Fundação/Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP/ECAP). Ao longo do tempo, sua atuação associou-se à direção e ao fortalecimento institucional da Escola — chegando ao posto de Diretor-Presidente, função que exercia quando faleceu, em 1948.

    O perfil pessoal descrito em memórias e registros históricos o apresenta como homem boníssimo, de trato simples e grande espírito de cooperação, com presença marcante no meio educacional e profissional. Por sua experiência acumulada na Escola de Comércio, foi convidado a colaborar com políticas públicas educacionais, sendo citado como participante relevante das reformas do ensino (com referência às reformas de 1905, 1926 e 1931). No plano familiar, casou-se com Benedita de Godoi, com quem teve cinco filhos — Ciro, Nelson, Maria de Lourdes, Noemi e Ruth — e há indícios de residência da família na Avenida Paulista, no período em que o endereço aparece associado ao seu nome em registros históricos.

  • 41

    Cássio José de Toledo


    Cássio José de Toledo foi um destacado Perito Contador, professor e dirigente associativo que integrou a geração de profissionais responsáveis pela estruturação e consolidação da Contabilidade paulista na primeira metade do século XX. Reconhecido por sua atuação técnica rigorosa, pelo compromisso com a ética profissional e pela dedicação ao ensino superior, deixou contribuição marcante nos ambientes acadêmico, institucional e administrativo.

    Atuante no serviço público e na academia, Cássio José de Toledo foi Contador da Faculdade de Direito do Estado de São Paulo — hoje Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo — função que exerceu por volta de 1937, desempenhando tarefas essenciais na organização contábil e financeira de uma das instituições de ensino mais tradicionais do país. Em período anterior à existência de sistemas informatizados ou modelos padronizados, sua atuação foi reconhecida pela precisão técnica e pela confiabilidade dos registros, atributos fundamentais para o funcionamento acadêmico e administrativo da Faculdade.

    Paralelamente às atividades no setor público, desempenhou funções na área educacional, tendo atuado como Professor da Universidade de São Paulo (USP). Seu trabalho docente contribuiu para a formação de quadros qualificados em um momento de profunda transformação do ensino comercial no Brasil, quando a USP — fundada em 1934 — começava a se firmar como centro de excelência intelectual.

    Na esfera associativa, Cássio José de Toledo dedicou-se ao fortalecimento da classe contábil paulista. Foi Diretor do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP) em 1935, participando de uma gestão que buscou organizar a profissão, ampliar a representação dos contabilistas e defender melhores condições de trabalho e formação. O período é considerado um dos mais importantes do Sindcont-SP, caracterizado pela ampliação dos serviços oferecidos pela entidade, pela defesa do ensino comercial e pelo fortalecimento da identidade profissional dos contabilistas.

    Como Perito Contador, Cássio destacou-se pela prática sólida, pela credibilidade em processos judiciais e pela atuação na análise de documentos, perícias contábeis e avaliações patrimoniais — atividades que, naquele período, exigiam elevado conhecimento técnico e domínio das técnicas contábeis europeias e brasileiras.

    Embora a documentação histórica disponível a seu respeito seja limitada, as referências institucionais preservadas demonstram que Cássio José de Toledo integrou o grupo de profissionais que lançaram as bases da contabilidade universitária, pública e associativa em São Paulo, atuando de forma discreta, porém profundamente efetiva.

    Sua trajetória reflete o perfil dos precursores que, por meio do serviço público, do magistério e da representação profissional, contribuíram para a construção da Contabilidade moderna e para o desenvolvimento das instituições que até hoje sustentam a profissão no estado e no país.

  • 42

    Américo Oswaldo Campiglia


    Américo Oswaldo Campiglia foi um dos mais respeitados contadores e auditores de sua geração, reunindo em sua trajetória uma combinação rara de excelência acadêmica, liderança institucional e atuação destacada na administração pública e no setor empresarial. Reconhecido por sua profundidade técnica e pela capacidade de articular a Contabilidade com a gestão e a governança, tornou-se referência nacional na docência, na auditoria e no pensamento contábil contemporâneo.

    Formado Contador, construiu carreira acadêmica sólida como Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), onde lecionou Contabilidade no Curso de Engenharia de Produção. Seu trabalho docente foi decisivo para introduzir conteúdos contábeis no ambiente da engenharia, contribuindo para formar gerações de profissionais com visão integrada entre processos industriais, custos, controles e demonstrações financeiras. Sua didática precisa e a capacidade de traduzir conceitos complexos em aplicações práticas marcaram sua presença na Poli-USP.

    A influência de Campiglia ultrapassou os limites acadêmicos e alcançou posições de grande relevância no setor público. Foi Presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo (Badesp) e da DERSA – Desenvolvimento Rodoviário S.A., exercendo papéis estratégicos na gestão financeira e no planejamento de infraestrutura do Estado. Sua atuação nessas instituições evidenciou a rara combinação de domínio técnico contábil, visão administrativa e senso de responsabilidade pública.

    Por seu trabalho de grande impacto social e institucional, recebeu, em 1982, o título de Grão-Mestre da Ordem do Ipiranga, a mais alta comenda do Estado de São Paulo, concedida a personalidades de contribuição excepcional à sociedade paulista.

    Campiglia foi também figura atuante na representação profissional. No Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), foi Diretor nas gestões de 1931 e 1932, colaborando em um período de expansão e fortalecimento da classe contábil paulista. Sua visão moderna de organização profissional influenciou debates que mais tarde estruturariam o desenvolvimento das entidades contábeis no Estado.

    Empreendedor e líder na área de auditoria independente, fundou a Campiglia Auditores e Consultores, empresa que se tornou referência pela qualidade técnica, pelo rigor dos processos e pela formação de profissionais especializados em contabilidade, auditoria, controladoria e gestão financeira. Sua atuação contribuiu para elevar o nível técnico dos serviços de auditoria no país.

    Autor prolífico, deixou um conjunto de obras que se tornaram referência obrigatória na literatura contábil brasileira, entre elas:

    Contabilidade Básica (1966), marco fundamental na formação de estudantes e profissionais iniciantes;

    Introdução à Hermenêutica das Demonstrações Contábeis, obra pioneira ao abordar interpretação e significado das demonstrações financeiras;

    Comentários à Lei das Sociedades Anônimas (1978), referência jurídica e contábil no período pós-reforma societária;

    Controles de Gestão: Controladoria Financeira das Empresas (1994), contribuição importante para o desenvolvimento da controladoria no Brasil.

    Sua relevância histórica foi reconhecida pelo Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, que o escolheu como Patrono de Diploma de Mérito, perpetuando sua memória e sua contribuição à formação das futuras gerações da profissão.

    A trajetória de Américo Oswaldo Campiglia sintetiza rigor técnico, espírito público, vocação acadêmica e empreendedorismo institucional. Seu legado permanece vivo nas instituições que ajudou a construir, nos alunos que formou, nas obras que publicou e no desenvolvimento da Contabilidade e da auditoria no Brasil.

  • 43

    Philomeno Joaquim da Costa


    Philomeno Joaquim da Costa (São Paulo, 7 de fevereiro de 1906 – São Paulo, novembro de 1995) foi um dos mais notáveis juristas, contadores e intelectuais do Direito Comercial brasileiro no século XX. Contador e advogado, professor, reitor universitário, dirigente de entidades da classe e autor de obras de referência, construiu uma trajetória marcada pela erudição, pela ética e pelo compromisso permanente com o ensino e o desenvolvimento das instituições acadêmicas e profissionais.

    Ainda menino, destacou-se como estudante brilhante: cursou a Escola Modelo Caetano de Campos e, depois, o Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, mantendo sempre o primeiro lugar na turma. Órfão muito cedo, viu-se, aos 14 anos, na condição de arrimo de família, sem jamais abandonar os estudos, experiência que marcou profundamente seu caráter e sua disciplina intelectual.

    Formou-se Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) em 1929, instituição à qual permaneceria ligado por toda a vida acadêmica. Paralelamente, diplomou-se Contador pela Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), unindo, assim, a formação jurídica à formação contábil, combinação que explicaria seu protagonismo no campo do Direito Comercial e Societário.

    Em 1941, concorreu à livre-docência em Direito Comercial na Faculdade de Direito da USP com tese sobre sociedade de responsabilidade limitada, sendo posteriormente nomeado professor e, mais tarde, Professor Catedrático de Direito Comercial daquela Casa. Sua atuação o colocou entre os “mestres do Direito Comercial da Faculdade de Direito de São Paulo”, ao lado de nomes como Rubens Requião e Oscar Barreto Filho.
    Revista de Direito Mercantil

    Como docente, Philomeno lecionou Direito Comercial na Faculdade de Direito do Mackenzie, Direito Industrial na Faculdade de Direito de Campinas, e, na USP, regeu cadeiras especializadas como “Sociedades Anônimas em Direito Comparado” e “Técnica Jurídica do Desenvolvimento” nos cursos de Especialização e, depois, na Pós-Graduação da Faculdade de Direito.

    Na Universidade Presbiteriana Mackenzie, exerceu funções centrais: foi Diretor da Faculdade de Direito, depois Reitor da Universidade Mackenzie (1974–1977) e integrou o Conselho Universitário. Como reitor, participou ativamente dos debates sobre expansão do ensino superior privado e integrou iniciativas como a criação de entidade representativa das mantenedoras de ensino superior no Estado de São Paulo.

    Sua atuação no sistema universitário público também foi relevante: foi Membro do Conselho Universitário da USP e integrou a Comissão de Implantação da Pós-Graduação nas Faculdades da Universidade de São Paulo, contribuindo para o desenho do modelo de pós-graduação que se tornaria referência nacional.

    Desde os primeiros anos de sua carreira, Philomeno manteve estreita relação com a Contabilidade organizada. Em 1936–1937, foi Presidente do Instituto Paulista de Contabilidade, entidade que corresponde ao atual Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), representando a classe contábil em um período de estruturação institucional e de afirmação profissional.

    No campo doutrinário e editorial, exerceu funções de grande destaque. Foi Diretor da Revista dos Tribunais entre 1933 e 1951 e, mais tarde, Diretor da Revista de Direito Mercantil, em 1971, influenciando decisivamente a difusão do pensamento jurídico e comercial brasileiro.

    Philomeno Joaquim da Costa também presidiu o Instituto de Direito Comercial Comparado e Biblioteca Tullio Ascarelli, consolidando sua posição como um dos grandes nomes do Direito Comercial comparado no Brasil.

    Sua produção intelectual é vasta e qualificada. Entre suas principais obras, destacam-se:

    Autonomia do Direito Comercial (Revista dos Tribunais, 1956), estudo clássico sobre a natureza e a autonomia científica do ramo comercial;

    As Partes Beneficiárias (Saraiva, 1965), análise aprofundada de importante instituto societário;

    Anotações às Companhias (Revista dos Tribunais, 1980), comentário sistemático à Lei nº 6.404/1976, obra de referência para estudiosos do Direito Societário.

    Além dos livros, publicou inúmeros artigos sobre sociedades anônimas, mercado de capitais, falência e temas correlatos, sendo frequentemente citado em decisões judiciais e na doutrina comercial brasileira.

    Ao longo de sua vida, Philomeno Joaquim da Costa acumulou funções de professor, pesquisador, advogado, contador, gestor universitário, líder de classe e intelectual público. De temperamento discreto, mas de espírito combativo e rigor intelectual, é lembrado pelos contemporâneos como mestre exigente, porém generoso, sempre disponível ao diálogo com alunos e colegas.

    Por sua dupla condição de Contador e Advogado, pela atuação destacada à frente do Instituto Paulista de Contabilidade e pelo papel central no desenvolvimento do Direito Comercial brasileiro, Philomeno Joaquim da Costa figura, com pleno mérito, entre os grandes Patronos da Contabilidade e do Direito Mercantil, servindo de referência histórica e ética para as novas gerações de profissionais.

  • 44

    Emílio Bacchi


    Emílio Bacchi foi um dos grandes nomes da Contabilidade paulista e brasileira no século XX, reconhecido como pioneiro da profissão, líder institucional, dirigente empresarial e referência ética para gerações de contabilistas. Sua trajetória uniu sólida atuação técnica, responsabilidade pública e compromisso permanente com o desenvolvimento das entidades representativas da classe.

    Profissional de formação exemplar, destacou-se desde cedo pela capacidade de organização, precisão técnica e visão moderna da Contabilidade em um período de transformações decisivas na economia e na gestão corporativa no país. Sua reputação o levou a ocupar cargos de relevância tanto no meio empresarial quanto nas entidades de classe.

    No setor privado, atuou como Diretor da Companhia Antárctica Paulista, uma das maiores empresas brasileiras de bebidas e alimentos da época, onde contribuiu diretamente para o fortalecimento das práticas contábeis e de controle interno em ambiente corporativo complexo e em franco crescimento. Sua atuação é lembrada pela competência administrativa, equilíbrio e rigor profissional.

    Na esfera associativa, Emílio Bacchi exerceu papel central no fortalecimento da classe contábil paulista. Foi Presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP) no biênio 1961–1962, período marcado pela intensificação das ações de valorização profissional, promoção de cursos, aprimoramento técnico e ampliação do diálogo com instituições públicas e privadas.

    Em reconhecimento a essa trajetória, recebeu em 1969 o título de Contabilista Emérito do Sindcont-SP, uma das mais altas distinções concedidas pela entidade. Sua liderança o conduziu também à Presidência da Fecontesp – Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo – entre 1966 e 1968, onde contribuiu para integrar as representações regionais e ampliar a força política e institucional da categoria no Estado.

    Sua projeção ultrapassou o âmbito estadual. A Academia Brasileira de Ciências Contábeis (ABRACICON) reconheceu Emílio Bacchi como pioneiro da Contabilidade no Brasil, honraria reservada a personalidades que tiveram papel fundamental na estruturação e evolução da profissão em suas primeiras décadas de consolidação.

    Também é Patrono da Cátedra nº 18 da Academia Brasileira de Ciências Econômicas, Políticas e Sociais (ABRACONE), homenagem que perpetua sua contribuição intelectual e institucional no campo das ciências econômicas e contábeis. No âmbito da representação profissional, foi ainda escolhido Patrono de Diploma de Mérito do CRCSP, em 1991, reconhecimento que reflete sua importância histórica e seu prestígio entre os profissionais paulistas.

    Com atuação marcada pela integridade, espírito de liderança e profundo compromisso com o desenvolvimento técnico da Contabilidade, Emílio Bacchi consolidou-se como figura de referência entre os grandes construtores da profissão no Brasil. Sua vida e legado permanecem como inspiração para as gerações presentes e futuras da comunidade contábil.

  • 45

    Alfredo Anders


    Alfredo Anders foi uma das figuras centrais na história do Instituto/Universidade Mackenzie e do ensino comercial ligado à tradição educacional presbiteriana em São Paulo. Contabilista, educador e gestor acadêmico, é apontado como fundador da Universidade Mackenzie e como um dos principais responsáveis pela estruturação de sua Escola de Comércio, na qual exerceu funções diretivas e administrativas por muitos anos.

    Ligado à administração do Instituto Mackenzie em diferentes períodos, o nome de Alfredo Anders aparece em relatórios, anuários e documentos institucionais como membro da Diretoria Administrativa e personalidade de referência na condução das escolas ligadas ao Instituto — incluindo a Escola Americana, os cursos científicos e clássicos e a própria Escola de Comércio.

    Seu trabalho se insere no esforço de expansão do ensino secundário, técnico e superior de inspiração protestante, que marcou a educação paulista na primeira metade do século XX.

    Educador vocacionado, Anders participou da criação e organização de novos níveis de ensino, como mostram registros históricos do metodismo paulista, que o citam como responsável pela implantação de classes de jardim da infância e pela criação, em meados da década de 1930, de cursos ginasiais e técnicos em instituições ligadas à mesma tradição educacional.

    Esses movimentos revelam seu compromisso com uma visão abrangente da educação, da infância ao ensino superior.

    No âmbito do ensino comercial, destacou-se como Diretor da Escola de Comércio Mackenzie, contribuindo para a consolidação de um currículo que unia sólida formação contábil e administrativa a uma base ética e humanista. Nessa função, participou da formação de gerações de profissionais que atuariam em bancos, empresas, escritórios de contabilidade e repartições públicas, em um momento de forte modernização econômica do país.

    Sua atuação alcançou também o campo jurídico e institucional. Em 1951, Alfredo Anders, em conjunto com o jurista Miguel Reale, apresentou a proposta de criação da Faculdade de Direito Mackenzie, iniciativa que ampliou o espectro acadêmico da instituição, conectando sua tradição em ensino comercial e técnico à formação jurídica em nível superior.

    A Faculdade de Direito Mackenzie, construída a partir dessa proposta, tornar-se-ia, nas décadas seguintes, um dos polos importantes do ensino jurídico em São Paulo.

    Como reconhecimento à sua trajetória e contribuição ao ensino e à Contabilidade, o nome de Alfredo Anders foi inscrito entre os Patronos da Academia Paulista de Contabilidade, ligado à Cadeira correspondente, perpetuando sua memória entre os grandes nomes que ajudaram a estruturar o ensino contábil e a formação profissional no Estado de São Paulo.

    A vida de Alfredo Anders, marcada pela combinação de gestão acadêmica, visão educacional ampla e participação em projetos fundadores — como a estruturação da Universidade/Instituto Mackenzie e a proposição de sua Faculdade de Direito — o coloca entre os pioneiros da educação contábil e superior paulista, referência histórica para a Academia Paulista de Contabilidade e para toda a comunidade acadêmica ligada ao Mackenzie.

  • 46

    Armando Aloe


    Armando Aloe foi um dos mais prolíficos e influentes contabilistas paulistas do século XX, destacando-se como educador, escritor, dirigente associativo, especialista em múltiplas áreas da Contabilidade e referência técnica em órgãos públicos e instituições de ensino. Sua trajetória revela dedicação exemplar ao desenvolvimento da profissão contábil e à formação de novas gerações de profissionais.

    Formado Guarda-livros pelo Instituto Comercial do Rio de Janeiro – Sucursal de Taubaté, iniciou sua carreira ainda jovem, em um período de modernização das técnicas contábeis e expansão do ensino comercial no Estado de São Paulo. Seu talento para a escrita, a didática e a sistematização do conhecimento prontamente o colocou entre os profissionais mais respeitados de sua época.

    Exerceu funções relevantes no setor público, atuando como Contador do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e também da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Mackenzie, onde participou da organização financeira e administrativa em um momento de fortalecimento acadêmico da instituição.

    No campo educacional, Armando Aloe dedicou grande parte de sua vida ao magistério. Lecionou na Escola Técnica de Comércio São Luís, na Escola Técnica 30 de Outubro e nos cursos do Departamento de Serviço Público, contribuindo para a formação técnica de milhares de alunos. Sua didática clara e prática marcou diversas gerações de estudantes e contabilistas.

    Paralelamente, atuou no setor privado e institucional, com destaque para seu trabalho na S.A. Diário de São Paulo e no Conselho Administrativo do Estado, funções que exigiam rigor contábil e visão administrativa.

    Figura central do movimento associativo contábil, Armando Aloe teve longa atuação no Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP). Foi diretor da entidade e, durante anos, redator-chefe das importantes publicações Revista Paulista de Contabilidade e Mensário do Contabilista, exercendo papel fundamental na difusão técnica, no debate profissional e na consolidação de uma cultura contábil sólida em São Paulo.

    Foi também um dos fundadores do Centro de Estudos e Debates Fisco-Contábeis, criado oficialmente em 1949, núcleo que se tornou espaço privilegiado de formação continuada e troca de conhecimentos entre profissionais da área.

    Sua atuação institucional incluiu ainda o exercício do cargo de Conselheiro Suplente do CRCSP, no triênio 1967–1969, e a participação como membro da ACICE – Associação Científica Internacional de Contabilidade e Economia, organização que reunia personalidades dedicadas ao estudo e ao avanço científico da Contabilidade.

    A produção bibliográfica de Armando Aloe é vasta e diversificada. Autor de livros sobre Contabilidade Agrícola, Bancária, Geral, Aplicada, Industrial e Pública, destacou-se também por obras de caráter prático, como manuais de Escrituração Mercantil, Prática de Escritório, além de uma monumental Enciclopédia da Contabilidade, demonstrando seu compromisso com a difusão acessível e estruturada do conhecimento.

    O reconhecimento de sua trajetória pela classe contábil resultou em sua escolha como Patrono de Diploma de Mérito do CRCSP, homenagem que perpetua sua memória entre os grandes nomes da Contabilidade paulista.

    Com vida dedicada ao ensino, à pesquisa, ao serviço público e à construção institucional, Armando Aloe permanece como referência exemplar de técnica, ética, dedicação e espírito de serviço à profissão contábil brasileira.

  • 47

    José Foresti


    José Foresti foi um dos nomes de destaque da Contabilidade paulista, com atuação marcante na administração pública municipal, nas entidades de classe e na formação de profissionais, sendo reconhecido pela seriedade técnica, espírito associativo e dedicação à profissão contábil.

    Servidor de carreira, exerceu o cargo de Auditor da Fazenda Municipal na cidade de São Paulo, função que exige elevado grau de conhecimento contábil, tributário e de finanças públicas. Nessa posição, participou da análise de lançamentos, fiscalização de tributos e controle de receitas, contribuindo para o aperfeiçoamento da gestão fiscal do município.

    Sua presença na vida associativa foi intensa e duradoura. Em 1935, José Foresti assumiu a Presidência do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), integrando a primeira geração de dirigentes da entidade e participando do processo de consolidação institucional do Sindicato em um momento em que a profissão ainda estruturava sua representação organizada. A galeria oficial de presidentes do Sindcont-SP registra seu mandato entre os líderes históricos da casa.

    Após a presidência, continuou colaborando com a entidade em diversas funções. Registros históricos indicam que atuou como Diretor do Sindcont-SP nas gestões de 1942–1943 e 1944–1945, além de integrar conselhos e órgãos internos em gestões posteriores, participando ativamente das decisões políticas e técnicas que moldaram o rumo do Sindicato nas décadas seguintes.

    A ligação de José Foresti com a formação técnica e acadêmica também se reflete no fato de ter sido citado como professor universitário, sendo lembrado por colegas e instituições da classe como educador comprometido com o ensino de Contabilidade e com a transmissão de conhecimento às novas gerações.

    Seu nome foi perpetuado em diversas instâncias da representação profissional. Na Academia Paulista de Contabilidade (APC), José Foresti é Patrono da Cadeira nº 47, cadeira atualmente ocupada por acadêmicos como José Joaquim Boarin e, mais recentemente, João Miguel da Silva, o que demonstra o prestígio de sua trajetória entre os pares.

    No âmbito do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP), foi escolhido como Patrono de Diploma de Mérito, honraria que reconhece sua relevância histórica e seu legado para a profissão contábil paulista.

    De acordo com registro publicado em obra comemorativa da Academia Paulista de Contabilidade, José Foresti faleceu em 2013, sendo lembrado como professor universitário e liderança histórica da classe, cuja atuação marcou tanto o Sindcont-SP quanto as instituições acadêmicas com as quais colaborou.

    A trajetória de José Foresti, unindo serviço público qualificado, liderança no Sindicato dos Contabilistas, participação em conselhos e atuação docente, insere-o entre os profissionais que ajudaram a construir a identidade moderna da Contabilidade em São Paulo. Seu nome, hoje eternizado como Patrono, permanece como referência de compromisso ético, espírito associativo e dedicação à profissão.

  • 48

    José Geraldo de Lima


    José Geraldo de Lima foi um dos mais reconhecidos especialistas brasileiros em Contabilidade de Custos, destacando-se como autor, professor e referência técnica para gerações de profissionais e estudantes. Contabilista de formação sólida, construiu sua trajetória unindo prática profissional, atuação acadêmica e produção bibliográfica de grande impacto.

    Na vida acadêmica, José Geraldo de Lima atuou como professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (EAESP/FGV), sendo citado em registros da CAPES como responsável por cursos de aperfeiçoamento em administração e custos na década de 1960.

    A combinação de experiência prática com sólida base teórica marcou seu estilo de docência e o tornou um nome respeitado nos meios universitários e profissionais.

    Sua contribuição mais conhecida está na área de custos empresariais. É autor do clássico “Custos: Cálculos, Sistemas e Análises”, publicado pela Editora Atlas, obra que teve diversas tiragens a partir do final da década de 1960 e se consolidou como uma das principais referências brasileiras em custos de produção, sistemas de custeio e análise econômico-financeira.

    Além desse título, publicou outros livros voltados à Contabilidade e à gestão financeira, reforçando sua imagem de autor didático e tecnicamente rigoroso.

    Pelo conjunto de serviços prestados à classe contábil, José Geraldo de Lima foi agraciado, em 1971, com o título de Contabilista Emérito pelo Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), distinção reservada a profissionais de contribuição destacada à profissão.

    Esse reconhecimento o colocou entre os nomes de maior prestígio no meio contábil paulista.

    Sua memória também foi perpetuada em diferentes instituições. Na Academia Paulista de Contabilidade (APC), José Geraldo de Lima é o Patrono da Cadeira nº 49, ocupada por acadêmicos que dão continuidade ao legado de estudo, docência e compromisso com a ciência contábil.

    No espaço urbano, sua homenagem assume forma concreta na capital paulista: deu nome à Rua Prof. José Geraldo de Lima, localizada na região do Butantã/Vila Tiradentes, em São Paulo, conforme registros de legislação municipal e cadastros oficiais de logradouros.

    A presença de suas obras em catálogos de bibliotecas, sebos e livrarias especializadas até hoje evidencia a permanência de seu pensamento na formação de contadores, administradores e gestores financeiros em todo o país.

    Com a combinação de produção técnica relevante, atuação docente qualificada e reconhecimento institucional, José Geraldo de Lima consolidou-se como uma referência da Contabilidade de Custos no Brasil, justificando plenamente sua condição de Patrono e seu lugar de destaque na memória da profissão contábil paulista.

  • 49

    José Scaciota


    José Scaciota foi uma figura de destaque na administração pública paulistana e no desenvolvimento do ensino comercial e contábil em São Paulo na primeira metade do século XX. Secretário de Finanças do município, professor universitário e referência intelectual, integrou a geração de profissionais que contribuíram de maneira decisiva para a estruturação das instituições educacionais e para a modernização da gestão pública na capital.

    Sua trajetória administrativa ganhou projeção quando assumiu o cargo de Secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo em 1952, período marcado por forte expansão urbana e pela necessidade de aprimoramento das práticas de controle orçamentário, contabilidade pública e arrecadação municipal. Nesse papel, Scaciota contribuiu para a reorganização dos sistemas contábeis e para o fortalecimento dos mecanismos de gestão financeira da cidade, ampliando a eficiência das políticas públicas em um momento de transformação econômica.

    Paralelamente à atuação administrativa, José Scaciota dedicou-se ao ensino superior, exercendo o magistério na Universidade Mackenzie, instituição que acolheu vários dos grandes nomes da Contabilidade e da administração paulista. Como professor, destacou-se pela didática clara e pela capacidade de conciliar teoria e prática, formando profissionais que atuariam nas esferas pública e privada. Sua presença no Mackenzie o inseriu na tradição dos educadores que ajudaram a consolidar o ensino de Ciências Contábeis, Administração e Economia no Estado de São Paulo.

    Sua contribuição para a sociedade paulistana foi eternizada no espaço urbano com a denominação da Rua Professor José Scaciota, localizada na capital paulista. A homenagem evidencia o reconhecimento público por sua atuação como educador e administrador, preservando sua memória entre os profissionais e estudantes que circulam diariamente pela região.

  • 50

    Francisco d`Áuria


    Francisco D’Áuria (São Paulo, 16 de julho de 1884 – 1958) foi um dos maiores pensadores da Contabilidade brasileira e o principal nome da chamada escola patrimonialista no país. Contador, professor, administrador público, líder associativo e autor prolífico, é reconhecido como o precursor do estudo científico da Contabilidade no Brasil, tendo lançado as bases doutrinárias do patrimonialismo com a obra “Primeiros Princípios da Contabilidade Pura”, marco teórico para a ciência contábil nacional.

    Sua carreira pública começou cedo. Ingressou na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo em 1905, onde se destacou pela competência técnica em finanças públicas e contabilidade governamental.

    Ao longo da vida, ocupou diversos cargos de alta responsabilidade na administração pública, entre eles: Diretor da Contabilidade do Tesouro do Estado de São Paulo, Contador Geral do Estado de São Paulo, Contador Geral da República, Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo e Secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo, participando diretamente da organização e modernização das finanças públicas em diferentes níveis de governo.

    Na área profissional e associativa, D’Áuria foi figura absolutamente central. Em 1919, participou da fundação do Instituto Paulista de Contabilidade (IPC), entidade que daria origem ao atual Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP). Foi o primeiro presidente do IPC/Sindcont, no biênio 1919–1920, e voltou à presidência em 1922 e novamente em 1934, liderando a organização da classe contábil paulista em seus primeiros anos de existência.

    Em 1927, idealizou o “Registro Geral de Contabilistas do Brasil”, com o propósito de selecionar, de acordo com os títulos de habilitação, os profissionais aptos ao exercício das funções de contador. Essa iniciativa é reconhecida como base histórica da futura regulamentação da profissão e da própria criação do CFC e dos CRCs, consagrada pelo Decreto-Lei nº 9.295/1946.

    Sua atuação institucional estendeu-se ainda à esfera científica e editorial. Francisco D’Áuria foi fundador e presidente da Academia Paulista de Contabilidade (APC), criada em 1952, tornando-se seu primeiro presidente e símbolo da vertente acadêmica e doutrinária da profissão em São Paulo.

    Foi também fundador e diretor da Revista Brasileira de Contabilidade, colaborando para a difusão sistemática do pensamento contábil no país, e membro da comissão de partidas dobradas do Tesouro Nacional, contribuindo tecnicamente para a normatização da escrituração em âmbito federal.

    No ensino e na formação de quadros, D’Áuria teve papel decisivo. Atuou como Contador do Departamento de Comércio Álvares Penteado, ligado à futura FECAP, foi Professor da Escola Técnico-Comercial do Instituto Brasileiro de Contabilidade e integrou o corpo docente da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), onde chegou a chefiar o Departamento de Contabilidade e Atuária entre 1º/1/1947 e 31/3/1962, consolidando a pesquisa e o ensino superior de Contabilidade em São Paulo.

    Sua reputação ultrapassou fronteiras. D’Áuria foi agraciado com os títulos de Membro da The Econometric Society, de New Haven (Estados Unidos), Sócio Correspondente da Société de Comptabilité de France e Contador Emérito das Américas, distinções que atestam o reconhecimento internacional de sua obra e de sua liderança intelectual.

    A produção bibliográfica de Francisco D’Áuria é impressionante: publicou 23 livros sobre Contabilidade e temas correlatos, muitos deles adotados em cursos técnicos e superiores em todo o país. Entre suas principais obras, destacam-se:

    “Primeiros Princípios da Contabilidade Pura” – fundamento do patrimonialismo contábil brasileiro;

    “A Letra de Câmbio na Contabilidade”;

    “Contabilidade Mercantil”;

    “Contabilidade Geral (Teoria da Contabilidade Patrimonial)”;

    “Revisão e Perícia Contábil (Parte Teórica)”;

    “Contabilidade de Empresas Diversas”;

    “Organização e Contabilidade Patrimonial – Doméstica” (obra póstuma).

    Também escreveu obras sobre contabilidade industrial, contabilidade pública e ciência das finanças, contribuindo para a formação de uma literatura contábil brasileira consistente, em diálogo com as correntes europeias e com as necessidades práticas da administração pública e privada.

    Participou ativamente de congressos nacionais e internacionais de Contabilidade, proferiu conferências em diversos estados e no exterior e tratou de temas como contabilidade patrimonial, finanças públicas, administração do patrimônio e organização de serviços contábeis.

    Pelo conjunto de sua obra, o CRCSP instituiu, em 1984, por ocasião do centenário de seu nascimento, o Diploma de Mérito Contábil “Francisco D’Áuria”, destinado a homenagear os melhores formandos dos cursos de Contabilidade, reforçando a permanência de seu nome como referência para as novas gerações.

    A vida de Francisco D’Áuria sintetiza, de forma exemplar, o encontro entre prática profissional, atuação acadêmica, serviço público e liderança associativa. Como pensador, gestor e educador, lançou as bases da doutrina contábil científica no Brasil e contribuiu decisivamente para a organização da profissão. Seu legado permanece vivo na Academia Paulista de Contabilidade, no CRCSP, nas entidades de classe e nas obras que continuam a inspirar estudiosos e profissionais da Contabilidade em todo o país.

  • 51

    José Joaquim Boarin


    José Joaquim Boarin (Guararapes, SP, 11 de março de 1938 – 2 de novembro de 2013) construiu uma trajetória exemplar dedicada ao ensino, ao aperfeiçoamento profissional e ao fortalecimento da classe contábil brasileira. Filho de Ferrucio Boarin e Maria Luiz Boarin, quarto entre cinco irmãos, mudou-se ainda criança para Marília, onde viveu sua juventude e iniciou precocemente sua vida profissional. Trabalhou com a família, foi jornaleiro, engraxate e, aos 12 anos, empregado de farmácia, experiência que marcou profundamente sua relação com o serviço às pessoas.

    Formou-se Contador pela Faculdade de Ciências Contábeis de São Paulo, em 1969. Ingressou na Petrobras como datilógrafo e, graças à competência técnica, disciplina e dedicação, construiu sólida carreira na estatal, onde permaneceu até sua aposentadoria, ocupando funções de crescente responsabilidade.

    A educação foi o eixo central de sua vida profissional. Boarin teve atuação marcante na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), uma das instituições mais tradicionais do país, onde exerceu as funções de professor, diretor e superintendente. Participou ativamente dos processos de modernização e reestruturação da Fundação, contribuindo para a formação de gerações de profissionais.

    No movimento contábil paulista e nacional, sua presença foi igualmente relevante. Representou o CRCSP em inúmeros eventos, foi palestrante assíduo e participou do programa “Um Dia de Experiência no CRCSP”, recebendo estudantes e orientando-os sobre o exercício profissional, a ética e as oportunidades no mercado de trabalho. Sua atuação envolvia sempre diálogo, acolhimento e incentivo às novas gerações.

    Boarin exerceu cargos de grande responsabilidade nas entidades de classe: foi conselheiro do CRCSP, diretor da Fundação Brasileira de Contabilidade (FBC), coordenador nacional e estadual do Exame de Suficiência e ocupava a Cadeira nº 47 da Academia Paulista de Contabilidade (APC). Também teve participação ativa em comissões do Conselho Federal de Contabilidade, colaborando para o desenvolvimento normativo e institucional da profissão.

    Extremamente ligado à família e aos amigos, valorizava os momentos de convivência em seu sítio, onde cultivava plantações com zelo e orgulho. Seu grande hobby era a pescaria, prática que compartilhava com amigos próximos, como Filippi e Sergio Prado de Mello, presidente do CRCSP na gestão 2008–2009.

    José Joaquim Boarin faleceu em 2 de novembro de 2013, deixando a esposa Umbelina, os filhos Sandra, Silvia e Sergio e os netos Lucas, Felipe, Renato, Fernanda e Roberta. Permanece como legado seu compromisso inabalável com a educação, sua vida dedicada ao conhecimento e seu exemplo de liderança serena, ética e inspiradora para toda a classe contábil.

  • 52

    José Rojo Alonso


    José Rojo Alonso (7 de novembro de 1931 – 15 de abril de 2013) consolidou-se como um dos mais influentes auditores e peritos contábeis do Brasil, referência nacional em ética, rigor técnico, formação intelectual e liderança institucional. Filho de imigrantes espanhóis, iniciou sua trajetória profissional ainda menino, trabalhando como office-boy, jornaleiro e engraxate em Marília (SP), experiências simples que moldaram seu caráter disciplinado, a valorização do esforço pessoal e a sensibilidade humana que marcariam toda a sua carreira.

    Formou-se em Ciências Contábeis pela Universidade de Taubaté, em 1965, e graduou-se também em Administração de Empresas, especializando-se em Finanças das Empresas e em Direito Processual Civil. Reconhecido como um dos maiores Peritos Contábeis do país, tornou-se referência pela precisão, pelo domínio técnico e pelo absoluto compromisso com a verdade técnica — qualidades que o destacaram na consolidação da perícia judicial no Brasil.

    Quando a auditoria independente começou a se estruturar formalmente no País, especialmente após sua regulação pelo Banco Central, José Rojo Alonso ingressou na área como autodidata, estudando intensamente e dominando metodologias ainda pouco difundidas. Tornou-se um dos pioneiros dessa atividade em São Paulo e rapidamente se projetou como um dos seus principais líderes no cenário nacional.

    Em 1º de julho de 1967, fundou a Alonso, Barretto & Cia. – Auditores Independentes, organização que se tornaria uma das mais tradicionais firmas brasileiras de auditoria, perícia e consultoria, ainda hoje em atividade, com quase seis décadas de história e continuidade familiar. A firma contou, ao longo de sua trajetória, com a participação de nomes expressivos da área, entre eles o professor Masayuki Nakagawa, seu sócio por determinado período.

    Com visão inovadora, José Rojo Alonso foi um dos primeiros defensores da atuação de contadores como árbitros e peritos em ambientes de Mediação e Arbitragem, colaborando com o IMAB – Instituto de Mediação e Arbitragem do Brasil, o INAMA – Instituto Nacional de Mediação e Arbitragem e o CBAr – Comitê Brasileiro de Arbitragem, ampliando o espaço técnico da Contabilidade em procedimentos alternativos de solução de conflitos.

    Sua carreira institucional foi vasta e decisiva. Presidiu o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP) na gestão 1972–1973, liderou o Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil tanto na 5ª Seção Regional (1976–1977) quanto em nível nacional (1982–1984), e presidiu a APEJESP – Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo. No Sindcont-SP exerceu funções de direção e integrou o Conselho Fiscal, além de permanecer por muitos anos no Conselho Consultivo. Foi diretor da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (1980–1990) e atuou no Centro do Comércio do Estado de São Paulo. No âmbito internacional, presidiu a Comissão Interamericana de Ética e Exercício Profissional da Associação Interamericana de Contabilidade (1981–1982).

    Autor de contribuições fundamentais, publicou Normas e Procedimentos de Perícia Contábil (Atlas, 1974) — obra pioneira no País — e foi coautor de Arbitragem – Uma Atividade para Contadores (Juruá, 2013). Sua produção técnica e intelectual o levou à Academia Paulista de Contabilidade, onde ocupou a Cadeira nº 36, cujo patrono é Iris Miguel Rotundo.

    Além de seu legado profissional, José Rojo Alonso era um profundo estudioso da cultura, especialmente da história de São Paulo e do tango. Reuniu um importante acervo sobre a “São Paulo antiga” e se dedicou à pesquisa da música rioplatense, sendo reconhecido por estudiosos do gênero após descobrir e divulgar que Alfredo Le Pera — parceiro de Carlos Gardel — era brasileiro, nascido em São Paulo em 1900.

    Admirado por sua postura ética, vocabulário refinado, elegância intelectual e generosidade no trato pessoal, deixou marcas profundas na profissão e na vida das instituições que serviu. Em homenagem à sua contribuição excepcional, o CRCSP instituiu a Medalha José Rojo Alonso, destinada a reconhecer profissionais que se destacam nas áreas de auditoria, perícia e arbitragem — distinção que eterniza sua memória e sua influência na Contabilidade paulista e brasileira.

    José Rojo Alonso faleceu em 15 de abril de 2013, aos 81 anos, deixando um legado sólido de integridade, excelência técnica e serviço à profissão, perpetuado pelas instituições que liderou, pela obra que publicou e pelas gerações que inspirou.

  • 53

    Masayuki Nakagawa


    Masayuki Nakagawa (1928 – 29 de agosto de 2014) firmou-se como uma das personalidades mais influentes da Contabilidade brasileira contemporânea. Lembrado por sua simpatia, humildade e generosidade, tornou-se referência acadêmica na área de custos e figura admirada por gerações de estudantes, pesquisadores e docentes do Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Sua contribuição transcende o campo técnico: foi um mestre incansável, um estudioso apaixonado e um realizador de espírito sereno e determinado.

    Graduado em Ciências Contábeis e Atuariais pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), prosseguiu sua formação na FEA-USP, onde obteve os títulos de mestre e doutor em Controladoria e Contabilidade. Realizou pós-doutoramento na University of Illinois at Urbana–Champaign, instituição na qual recebeu destaque por seu excepcional desempenho acadêmico, sendo considerado um dos melhores alunos a passar pelo programa.

    Sua carreira docente na USP teve início na década de 1970, quando, após repetidos convites, aceitou integrar o corpo docente da FEA-USP — decisão que definiria sua trajetória e marcaria profundamente o Departamento de Contabilidade e Atuária. Tornou-se especialista consagrado em análise e gestão de custos e foi responsável por introduzir no Brasil a abordagem da Gestão Estratégica de Custos, além de difundir os conceitos de custeio por atividades (ABC) e custeio por operações. Seu legado intelectual consolidou um novo campo de estudos no país.

    A defesa de seu doutorado, em 1987, tornou-se um dos episódios mais memoráveis da FEA-USP, com público que excedia a capacidade do auditório. A tese, posteriormente publicada como Introdução à Controladoria pela Editora Atlas, estabeleceu uma fronteira conceitual na literatura brasileira de Contabilidade Gerencial.

    Ao retornar dos Estados Unidos, fundou o Laboratório de Gestão Estratégica de Custos da FEA-USP, núcleo pioneiro que permanece ativo e influente. Também promoveu a vinculação do departamento ao Consortium for Advanced Manufacturing – International (CAM-I), organização norte-americana dedicada à pesquisa em gestão e tecnologia avançada.

    Intelectualmente inquieto, ampliou o diálogo interdisciplinar ao introduzir os estudos de semiótica aplicada à Contabilidade, tema que motivou teses e dissertações e expandiu a compreensão analítica dos relatórios e sistemas de informação.

    Além de sua destacada carreira acadêmica, Masayuki atuou na prática profissional, sendo sócio de José Rojo Alonso na firma Alonso, Barretto & Cia. – Auditores Independentes, contribuindo tecnicamente para a construção de uma das organizações mais respeitadas no campo da auditoria e da perícia contábil.

    Com reconhecida sensibilidade artística, organizou em 2006 — quando a FEA completou 60 anos — uma montagem teatral que narrava a história do Departamento de Contabilidade e Atuária, envolvendo profissionais da ECA-USP e membros da comunidade acadêmica. O projeto revelou sua visão humanística e sua capacidade de integrar ensino, cultura e memória institucional.

    Mesmo em idade avançada, manteve o hábito do estudo constante e o entusiasmo pela inovação. De sorriso fácil, acolhedor e sereno, era lembrado por colegas e alunos como um mestre afetuoso, ético e profundamente comprometido com a formação acadêmica.

    Masayuki Nakagawa faleceu em 29 de agosto de 2014, aos 86 anos, deixando um legado incontornável à Contabilidade brasileira — legado marcado pela excelência acadêmica, espírito colaborativo e dedicação generosa ao ensino e ao desenvolvimento da profissão.

  • 54

    Luiz Bertasi Filho


    Luiz Bertasi Filho construiu uma trajetória profundamente ligada à profissão contábil e às entidades representativas da classe, destacando-se tanto na gestão empresarial quanto na liderança institucional. Sua relação com o Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP começou ainda na infância, quando acompanhava o pai, funcionário da Tesouraria da entidade. Esse contato precoce com a vida associativa marcou sua formação e despertou o interesse pelo movimento contábil que guiaria toda a sua carreira.

    Formado em Ciências Contábeis, associou-se ao Sindcont-SP e rapidamente passou a frequentar e participar das atividades da Casa do Contabilista, chamando a atenção das lideranças pela postura comprometida, pela clareza de ideias e pela dedicação às causas profissionais. Sua atuação firme e dialogada o levou naturalmente a posições de comando.

    Bertasi presidiu o Sindcont-SP na gestão 1979–1983, período reconhecido por avanços administrativos, fortalecimento institucional e pela intensificação do diálogo com a categoria e com os órgãos públicos. Em âmbito nacional, atuou como vice-presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) entre 1984 e 1986, contribuindo para o aprimoramento técnico e profissional da auditoria independente no país.

    Exerceu também funções de grande responsabilidade no sistema CFC/CRCs, tendo sido conselheiro tanto do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRCSP) quanto do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Foi diretor da Fecontesp – Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo, da Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL) e tornou-se membro da Academia Paulista de Contabilidade (APC), integrando o seleto grupo de profissionais que contribuíram de forma notável para o desenvolvimento técnico e intelectual da Contabilidade brasileira.

    Por muitos anos, Luiz Bertasi Filho coordenou um dos mais influentes grupos políticos da classe contábil em São Paulo, exercendo papel determinante na formulação de políticas, estratégias e ações voltadas à valorização dos profissionais e à defesa da importância social da Contabilidade. Foi líder respeitado, articulador habilidoso e inspiração constante para todos que atuam na construção e no fortalecimento das entidades da categoria.

    Com vida associativa intensa e dedicação irrestrita às instituições que representam os profissionais da Contabilidade, Bertasi deixou um legado sólido, construído com compromisso, competência e profundo senso de dever. Seu falecimento em 5 de junho de 2015 marcou a perda de um grande defensor da classe, mas sua memória permanece como referência de liderança, seriedade e amor pela profissão.

  • 55

    Tikara Tanaami


    Tikara Tanaami (Tóquio, 16 de dezembro de 1919 – São Paulo, 28 de março de 2018) dedicou quase toda a sua longa vida à Contabilidade brasileira, tornando-se uma das referências históricas do sistema CFC/CRCs e da Academia Paulista de Contabilidade. Japonês de nascimento e brasileiro naturalizado, construiu no país uma trajetória exemplar de serviço profissional, atuação institucional e presença constante nas entidades da classe.

    Filho de Hikozo e Sue Tanaami, formou-se contador em 1938 pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e concluiu, em 1941, o curso de Ciências Econômicas pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo, consolidando uma base sólida em Contabilidade e Economia.

    Empresário contábil desde 1942, manteve escritório próprio até 1995, atuando também como assessor de diversas empresas nas áreas contábil e econômica e como auditor independente.

    Sua participação no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo – CRCSP foi longa e marcante. Tikara foi conselheiro suplente (1961–1963), conselheiro efetivo (1964–1969), vice-presidente de Fiscalização do Exercício Profissional (1964), vice-presidente de Administração e Finanças (1965–1966), presidente do CRCSP (gestão 1967–1968) e novamente conselheiro suplente entre 1971 e 1977.

    Em âmbito nacional, foi conselheiro suplente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) de 1970 a 1975, colaborando para o desenvolvimento normativo e institucional da profissão.

    Reconhecido por sua atuação técnica, ética e associativa, Tikara Tanaami foi eleito acadêmico da Academia Paulista de Contabilidade, onde ocupou a Cadeira nº 23, cujo patrono é Pedro Pedreschi, um dos grandes nomes da história contábil paulista.

    No CRCSP, além dos cargos de direção, participou ativamente da Comissão Cultural e da Comissão da Melhor Idade, sendo presença constante em eventos, homenagens e atividades institucionais, sempre atento ao diálogo entre gerações de profissionais.

    Fora do ambiente estritamente profissional, Tikara cultivava uma grande paixão: o tênis. Sócio do Esporte Clube Pinheiros, foi um dos veteranos mais atuantes das equipes do clube, participando de inúmeros torneios e circuitos de veteranos no Brasil e no exterior. Registros oficiais do Conselho Deliberativo do clube mostram que ele conquistou títulos importantes, como campeão da categoria Veteranos 70 anos – simples – na Copa Cidade de Maceió (nível nacional), além de diversos resultados de destaque em competições como o World Tennis Cup, VIP Internacional de Veteranos e outros torneios paulistas e nacionais em que seu nome aparece entre os campeões e premiados.

    Essa atuação esportiva prolongada, em idade já avançada, reforça a imagem de vitalidade, disciplina e espírito competitivo que o acompanhou por toda a vida.

    Gentil, sereno e extremamente dedicado, Tikara Tanaami unia a firmeza técnica ao trato cordial, sendo respeitado pelos colegas, alunos e dirigentes das entidades contábeis. Seu falecimento, em 28 de março de 2018, próximo de completar um século de vida, marcou o fim de uma trajetória exemplar, mas sua memória permanece viva como símbolo de dedicação, ética e amor à Contabilidade e à vida associativa.

  • 56

    Odilon Luiz de Oliveira


    Odilon Luiz de Oliveira foi uma figura respeitada e admirada na classe contábil paulista, destacando-se pela conduta ética, pelo espírito conciliador e pelo comprometimento permanente com o fortalecimento institucional da profissão. Contador e advogado, construiu uma trajetória marcada pelo serviço público, pela atuação associativa e pela dedicação às causas que promoviam o desenvolvimento técnico e o reconhecimento social da Contabilidade.

    Profissional de sólida formação, Odilon tornou-se referência na Região do ABC paulista, onde exerceu diversas funções públicas e institucionais. Atuou como delegado do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP) em São Bernardo do Campo por mais de duas décadas (1984–2008), função na qual se destacou pelo diálogo constante com profissionais, empresas e instituições locais. Pela relevância de sua contribuição, recebeu o título de Delegado Benemérito, distinção conferida a poucos profissionais da história do Conselho.

    Sua participação em órgãos consultivos e deliberativos do município foi igualmente expressiva. Odilon foi membro efetivo do Conselho Fiscal da Fundação Criança de São Bernardo do Campo, membro do Conselho Superior do Município e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo do Campo, contribuindo com sua visão técnica e com sua experiência profissional para políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico, social e institucional da região.

    Teve atuação destacada ainda na interlocução entre as áreas jurídica e contábil. Desde 2013, foi presidente do Conselho Especial de Integração entre OAB/CRCSP, fórum responsável por aproximar profissionais das duas áreas, promover debates éticos e técnicos, e construir ações conjuntas voltadas à sociedade. Sua postura conciliadora e seu profundo senso de responsabilidade tornaram-no figura central nesse espaço de integração.

    Na Academia Paulista de Contabilidade – APC, ocupou com mérito a Cadeira nº 19, cujo patrono é o contador Oscar Castelo Branco, um dos nomes históricos da Contabilidade paulista. Como acadêmico, participou de atividades culturais, debates e iniciativas da entidade, sempre valorizando o conhecimento técnico, a história da profissão e a formação das novas gerações.

    Querido por colegas, alunos e amigos, Odilon Luiz de Oliveira era reconhecido por sua gentileza, serenidade e firmeza ética. Além de sua relevante atuação profissional, deixou um legado pessoal igualmente expressivo: sua esposa, Maria Aparecida de Oliveira, seus quatro filhos — Odilon Jr., Rui, Roberto e Simone —, dez netos e quatro bisnetos, todos orgulhosos de sua trajetória.

    Seu falecimento, em 7 de janeiro de 2021, representou a perda de um líder equilibrado, de um profissional exemplar e de um ser humano admirável. Sua memória permanece inspirando todos aqueles que acreditam no valor da Contabilidade como instrumento de cidadania, desenvolvimento e justiça.

  • 57

    Elizabeth Castro Maurenza de Oliveira


    Elizabeth Castro Maurenza de Oliveira figura entre os nomes mais significativos da história recente da Contabilidade paulista. Referência acadêmica, intelectual e institucional, deixou marcada sua presença pela dedicação à formação de profissionais, pela produção científica qualificada e pela intensa participação nas entidades representativas da classe contábil.

    Nascida em 28 de julho de 1954, na cidade de São Paulo, Elizabeth graduou-se em Ciências Econômicas e Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de Santo André — atual Centro Universitário Fundação Santo André. Seu espírito inquieto e a busca permanente pelo conhecimento a levaram a novas formações: especialização em Administração da Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), mestrado em Administração com ênfase em Contabilidade para Tomada de Decisões, e doutorado em Comunicação Social, com foco em Comunicação Organizacional, área em que aprofundou sua reflexão sobre a relação entre gestão, informação e processos comunicacionais.

    Iniciou sua trajetória profissional na Universidade Metodista de São Paulo, onde atuou como controller e, posteriormente, como gerente de Contabilidade e Orçamentos. Sua vocação para o ensino, entretanto, logo falou mais alto. A partir de 1995, dedicou-se integralmente ao magistério superior, consolidando uma carreira respeitada pela competência técnica, pela sensibilidade didática e pela formação de gerações de profissionais e pesquisadores. Em 2001, foi convidada a assumir a coordenação do curso de Ciências Contábeis da Universidade Metodista de São Paulo, função que exerceu com liderança, zelo acadêmico e visão contemporânea da profissão até 2021.

    Elizabeth destacou-se também como pesquisadora e autora. Coautora do livro “Capital Intelectual – Reconhecimento e Mensuração”, produziu artigos científicos de grande relevância para a área contábil e participou de congressos, fóruns e conferências no Brasil e no exterior. Integrava ainda o corpo editorial do periódico Voz Missionária, da Universidade Metodista, contribuindo com a reflexão crítica sobre comunicação, educação e gestão.

    Sua atuação institucional foi igualmente notável. Conselheira do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP) entre 2008 e 2021, participou de diversas Câmaras e Comissões, contribuindo para o fortalecimento da profissão, para a educação continuada e para o aprimoramento da governança da entidade. Foi também integrante da Academia Paulista de Contabilidade (APC), ocupando a Cadeira nº 7, cujo patrono é o contador Carmello Mancuso Sobrinho, figura histórica da contabilidade paulista.

    Reconhecida pela postura ética, pelo rigor intelectual e pela capacidade de inspirar alunos e colegas, Elizabeth dedicou sua vida à educação e ao desenvolvimento das Ciências Contábeis. Faleceu em 5 de fevereiro de 2021, aos 66 anos, deixando um legado de grandeza e contribuição que permanece vivo nas instituições pelas quais passou, nas publicações que produziu e na formação humana e profissional de tantos estudantes.

    Em 2021, por suas inestimáveis contribuições ao progresso da Contabilidade brasileira, foi homenageada como Patrona do Diploma de Mérito do CRCSP, distinção que simboliza o reconhecimento da classe ao valor de sua obra e de sua trajetória.

  • 58

    Hatiro Shimomoto


    Hatiro Shimomoto (1935–2021) foi uma das figuras mais expressivas da comunidade nipo-brasileira e da classe contábil paulista, reconhecido por sua liderança política, atuação empresarial, trajetória acadêmica e profunda dedicação às entidades representativas da profissão. Sua vida, marcada pelo espírito de superação e pelo compromisso com o serviço público, deixou um legado de grande relevância para o Estado de São Paulo.

    Filho de Yasuishi e Tomie Shimomoto, imigrantes da província de Wakayama, Japão, Hatiro nasceu em Guararapes (SP), em 1935. Chegou à capital paulista em 1955, onde construiu uma sólida carreira profissional e política. Seu nome, escolhido em homenagem ao almirante japonês Togo Heihachiro — herói da Guerra Russo-Japonesa — simbolizava desde cedo a determinação e disciplina que marcariam sua trajetória.

    Formou-se contador pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e posteriormente tornou-se advogado, com pós-graduação em Direito Tributário e Direito Comparado pela Universidade de Sorbonne, em Paris. Empreendedor nato, fundou o Grupo King, composto pela King Contabilidade, King Imóveis e Hatiro Shimomoto Advocacia, e foi o primeiro advogado nikkei do Brasil a instituir um Tribunal de Justiça Arbitral.

    Na vida associativa, sua atuação foi igualmente destacada. Foi presidente do Sescon-SP (1975–1978), dirigente e conselheiro em diversas entidades empresariais e contábeis, e participou ativamente de debates sobre desenvolvimento econômico, direito e tributação. Integrava a Academia Paulista de Contabilidade (APC), ocupando a Cadeira nº 48, cujo patrono é José Geraldo de Lima. Também exerceu papel expressivo em organizações da comunidade nipo-brasileira, como o Bunkyo, onde atuou no Conselho Superior de Apoio e Orientação e no Conselho Deliberativo, apoiando iniciativas culturais, sociais e educacionais — inclusive como incentivador do Coral Feminino Bunkyo.

    Sua carreira política projetou-o nacionalmente. Eleito deputado estadual por seis mandatos consecutivos (1971–1999), incluindo participação como Deputado Constituinte Estadual em 1989, ficou conhecido como o “sempre deputado”, título que refletia sua permanente presença, influência e dedicação ao legislativo paulista. Ao longo de quase três décadas, realizou mais de 1.060 pronunciamentos na Assembleia Legislativa, sempre defendendo causas relacionadas ao desenvolvimento econômico, ao empreendedorismo, à comunidade japonesa e à valorização da Contabilidade.

    Autor do livro “Pílulas do Sucesso”, concorrente ao Prêmio Jabuti 2020, Hatiro Shimomoto deixou também uma contribuição expressiva no campo literário motivacional e na reflexão sobre ética, disciplina e atitudes para a vida profissional.

    Sua atuação foi amplamente reconhecida. Recebeu diversas honrarias, entre elas as medalhas “Presidente Anníbal de Freitas” (Sescon-SP) e “Joaquim Monteiro de Carvalho” (CRCSP). Em 2014, foi agraciado com a Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro com Laço, uma das mais altas condecorações concedidas pelo governo japonês, em reconhecimento a sua atuação na promoção da amizade Brasil–Japão. Em 2015, recebeu o título de Cidadão Paulistano.

    Nos últimos anos, dedicou-se intensamente ao Projeto Parque das Nações, concebido como um grande centro poliesportivo e cultural vinculado ao Parque Ecológico do Tietê, reunindo entidades nipo-brasileiras e promovendo integração comunitária.

    Hatiro Shimomoto faleceu em 21 de junho de 2021, aos 86 anos, em decorrência de complicações relacionadas à Covid-19 e ao diabetes. Deixou a esposa, a família, os amigos e uma vasta rede de admiradores, além de um legado que une Contabilidade, Direito, política, cultura japonesa e serviço público em um único percurso de vida exemplar.

  • 59

    Armando Andrade


    Armando Andrade (Ribeirão Preto, 2 de março de 1930 – São Paulo, 2 de setembro de 2003) foi considerado um dos profissionais mais representativos no desenvolvimento da Auditoria Interna no Brasil, destacando-se pelo rigor técnico, pela ética exemplar e por sua contribuição decisiva à consolidação dessa área no país e na América Latina. Contador formado pela Faculdade de Ciências Administrativas de São Miguel Paulista, registrou-se no CRCSP em 1962 e construiu uma carreira marcada pela integridade e pela dedicação permanente ao aprimoramento da profissão contábil.

    Ao longo de sua trajetória no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, exerceu funções de grande relevância entre 1992 e 2001, atuando como conselheiro efetivo, coordenador e vice-coordenador da Câmara de Registro, vice-coordenador da Câmara de Contas, coordenador e vice-coordenador da Câmara de Desenvolvimento Profissional. Também foi substituto da vice-presidência de Administração e Finanças em 1992 e da vice-presidência de Fiscalização em 1993, contribuindo de maneira decisiva para o fortalecimento das atividades institucionais do Conselho. Em reconhecimento à sua representatividade na classe contábil, o CRCSP concedeu seu nome ao Espaço Interativo Educacional e Profissional Armando Andrade.

    Sua atuação ultrapassou as fronteiras estaduais. Foi presidente do Conselho Deliberativo do AUDIBRA e presidiu a Fundação Latino-americana de Auditores Internos nos períodos de 1997-1998 e 1998-1999, tornando-se figura central na articulação e integração técnica da auditoria interna no continente. Participou ativamente das atividades do Sindcont-SP como diretor cultural e exerceu a direção da Efficientia Auditoria e Assessoria S/C Ltda., sempre promovendo a atualização profissional e a disseminação das boas práticas de controle e governança.

    Autor de obras de relevância para o campo da auditoria interna, publicou em 1999 o livro Eficácia, eficiência e economicidade: como atingi-las através de adequados sistemas de controles internos, referência para a compreensão da relação entre controle, desempenho e governança nas organizações públicas e privadas. Sua produção intelectual consolidou-o como estudioso dedicado e como um dos expoentes nacionais da área.

    Figura admirada por sua conduta ética, serenidade e espírito conciliador, Armando Andrade deixou profundo legado aos profissionais da Contabilidade e da Auditoria. Faleceu em 2 de setembro de 2003, permanecendo na memória da classe como um dos grandes nomes que contribuíram para elevar o nível técnico da profissão e fortalecer suas instituições representativas.

  • 60

    Arthur Magalhães Andrade


    Arthur Magalhães Andrade (Taubaté, 7 de agosto de 1922 – São Paulo, 24 de março de 2015) dedicou sua vida à modernização e valorização da profissão contábil, sendo reconhecido por sua liderança visionária, inteligência e senso de oportunidade. Filho de Gentil Faria Andrade e Irene Magalhães Andrade, casou-se em 25 de julho de 1950 com Marília Almeida Andrade, com quem teve nove filhos, construindo ao mesmo tempo uma sólida carreira profissional e uma grande família.

    Formou-se em Ciências Contábeis pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (diploma em 14 de janeiro de 1942) e, posteriormente, em 1972, concluiu o curso de Direito pela Faculdade do Triângulo Mineiro da Universidade Integrada de Uberaba. Ao longo da carreira fundou o escritório Magalhães Andrade Auditores Independentes, onde exercia funções de sócio-diretor e atendeu a uma relevante carteira de clientes, especialmente após a regulamentação da auditoria independente no Brasil, assumindo pessoalmente parte dos trabalhos de auditoria, perícia e consultoria de alto nível.

    Na esfera da representação profissional, Arthur foi o mais jovem presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP), ao assumir a presidência na gestão 1959-1960 com apenas 36 anos de idade. Durante sua gestão implantou importantes mudanças estruturais no Conselho, como a criação das Câmaras de Registro e de Fiscalização e a adoção de três vice-presidências — inovações que influenciaram outros conselhos estaduais e nacionais posteriores. Em 16 de fevereiro de 2004 foi agraciado com o título de Presidente Benemérito do CRCSP, em reconhecimento ao trabalho por ele realizado.

    Participou da fundação do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon-SP) e presidiu também o Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP). Sempre atento às necessidades da classe, defendeu o prestígio profissional dos contadores, a qualificação técnica e a participação da categoria em fóruns decisórios.

    Homem de hábitos simples, mas extremamente profissional, conciliava seriedade no trabalho com brincadeira nos momentos em família. Tinha paixão por música e esporte, tocava harmônica, gaita e piano de ouvidos e entusiasmava-se em arquibancadas como torcedor santista, sempre em clima alegre ao lado dos filhos. Quando faleceu em 24 de março de 2015, deixou uma marca indelével em todas as instituições pelas quais passou e nos colegas que com ele conviveram.

    Arthur Magalhães Andrade permanece como símbolo de liderança, inovação institucional e compromisso com a profissão contábil. Sua visão antecipou mudanças importantes e seu nome ocupa lugar de honra nos registros da Contabilidade paulista e brasileira.

  • 61

    Elso Raimondi


    Elso Raimondi destacou-se como um dos nomes mais atuantes da Contabilidade paulista na segunda metade do século XX, especialmente no campo da auditoria independente e na articulação das entidades representativas da profissão. Com trajetória sólida na Ernst & Young – uma das maiores organizações globais de auditoria e consultoria –, onde atuou como sócio, consolidou reputação de competência técnica, liderança discreta e profundo comprometimento com o desenvolvimento institucional da classe contábil.

    Sua participação nas entidades profissionais foi extensa e marcante. Na 5ª Seção Regional do Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, exerceu a Direção Regional na gestão 1982–1984, assumindo posteriormente funções na Diretoria Nacional do Instituto, entre 1990 e 1992, período em que colaborou intensamente para a atualização técnica e o fortalecimento da profissão de auditor independente no país. Na Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo – Fecontesp, foi 2º Vice-Presidente no triênio 1992–1995, contribuindo para o processo de integração e representatividade sindical dos profissionais contábeis paulistas.

    No Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, uma das mais tradicionais entidades da classe no Brasil, Elso Raimondi atuou de forma dedicada e constante: foi Suplente do Conselho Fiscal na gestão 1984–1986 e Vice-Secretário no período 1987–1989, desempenhando papel relevante na modernização administrativa e na renovação de quadros da instituição. Sua atuação equilibrada e seu apreço pelo trabalho técnico o tornaram figura respeitada entre lideranças e profissionais de diferentes gerações.

    Em reconhecimento à sua trajetória, ao mérito profissional e à contribuição às instituições contábeis, recebeu em 2006 a Medalha Joaquim Monteiro de Carvalho, uma das mais tradicionais honrarias concedidas pelo Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo – CRCSP, dedicada a personalidades que se destacam no campo contábil. Sua atuação o levou, ainda, a integrar o quadro de Patronos da Academia Paulista de Contabilidade, ocupando posição entre os nomes que representam a memória intelectual e histórica da Contabilidade paulista.

    Elso Raimondi inscreveu seu nome na história da profissão pela competência no exercício da auditoria, pela participação ativa nas entidades e pelo compromisso com a ética e a valorização do profissional contábil. Seu legado permanece como referência às novas gerações de contadores e auditores.

  • 62

    Ernesto das Candeias


    Ernesto das Candeias foi um dos nomes mais respeitados da classe contábil paulista, conhecido pela sólida formação multidisciplinar, pela longa dedicação à profissão e pela atuação marcante como orientador jurídico e tributarista junto aos profissionais da Contabilidade. Contador, advogado, economista e administrador de empresas, construiu uma carreira que uniu a prática contábil, o direito tributário e o ensino, tornando-se referência para várias gerações de contabilistas.

    Formado em Contabilidade pelas Faculdades Integradas de Guarulhos – FIG, complementou sua trajetória acadêmica com diversos cursos de especialização em Direito na Universidade de São Paulo (USP) e com o grau de mestre em Direito Constitucional e Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o que lhe conferiu base técnica robusta para atuar de maneira integrada nas áreas contábil, fiscal e jurídica. Dedicou cerca de quarenta anos à profissão contábil, exercendo intensa atividade como contador e advogado, com forte presença na consultoria tributária e na orientação de colegas de classe.

    No âmbito das entidades profissionais, foi conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP) e teve atuação de grande relevo no Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, especialmente no Centro de Estudos e Debates Fisco-Contábeis (CEDFC), onde exerceu por muitos anos a função de assessor jurídico, prestando esclarecimentos e pareceres sobre legislação tributária e contábil aos participantes dos grupos de estudo. A própria página do Sindcont-SP registra que, a partir de 1999, o CEDFC passou a contar com a assessoria jurídica do advogado e contador Ernesto das Candeias, consolidando seu nome como uma das colunas daquele espaço de formação continuada.

    Na atividade privada, atuou como sócio da Audilex Consultores S/C Ltda., organização de consultoria e auditoria contábil e tributária sediada em Barueri (SP), dedicada à prestação de serviços de orientação fiscal, contábil e tributária a empresas de diversos portes. Sua visão abrangente, que combinava contabilidade, direito e economia, fez dele um consultor muito procurado, especialmente em temas de interpretação da legislação e planejamento tributário dentro dos limites da legalidade.

    Pela relevância de sua contribuição, o Sindicato dos Contabilistas de São Paulo outorgou-lhe, por ocasião das comemorações dos 81 anos da entidade, o título de Contabilista Emérito de 2000, honraria concedida a profissionais que se destacam por serviços de longa data prestados à classe. Seu nome continuou a ser reverenciado mesmo após seu falecimento: o Sindcont-SP instituiu o Certificado de Qualificação Profissional Dr. Ernesto das Candeias, láurea destinada a reconhecer o empenho dos profissionais que mais participam dos cursos, eventos e atividades de educação continuada da Casa do Saber Contábil, perpetuando, assim, seu compromisso com o estudo e a atualização permanente.

    Ernesto das Candeias faleceu em 24 de junho de 2018, deixando um valioso legado de seriedade, competência técnica e dedicação à formação e orientação de seus pares. Sua memória segue viva nas entidades contábeis, nos certificados e premiações que levam seu nome e no reconhecimento de colegas, alunos e profissionais que se beneficiaram de suas explicações claras, de seu domínio da legislação tributária e de seu profundo compromisso com a ética e a qualidade da Contabilidade.

  • 63

    Francisco Antônio Feijó


    Francisco Antônio Feijó foi um dos mais respeitados representantes da Contabilidade e das Profissões Liberais no Brasil, destacando-se pela sólida formação jurídica e contábil, pela forte atuação institucional e pela defesa incansável dos direitos profissionais. Contabilista e advogado paulista, especializado em Direito Tributário, tornou-se figura de referência por sua atuação como Juiz Contribuinte do Tribunal de Impostos e Taxas da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, função na qual combinou rigor técnico e profundo conhecimento da legislação fiscal.

    Sua liderança expandiu-se às entidades da classe contábil, onde exerceu papel ininterrupto ao longo de décadas. No Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo – CRCSP, atuou como conselheiro em diversos mandatos entre 1968 e 1985, contribuindo para o fortalecimento institucional da profissão. No Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo – Sescon-SP, teve atuação marcante como presidente na gestão 1972–1975, vice-presidente nos períodos de 1969–1972 e 1975–1978 e diretor social entre 1987 e 1990, sendo lembrado por sua capacidade de articulação, clareza técnica e defesa firme do empreendedorismo contábil. Participou ainda do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP) e da Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo (Fecontesp), onde integrou a diretoria na gestão 2004–2007.

    Sua representatividade, entretanto, ultrapassou fronteiras nacionais. Feijó ocupou cargos de destaque na Confederação Nacional das Profissões Liberais – CNPL, onde foi tesoureiro-geral nas gestões 2005–2008 e 2009–2012, além de desenvolver intensa atuação internacional como presidente da UMPL – Union Mondiale des Professions Libérales, entidade sediada em Paris que congrega organizações de profissionais liberais de vários países. Nessa posição, projetou a voz das profissões liberais brasileiras no cenário global e defendeu princípios éticos, autonomia profissional e políticas públicas que valorizassem o exercício técnico especializado.

    Reconhecido pela conduta equilibrada, pela habilidade de diálogo e pela competência jurídica e contábil, Francisco Antônio Feijó exerceu influência positiva e duradoura sobre o ambiente profissional, especialmente nas áreas tributária, sindical e institucional. Seu falecimento, ocorrido em 5 de fevereiro de 2016, foi amplamente lamentado pelas entidades da classe contábil e pelas organizações de profissões liberais, que destacaram sua integridade, dedicação e espírito público.

    Francisco Antônio Feijó permanece como referência de liderança ética, preparo técnico e compromisso com o fortalecimento das instituições profissionais — valores que marcaram sua carreira e que continuam inspirando a classe contábil brasileira.

  • 64

    Iran Siqueira Lima


    Iran Siqueira Lima foi um dos mais influentes intelectuais da Contabilidade brasileira contemporânea, cuja trajetória uniu docência universitária, pesquisa aplicada, atuação institucional e presença marcante nos ambientes regulatório, financeiro e profissional. Contador e economista, formou-se com sólida base técnica e desenvolveu carreira que se projetou nacionalmente, tornando-se referência essencial nos estudos sobre derivativos, mercado financeiro, governança corporativa e controladoria. Faleceu em 29 de abril de 2016, deixando legado reconhecido por instituições acadêmicas, entidades profissionais e órgãos reguladores.

    Ligado por décadas ao Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Iran integrou o corpo docente que ajudou a modernizar o ensino contábil brasileiro, levando-o para uma perspectiva internacional, aprofundada e alinhada às práticas das grandes economias. Sua atuação na FEA, sempre marcada pela seriedade e pela precisão conceitual, formou gerações de profissionais que se tornaram docentes, pesquisadores, executivos e líderes de instituições financeiras.

    Sua contribuição atingiu patamar ainda mais amplo durante sua presidência na Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), organização vinculada à FEA-USP e reconhecida nacional e internacionalmente pela excelência em pesquisa contábil, desenvolvimento de normas e formação de especialistas. Sob sua liderança, a Fipecafi ampliou sua atuação educacional, inovou metodologicamente, fortaleceu programas de pós-graduação lato sensu e expandiu cursos avançados na área de finanças. Foi também durante sua gestão que a Fundação estreitou oficialmente laços com o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), selando em 2008 um convênio de cooperação técnica destinado à capacitação de profissionais da Contabilidade de todo o país, especialmente na interpretação e aplicação da Lei nº 11.638/2007, que reformulou substancialmente a contabilidade societária brasileira. O convênio resultou em ciclos de palestras e transmissões on-line que democratizaram o acesso ao conhecimento de alto nível em um momento crítico para a convergência das normas brasileiras aos padrões internacionais.

    Como pesquisador, Iran se destacou especialmente no campo das finanças corporativas e dos instrumentos financeiros derivados, área na qual foi pioneiro no Brasil. Coautor de obras que se tornaram referência — entre elas Contabilidade e Controle de Operações com Derivativos, Mercado Financeiro: Aspectos Históricos e Conceituais e Fundos de Investimento – Aspectos Operacionais e Contábeis —, ofereceu ao país bibliografia técnica atualizada e rigorosa em temas até então pouco explorados. Sua produção também incluiu artigos científicos e a colaboração frequente com a Revista Brasileira de Contabilidade (RBC), fortalecendo o intercâmbio entre academia e prática profissional.

    Com sólida formação internacional, realizou cursos especializados nos Estados Unidos e no Japão, adquirindo visão global sobre risco financeiro, mercados emergentes e sistemas de governança. Essa perspectiva o levou a atuar também como executivo em áreas de finanças e mercado de capitais em empresas de grande porte e setores variados, além de ocupar funções estratégicas em instituições públicas federais, com destaque para suas contribuições no Banco Central do Brasil e na Telebrás. No ambiente de mercado, teve atuação relevante como membro da Comissão de Arbitragem da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e da Comissão de Listagem do segmento Bovespa-Mais, colaborando tanto na evolução das práticas de transparência quanto na difusão de critérios modernos de governança corporativa.

    Intelectual rigoroso, professor admirado e articulador institucional habilidoso, Iran Siqueira Lima também foi membro vitalício do Conselho Curador da Fipecafi, posição reservada às principais lideranças históricas da instituição. Sua presença nesse órgão refletia não apenas seu conhecimento técnico, mas seu compromisso duradouro com o avanço da contabilidade enquanto ciência e enquanto instrumento de desenvolvimento econômico.

    Do ponto de vista pessoal e profissional, Iran deixou a imagem de um estudioso incansável, dedicado, sempre atento às transformações conceituais, tecnológicas e regulatórias do ambiente financeiro. Sua voz era procurada por reguladores, dirigentes empresariais, professores e alunos, que nele encontravam clareza analítica, honestidade intelectual e profundo sentido de responsabilidade com o interesse público.

    Com sua morte, em 29 de abril de 2016, a Contabilidade brasileira perdeu um de seus pensadores mais consistentes. Sua contribuição permanece presente nas instituições que ajudou a fortalecer, na literatura técnica que produziu, nos profissionais que formou e no avanço da pesquisa contábil que impulsionou. Iran Siqueira Lima é lembrado como um dos pilares do pensamento contábil moderno no Brasil, e seu legado segue inspirando a academia, o mercado e as entidades representativas da profissão.

  • 65

    Ivan Carlos Gatti


    Ivan Carlos Gatti foi uma das figuras mais influentes na história recente da Contabilidade brasileira, destacando-se pela visão estratégica, pela capacidade de articulação institucional e pela defesa incansável do fortalecimento técnico, educacional e político da profissão. Contador de formação, empreendedor dedicado e líder natural, fundou em dezembro de 1963 a Gatti Contabilidade, empresa que se consolidaria como uma das referências do setor no Rio Grande do Sul e que, após seu falecimento, em 30 de abril de 2002, permaneceu sob a condução de seus herdeiros, preservando seu legado de profissionalismo e integridade.

    Sua atuação classista iniciou-se formalmente na década de 1970, quando, em 1976, coordenou a 1ª Convenção dos Proprietários de Escritórios de Contabilidade, evento pioneiro que deu visibilidade às necessidades e à força crescente dos escritórios contábeis como segmento organizado. Seu espírito empreendedor e a compreensão da necessidade de representação institucional das empresas contábeis o levaram, em 1983, a fundar a Associação Profissional das Empresas de Serviços Contábeis, entidade que mais tarde se transformaria no Sescon-RS – Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Rio Grande do Sul, do qual Gatti também seria presidente, no período de 1994 a 1996.

    Paralelamente, consolidou trajetória importante nos Conselhos de Contabilidade. Em 1986 foi eleito presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRC/RS), sendo reeleito e permanecendo no cargo até 1989. Sua administração destacou-se pelo dinamismo e pela abertura institucional, preparando o caminho para sua projeção nacional. Assim, em 1990, foi eleito presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), posição para a qual foi reconduzido, exercendo dois mandatos consecutivos até 1993. À frente do CFC, conduziu transformações históricas, entre elas a transferência da sede do Conselho Federal do Rio de Janeiro para Brasília, marco institucional que consolidou o papel do Sistema CFC/CRCs junto ao governo federal e às instâncias regulatórias do país.

    Sua liderança no CFC foi marcada pela modernização profunda dos processos, pela revitalização normativa e, sobretudo, pela valorização da educação continuada. Idealizou e implementou, em âmbito nacional, o projeto “O Contador do Ano 2000”, iniciativa inédita que tinha como eixo central a capacitação permanente dos profissionais da Contabilidade, visando elevar o nível técnico, cultural e social da classe. Durante seus quatro anos à frente do CFC, foram realizados 2.699 cursos de Educação Continuada, alcançando mais de 142 mil profissionais, número extraordinário para a época e que estabeleceu novos padrões de aperfeiçoamento profissional no país.

    Sua gestão também foi marcada por realizações estruturantes: promoveu o recadastramento nacional de contadores e técnicos em contabilidade; reativou e atualizou a edição das Normas Brasileiras de Contabilidade; reforçou a articulação entre CFC, CRCs e entidades sindicais; ampliou a presença brasileira em organismos internacionais; e conduziu a filiação do CFC à Associação Interamericana de Contabilidade (AIC). Também criou os Conselhos Regionais de Contabilidade de Rondônia, Amapá e Tocantins, ampliando a estrutura regulatória da profissão no território nacional. No campo institucional e político, representou a classe em reuniões com o presidente da República e outras lideranças nacionais, defendendo pautas relevantes para o fortalecimento da profissão contábil.

    Sua sensibilidade editorial e seu entendimento sobre a importância da comunicação profissional o levaram a reformular a Revista Brasileira de Contabilidade, modernizando seu conteúdo, proposta editorial e circulação. Na virada dos anos 2000, idealizou, fundou e presidiu a Fundação Brasileira de Contabilidade (FBC), em 2000 e 2001, consolidando mais um marco da sua contribuição ao desenvolvimento institucional da Contabilidade brasileira.

    Em reconhecimento à sua trajetória exemplar, Gatti recebeu em 1996, durante o XV Congresso Brasileiro de Contabilidade, no Ceará, a Medalha Mérito Contábil João Lyra, a mais alta distinção conferida pela classe contábil no Brasil.

    Ivan Carlos Gatti foi um líder visionário, dotado de grande capacidade de articulação e profundo compromisso com a formação e a dignidade profissional. Sua influência permanece viva não apenas nas entidades que ajudou a construir e fortalecer, mas também na cultura de educação continuada e integração institucional que marcou o desenvolvimento da Contabilidade brasileira nas últimas décadas. Seu legado ecoa nas instituições que transformou e nas gerações de profissionais que beneficiou com seu trabalho, sua coragem e sua visão de futuro.

  • 66

    Mario Martins de Almeida


    Mário Martins de Almeida (Belém, 8 de novembro de 1931 – São Paulo, 15 de novembro de 2011) integrou a geração de profissionais que contribuíram decisivamente para a consolidação da Contabilidade brasileira no século XX. De perfil sereno, comunicativo e profundamente dedicado aos estudos, construiu trajetória marcada pela competência técnica, pela atuação classista e por uma vocação incontestável para o magistério. Formado em Ciências Contábeis, exerceu a profissão com excelência e tornou-se referência para alunos e colegas, destacando-se pela clareza com que transmitia conceitos complexos e pela disponibilidade em orientar estudantes, muitos dos quais atendia pessoalmente em seu escritório, sempre com o propósito de fortalecer a formação acadêmica.

    Ao longo de sua carreira, Mário Martins ocupou posições relevantes nas entidades representativas da profissão. No Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo – CRCSP, foi conselheiro de 1992 a 2000, exercendo a vice-presidência de Registro nas gestões 1996-1997 e 1998-1999, período em que participou ativamente do aprimoramento dos processos internos e das ações institucionais voltadas à valorização do profissional da contabilidade. No Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, integrou o Conselho Fiscal entre 1990 e 1992, colaborando na organização administrativa e na difusão de práticas de governança associativa.

    Sua participação no Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – Ibracon, 5ª Seção Regional, também foi expressiva. Ocupou o cargo de primeiro secretário nos anos de 1978 e 1979 e o de vice-presidente entre 1980 e 1982, atuando em um período de reorganização e fortalecimento institucional da auditoria independente no país. Na área pericial, sua liderança se estendeu por três mandatos consecutivos na presidência da Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo – Apejesp, consolidando sua influência e credibilidade no campo da perícia contábil.

    O reconhecimento público por sua atuação ocorreu em diversas ocasiões, com destaque para a honraria recebida em 25 de abril de 2002, quando foi agraciado com a Medalha “Joaquim Monteiro de Carvalho”, em sessão solene da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo alusiva ao Dia do Profissional da Contabilidade. Essa distinção sintetizou décadas de dedicação à profissão, ao ensino e às entidades da classe contábil.

    Mário Martins de Almeida faleceu em 15 de novembro de 2011, aos 80 anos, deixando um legado de integridade, competência e compromisso com a educação contábil. Sua contribuição permanece viva na memória das instituições que ajudou a fortalecer e na formação de inúmeras gerações de profissionais que, direta ou indiretamente, receberam sua influência e orientação.

  • 67

    Roberto Dreyfuss


    Roberto Dreyfuss ocupa posição central na história da auditoria independente no Brasil. Contador de formação sólida e visão empresarial pioneira, foi um dos responsáveis diretos por introduzir no país os padrões modernos da auditoria profissional, estruturando modelos de trabalho, conduta ética e governança que influenciaram decisivamente a profissão contábil brasileira ao longo do século XX. Sua trajetória alia espírito empreendedor, rigor técnico e profundo compromisso com a elevação da qualidade das práticas de auditoria.

    Em 1943, aos 24 anos, fundou a empresa “Roberto Dreyfuss”, uma das primeiras organizações brasileiras dedicadas exclusivamente à auditoria independente. Sua firma tornou-se referência no mercado e, décadas mais tarde, protagonizou um marco na integração internacional da atividade no Brasil: a fusão com a Klynveld Main Goerdeler (KMG) e com a Peat, Marwick, Mitchell & Co., que formaram a KPMG no país — um dos maiores conglomerados globais de auditoria e consultoria. O nome de Dreyfuss permanece, assim, associado ao nascimento e à consolidação de uma cultura profissional que aproximou o Brasil das melhores práticas internacionais.

    Foi um dos fundadores do Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, tendo exercido papel decisivo na instalação e no fortalecimento da instituição. Foi o primeiro presidente nacional do Ibracon nas gestões 1972–1974 e 1974–1976, além de ter sido o primeiro presidente da 5ª Seção Regional em 1971–1972. Sua liderança contribuiu para estabelecer normas, diretrizes éticas e padrões de atuação que se tornariam referência no país. Defensor intransigente da conduta profissional, repetia com frequência que “a profissão acaba no dia em que ela perder a ética”, frase que se tornou uma síntese de sua visão e de sua preocupação com a integridade na auditoria.

    Dreyfuss exercia forte influência no debate técnico contemporâneo, especialmente na defesa de que a auditoria independente fosse realizada exclusivamente por contadores, assegurando qualificação, responsabilidade técnica e aderência aos princípios da profissão. Seu empenho e articulação contribuíram para consolidar essa exigência normativa e reforçar o caráter científico e profissional da auditoria no Brasil.

    Esportista e disciplinado, manteve ao longo da vida o hábito de atividades físicas, como basquete, natação e longas caminhadas em Ibiúna, onde possuía casa e dizia conhecer “todas as árvores do caminho”. Mesmo nesses momentos de lazer, permanecia atento às transformações da profissão, mantendo o hábito cotidiano da leitura e da reflexão técnica.

    Sua relevância para a história da Contabilidade brasileira levou o Ibracon a homenageá-lo no livro Auditoria: registros de uma profissão, no qual sua trajetória e seu depoimento integram o acervo histórico da auditoria independente no país. Como autor, contribuiu com o livro Método da Equivalência Patrimonial, obra que ajudou a difundir no Brasil um dos métodos fundamentais da contabilidade societária moderna.

    Roberto Dreyfuss faleceu em 14 de janeiro de 2010, deixando legado incontornável para a auditoria independente nacional. Sua vida profissional permanece como referência ética, técnica e institucional para gerações de auditores e contadores, consolidando-o como um dos nomes essenciais da história da profissão no Brasil.

  • 68

    Sebastião Luiz Gonçalves dos Santos


    O contador Sebastião Luiz Gonçalves dos Santos foi um dos nomes mais respeitados da Contabilidade paulista, destacado por sua integridade, dedicação às entidades de classe e atuação exemplar como empresário contábil e líder institucional. Nascido em Jaú, em 21 de janeiro de 1957, foi o caçula de doze irmãos e iniciou sua trajetória profissional ainda adolescente, trabalhando como office-boy e depois em um escritório de contabilidade, onde encontrou sua verdadeira vocação.

    Formou-se técnico em contabilidade em 1977 e, em seguida, assumiu responsabilidades crescentes na área contábil. Concluiu o bacharelado em Ciências Contábeis pela Faculdade da Zona Leste em 1984 e posteriormente especializou-se em Controladoria e Gestão de Negócios (PUC-SP) e Gestão Tributária (Fipecafi). Registrado no CRCSP desde 1981, tornou-se referência especialmente nos campos contábil e tributário, dedicando-se à formação de profissionais, à difusão técnica e à defesa da categoria.

    Como empresário contábil, fundou e dirigiu por mais de trinta anos sua firma Gonçalves Assessoria Contábil Ltda., estabelecida em São Paulo e posteriormente administrada com participação familiar. Sua empresa consolidou-se como um escritório reconhecido pela seriedade, sólida carteira de clientes e atuação altamente profissional, refletindo os valores éticos que marcaram toda a sua carreira.

    Nas entidades da classe contábil, Sebastião teve atuação intensa e marcante. Foi presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP) na gestão 2005–2007, conselheiro do CRCSP a partir de 2008 e presença constante na vida institucional, sendo reconhecido pela pontualidade, dedicação e espírito colaborativo. Recebeu numerosas distinções, entre elas a Medalha Joaquim Monteiro de Carvalho, concedida pelo CRCSP; a Medalha Professor Luiz Fernando Mussolini e o título de Contabilista Emérito de 2014, outorgados pelo Sindcont-SP. Sua atuação extrapolou o âmbito profissional, alcançando reconhecimento também no meio empresarial e político.

    Com mais de quatro décadas de atuação, tornou-se uma figura admirada não apenas pela competência técnica, mas pela postura ética, pela seriedade e pela capacidade de servir. Faleceu em 24 de outubro de 2017, durante a XXXII Conferência Interamericana de Contabilidade, deixando um legado expressivo de trabalho, comprometimento e valorização da profissão contábil.

    Por sua trajetória exemplar, caráter íntegro e dedicação incansável à classe, Sebastião Luiz Gonçalves dos Santos foi escolhido Patrono do Diploma de Mérito 2017 do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo — homenagem que perpetua sua contribuição à Contabilidade paulista e brasileira.

  • 69

    Sérgio Approbato Machado


    O contador Sérgio Approbato Machado é uma das figuras mais representativas da Contabilidade e do empreendedorismo contábil no Brasil, destacando-se pela defesa incansável do setor de serviços, pela liderança classista e pela atuação estratégica em prol do desenvolvimento econômico e da valorização profissional.

    Formado em Ciências Contábeis, com sólida trajetória empresarial, Sergio Approbato pertence à segunda geração de uma tradicional família de empresários contábeis, sucedendo o pai — Sérgio Approbato — na condução do grupo Consulcamp / Conesc e consolidando-se como uma das referências nacionais em gestão, contabilidade aplicada, atendimento a pequenos e médios negócios e assessoria empresarial.

    Com visão moderna e capacidade de articulação institucional, tornou-se um dos principais líderes do SESCON-SP e do SESCON Nacional, entidades nas quais exerceu mandatos relevantes e promoveu importantes transformações. Foi presidente do SESCON-SP e, posteriormente, presidente da Fenacon — Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas, onde destacou-se pela defesa do empreendedorismo contábil, pela simplificação tributária, pela digitalização de processos e pela busca contínua de melhores condições para o ambiente de negócios no País.

    Na Fenacon, liderou avanços institucionais expressivos, como a ampliação da representatividade política, o fortalecimento das bases regionais, o reforço da atuação em Brasília e a intensificação do diálogo com os poderes Executivo e Legislativo, especialmente em pautas tributárias e regulatórias que afetam o setor de serviços.

    Ao longo de sua carreira, participou ativamente de grupos de trabalho nacionais, comissões técnicas e fóruns de discussão, tornando-se voz influente em políticas públicas voltadas para a modernização da Contabilidade, para a desburocratização e para a simplificação do sistema tributário brasileiro. Sua visão estratégica contribuiu para aproximar a classe contábil do debate econômico e institucional de alto nível.

    Reconhecido por sua postura conciliadora, capacidade de liderança e profundo conhecimento do setor produtivo, Sérgio Approbato Machado consolidou-se como um dos mais importantes representantes contemporâneos da profissão contábil no Estado de São Paulo e no Brasil, sendo frequentemente convidado a participar de debates, eventos, audiências e iniciativas de fomento à categoria.

    Sua trajetória permanece associada à modernização da Contabilidade brasileira, à valorização das empresas de serviços e ao fortalecimento do papel do profissional da Contabilidade como agente estratégico para o desenvolvimento econômico e social do País.

  • 70

    Theobaldo de Freitas Leitão


    Theobaldo de Freitas Leitão, nascido em 12 de março de 1911, em Rio Claro (SP), filho de José de Freitas Leitão e Josefina Maria Leben Leitão, destacou-se como uma das personalidades mais relevantes da Contabilidade paulista na segunda metade do século XX. Diplomado contador pelo Instituto Joaquim Ribeiro, em 1928, iniciou sua trajetória profissional como escriturário, firmando-se com o tempo como perito judicial requisitado e posteriormente como dirigente de importantes instituições públicas e de classe.

    Ao longo de sua carreira, exerceu funções de grande responsabilidade técnica e administrativa. Atuou como Perito Judicial no Fórum da Capital e como Diretor da Divisão de Controle Central do Serviço Social da Indústria (SESI), consolidando uma reputação de rigor, competência e integridade que acompanhou toda a sua vida profissional. Sua experiência e liderança natural o levaram ao exercício de cargos estratégicos em entidades contábeis, onde desempenhou papel essencial na consolidação e no fortalecimento da profissão.

    No Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP), destacou-se por sua intensa participação institucional, sendo Conselheiro Efetivo entre 1956 e 1961, membro da Comissão de Contas no biênio 1959–1960 e Vice-Presidente de Administração e Finanças em 1961. Retornou ao plenário para novo mandato como Conselheiro Efetivo entre 1962 e 1964, tendo exercido, em 1962, a Presidência da autarquia. Ainda no CRCSP, integrou a Câmara de Registro entre 1963 e 1964. Pela trajetória exemplar, recebeu em 2004 o título de Presidente Benemérito, uma das maiores distinções concedidas pelo Conselho.

    Sua projeção profissional ultrapassou o CRCSP. Theobaldo presidiu a Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo, a Associação Paulista de Contabilidade e a Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo (1963–1965). No âmbito nacional, exerceu a Vice-Presidência do Conselho Federal de Contabilidade, assumindo inclusive a Presidência da entidade em momentos de impedimento do então presidente Eduardo Foréis Domingues — atuação que evidenciou sua respeitabilidade, equilíbrio e profundo comprometimento com o desenvolvimento da profissão no Brasil.

    Além de sua contribuição técnica e institucional, Theobaldo dedicou-se à preservação da memória histórica paulista ao instituir, em 1999, a Fundação Monumento e Mausoléu ao Soldado de 32, responsável pela manutenção e valorização da memória constitucionalista. Sua atuação nesse campo reforça o caráter cidadão e a amplitude de sua visão de serviço público.

    Falecido em 25 de junho de 2007, aos 96 anos, Theobaldo de Freitas Leitão deixou um legado marcante para a Contabilidade e para o movimento associativo paulista. Seu percurso profissional, pautado pela ética, pela responsabilidade e pelo espírito de liderança, reverbera até hoje nas instituições que ajudou a fortalecer e nas gerações de profissionais que se inspiram em sua trajetória.

  • 71

    Edison Castilho


    Edison Castilho foi um dos grandes nomes da Contabilidade acadêmica paulista, reconhecido por sua sólida formação técnica, pela atuação pioneira na pesquisa e no ensino universitário e pela contribuição à estruturação institucional da profissão. Contador e atuário, graduado em Ciências Contábeis e Atuariais pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), construiu sua carreira ligada à universidade e às entidades científicas, tornando-se referência na área contábil e atuarial.

    Professor desde 1965, integrou o Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA-USP, no qual chegou à condição de professor assistente e, posteriormente, aposentado, tendo formado diversas gerações de profissionais e pesquisadores. Ao longo da trajetória acadêmica, concluiu especialização em Contabilidade, mestrado e doutorado em Controladoria e Contabilidade, consolidando uma produção técnico-científica vinculada ao desenvolvimento da controladoria, da lógica contábil e da atuação atuarial aplicada às organizações.

    Sua atuação esteve fortemente associada à Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), da qual foi fundador e presidente do Conselho Fiscal, além de responsável técnico em atuária, contribuindo para o fortalecimento da interface entre a pesquisa acadêmica e a prática profissional nas áreas contábil, atuarial e financeira. A Fipecafi tornou-se um dos principais polos nacionais de formação e pesquisa em Contabilidade, e a presença de Edison Castilho em sua origem e estrutura técnico-científica é parte relevante dessa história.

    No magistério, sua atuação extrapolou a USP. Foi professor de pós-graduação na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e nas Faculdades Sumaré, mantendo intensa atividade docente em cursos de graduação e pós-graduação e contribuindo para a difusão de uma Contabilidade conceitualmente sólida, atualizada e alinhada às melhores práticas internacionais.

    Edison Castilho destacou-se também como autor e coautor de obras didáticas de grande impacto na formação contábil brasileira. Integra, ao lado de nomes como Sérgio de Iudícibus, Eliseu Martins, Stephen Kanitz e outros professores da FEA-USP, o grupo de autores de “Contabilidade Introdutória”, livro-texto clássico que marcou a modernização do ensino de Contabilidade no país e cuja proposta didática influenciou gerações de estudantes.

    Em parceria com seus filhos, Luiz Fernando Negrão de Castilho e Antonio Sergio Negrão de Castilho, é também autor de “Introdução à Lógica Contábil – Contabilidade Básica: com exercícios e aplicações”, obra que explora de maneira sistemática a lógica contábil e as demonstrações financeiras, reforçando seu papel como educador e formador de base conceitual.

    No âmbito da Academia Paulista de Contabilidade (APC), Edison Castilho ocupou a Cadeira nº 26, cujo patrono é o contador Mário Morandi, integrando o seleto grupo de acadêmicos que representam, em caráter perene, a memória e o pensamento contábil paulista. Sua escolha para essa cadeira reflete o reconhecimento à sua produção acadêmica, à contribuição institucional e à relevância de sua trajetória profissional.

    Falecido em 9 de fevereiro de 2023, aos 85 anos, Edison Castilho deixou um legado de rigor intelectual, dedicação ao ensino e compromisso com a qualidade da informação contábil. A APC registrou seu passamento como a perda de “um ícone da Contabilidade”, expressão que sintetiza seu papel histórico na formação de profissionais, na construção de referenciais didáticos e na consolidação da Contabilidade e da Atuária como campos científicos estruturados no Brasil.

    Se quiser, posso agora ajustar esse texto ao formato final de Patrono da APC (com ou sem datas de nascimento/falecimento explícitas, conforme o padrão do conjunto) ou produzir uma versão reduzida para uso em diplomas e citações protocolares.

  • 72

    Ernesto Rubens Gelbcke


    Ernesto Rubens Gelbcke foi um dos mais influentes auditores e pensadores das Ciências Contábeis no Brasil, reconhecido pela atuação técnica de excelência, pela liderança intelectual e pelo compromisso permanente com o desenvolvimento das normas contábeis e de auditoria. Nascido em 1º de dezembro de 1943, na cidade de São Paulo, graduou-se em Ciências Contábeis pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) em 1969 e concluiu o mestrado em Contabilidade e Controladoria na mesma instituição em 1974, iniciando ali uma trajetória acadêmica que o levaria a lecionar na FEA-USP e, posteriormente, na Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi).

    Iniciou sua carreira profissional como trainee na firma internacional de auditoria Arthur Andersen, onde atuou até 1976, acumulando experiência em auditoria de grandes empresas e instituições financeiras. Nesse ano, fundou a Directa Auditores, firma que se consolidaria como uma das referências nacionais em auditoria e consultoria. Anos mais tarde, a Directa passou a integrar a rede internacional PKF, por meio da Directa Alliance, ampliando sua presença no mercado e conectando a prática profissional de Gelbcke aos debates técnicos globais em contabilidade, auditoria e governança corporativa.

    Paralelamente à atuação como auditor e consultor, Ernesto Rubens Gelbcke construiu sólida carreira como autor, coautor e formulador de referência. Participou da elaboração do Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações e do Manual de Contabilidade Societária – aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC, obras que se tornaram marcos na adoção das normas internacionais de contabilidade no Brasil e na formação de sucessivas gerações de profissionais. Sua contribuição normativa se consolidou por meio da intensa participação no Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), no Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), na Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e no Instituto dos Auditores Internos do Brasil (IIA), além de comissões e grupos de trabalho do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), do International Accounting Standards Board (IASB) e da International Federation of Accountants (IFAC).

    Por sua trajetória acadêmica, técnica e institucional, Ernesto Rubens Gelbcke tornou-se uma figura central na modernização da contabilidade brasileira, especialmente na convergência às normas internacionais e na elevação do nível técnico da auditoria independente. Membro da Academia Paulista de Contabilidade, ocupou a cadeira nº 25, cujo patrono é Áuthos Pagano, reafirmando seu lugar entre os grandes nomes da história intelectual da profissão. Falecido em 2 de dezembro de 2022, foi escolhido patrono do Diploma de Mérito 2023 do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, homenagem que perpetua sua memória como exemplo de ética, rigor técnico e compromisso com o aprimoramento contínuo das Ciências Contábeis.

  • 73

    Mauro Fernando Gallo


    Mauro Fernando Gallo destacou-se como um dos mais relevantes estudiosos da tributação e da Controladoria no Brasil, combinando sólida formação acadêmica, vasta experiência na administração pública e intensa atuação no meio acadêmico e profissional. Sua trajetória é marcada pela defesa incondicional da Contabilidade como instrumento de desenvolvimento social, econômico e institucional.

    Nascido em 1950, Mauro Gallo formou-se em Ciências Econômicas pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo (1975). Buscando aprofundar sua formação técnica, concluiu o mestrado em Controladoria e Contabilidade Estratégica pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP (2002) e o doutorado em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo – USP (2008), consolidando-se como pesquisador de referência na área tributária e nos estudos aplicados à contabilidade empresarial. Seu mestrado, dedicado ao planejamento tributário em operações societárias, e seu doutorado, voltado a temas avançados de controladoria, tornaram-se referências citadas em diversos trabalhos posteriores.

    Sua carreira profissional na administração pública começou cedo e se expandiu de forma marcante. Gallo foi auditor fiscal da Receita Federal do Brasil, agente fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná e auditor fiscal da Prefeitura Municipal de Bauru, atuando diretamente na fiscalização, no combate à sonegação e no desenvolvimento de mecanismos de transparência e eficiência tributária. Em todas essas funções, destacou-se pela retidão, competência técnica e dedicação ao interesse público.

    No campo acadêmico, desempenhou papel igualmente significativo. Foi professor pesquisador do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis da FECAP, contribuindo para a formação de novos mestres e para o crescimento da pesquisa contábil aplicada. Atuou também como docente em cursos de pós-graduação da Fipecafi (USP), do IPOG e do CIESA, tornando-se presença respeitada em diferentes programas de especialização e MBAs. Sua produção intelectual inclui livros, capítulos de livros, artigos científicos e trabalhos apresentados em congressos nacionais e internacionais, especialmente nas áreas de tributação, controladoria, governança fiscal e operações societárias.

    Reconhecido por seus pares como um defensor incansável da profissão, Mauro Fernando Gallo acreditava profundamente no papel transformador da Contabilidade para a sociedade. Seu engajamento nas entidades representativas, sua atuação como pesquisador e sua constante preocupação com a formação técnica das novas gerações reforçam seu legado como um dos profissionais mais completos de sua época.

    Mauro Fernando Gallo faleceu em 14 de março de 2024, deixando uma obra sólida, um conjunto de contribuições valiosas para o pensamento contábil brasileiro e a admiração de colegas, estudantes e instituições que tiveram o privilégio de conviver com ele. Seu nome permanece como referência de ética, conhecimento, rigor técnico e comprometimento com o avanço da Ciência Contábil.


  • 74

    Cláudio Avelino Mac-Knight Filippi


    Claudio Avelino Mac-Knight Filippi foi um dos nomes mais respeitados da Contabilidade paulista, destacando-se pela sólida formação técnica, pela atuação exemplar em auditoria independente e pelo comprometimento permanente com o fortalecimento das instituições da profissão. Bacharel em Ciências Contábeis e Atuariais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), construiu uma trajetória marcada pela competência, pela integridade e pelo serviço às entidades contábeis.

    Sua carreira profissional desenvolveu-se principalmente na PricewaterhouseCoopers (PwC), onde foi sócio de auditoria e atuou durante décadas em projetos estratégicos, consolidando-se como referência técnica na área. Após sua aposentadoria como sócio, continuou colaborando como consultor interno da PwC, contribuindo para a formação de novos profissionais e para a atualização contínua das práticas internas de auditoria.

    Na vida institucional, Claudio Filippi teve papel de destaque em diversas entidades da classe contábil. Foi presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP) na gestão 2014–2015, período marcado pela ampliação das ações de desenvolvimento profissional, aproximação com universidades, fortalecimento da fiscalização e apoio às iniciativas de modernização da profissão. Continuou ligado ao CRCSP como membro de seu Conselho Consultivo, contribuindo para a condução estratégica da entidade.

    Também presidiu a 5ª Seção Regional do Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, atuando na valorização da auditoria independente, no alinhamento técnico às normas internacionais e no fortalecimento da interlocução entre o setor privado, órgãos reguladores e academia. Participou ainda de iniciativas de governança e cidadania, sendo presidente do Conselho Consultivo do Observatório Social do Brasil – São Paulo, defensor de práticas de transparência e controle social. Era também associado ao Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

    Ao longo de sua carreira, Claudio Filippi destacou-se pelo rigor técnico, pelo espírito conciliador, pela postura ética e pelo profundo respeito às instituições profissionais. Suas contribuições ajudaram a elevar os padrões da auditoria independente no Brasil e a consolidar o protagonismo da profissão contábil em temas de governança e desenvolvimento econômico.

    Faleceu em 24 de abril de 2024, aos 85 anos, deixando um legado de excelência, compromisso público e dedicação exemplar às Ciências Contábeis. Sua memória permanece como referência para profissionais, acadêmicos e lideranças da Contabilidade paulista e brasileira.

  • 75

    José Ferraz de Siqueira Sobrinho


    José Ferraz de Siqueira Sobrinho foi uma das figuras marcantes da Contabilidade paulista na segunda metade do século XX, reconhecido por sua atuação técnica, sua participação institucional e sua contribuição para o fortalecimento do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP).

    Filho de Ubaldo Ferraz de Siqueira e Jesuína Dias Ferraz, nasceu em 7 de maio de 1913, em Guaranésia, Minas Gerais. Mudou-se ainda jovem para São Paulo, onde construiu toda a sua carreira profissional. Formou-se Perito Contador pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), instituição que, à época, era referência nacional na formação de contabilistas e peritos judiciais.

    Destacou-se no exercício da profissão como perito no Fórum Cível de São Paulo, atuando em processos complexos que exigiam rigor técnico e profundo conhecimento da escrituração, da legislação comercial e da prática forense. Paralelamente, exerceu também a função de advogado e foi contador da Seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), demonstrando domínio tanto da área contábil quanto jurídica — combinação rara e altamente valorizada em sua época.

    Sua trajetória institucional no CRCSP foi igualmente expressiva. José Ferraz de Siqueira Sobrinho foi:

    Conselheiro Efetivo (1958–1963);

    Presidente do CRCSP em 1961 — período em que se dedicou ao fortalecimento da representação profissional e ao aprimoramento dos mecanismos de fiscalização;

    Membro da Câmara de Registro (1962–1963), contribuindo para a organização e atualização cadastral da categoria em um momento de expansão da profissão no estado.

    A seriedade, a postura ética e o profundo senso de responsabilidade marcaram sua atuação tanto no serviço público quanto nas entidades de classe. Ao longo de sua carreira, foi reconhecido por colegas, magistrados e profissionais do direito pela precisão técnica de seus pareceres e pela qualidade de seu trabalho pericial.

    José Ferraz de Siqueira Sobrinho faleceu em 25 de novembro de 1997, deixando um legado de dedicação à Contabilidade, ao serviço público e ao desenvolvimento institucional do CRCSP. Seu nome permanece registrado na história da profissão como exemplo de competência, integridade e compromisso com o aprimoramento técnico da atividade contábil em São Paulo.

  • 76

    José Ismar da Fonseca


    José Ismar da Fonseca (1933–2009) foi um dos mais respeitados contadores e auditores brasileiros de sua geração, reconhecido por sua atuação firme, ética e profundamente comprometida com o desenvolvimento técnico da profissão. Nascido em 29 de julho de 1933, em Jundiaí (SP), filho de Abrahão Deodato da Fonseca e Maria Faria da Fonseca, formou-se em Ciências Contábeis, Ciências Econômicas e Administração de Empresas pela Instituição Moura Lacerda e pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, construindo uma trajetória acadêmica sólida que embasaria toda a sua vida profissional.

    Sua participação no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo – CRCSP foi abrangente e decisiva. Conselheiro efetivo entre 1988 e 1995, exerceu funções técnicas e administrativas em diversas câmaras, integrou o Tribunal Regional de Ética e Disciplina e assumiu cargos de vice-presidência. Em 1990, em razão da renúncia do então presidente Sérgio Approbato Machado, assumiu a Presidência do CRCSP, sendo posteriormente eleito para o mandato completo correspondente ao período de 1992 a 1993. Sua gestão destacou-se pela modernização da estrutura administrativa, pelo fortalecimento da fiscalização e pela ampliação da interlocução com instituições nacionais e internacionais.

    No Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – Ibracon, José Ismar teve atuação igualmente marcante e longeva. Participou de comissões de normas técnicas, cursos, publicações e sindicância ao longo de mais de duas décadas. Atuou no Conselho Técnico e de Administração entre 1980 e 1995 e exerceu a Presidência Nacional do Instituto de 1984 a 1986, consolidando a presença brasileira no cenário internacional da auditoria e ampliando o diálogo com a Associação Interamericana de Contabilidade, da qual foi diretor-titular.

    Sua vida profissional foi construída em sólidas experiências em firmas de auditoria. Na Boucinhas & Campos, participou de auditorias de grandes empresas públicas e privadas. Na Soteconti, na Horwath & Horwath International e em outras organizações, dirigiu trabalhos de elevada complexidade, inclusive como responsável técnico por projetos internacionais executados para o Banco Central da Bolívia. Posteriormente, atuou como sócio-diretor da Galloro & Associados e da Andreoli & Ismar, até fundar, em 1994, sua própria firma, Ismar & Associados – Auditores Independentes S.C., consolidando sua reputação como profissional de referência, tecnicamente rigoroso e atento aos avanços normativos.

    Ao longo de toda a sua trajetória, José Ismar da Fonseca contribuiu para o aprimoramento da legislação societária, para o desenvolvimento de normas brasileiras de contabilidade e de auditoria e para o fortalecimento institucional da profissão, tanto no Brasil quanto no exterior. Estudioso, disciplinado e comprometido com os valores éticos da Contabilidade, exerceu liderança respeitada e influenciou gerações de auditores.

    Faleceu em 4 de maio de 2009, deixando um legado de competência, integridade e dedicação exemplar à Contabilidade brasileira.

  • 77

    Márcio Martins Villas


    Márcio Martins Villas foi um dos profissionais mais respeitados da auditoria independente no Brasil, reconhecido pela competência técnica, pela liderança agregadora e pela capacidade singular de unir pessoas e posições distintas em torno de objetivos comuns. Auditor de formação, consolidou sua carreira como sócio da Villas Rodil Auditores Independentes, firma cuja reputação reflete a seriedade, a ética e o rigor profissional que marcaram sua trajetória.

    Carismático, conciliador e profundamente comprometido com o desenvolvimento da profissão, Márcio Villas exerceu papel de destaque no Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), onde participou de decisões essenciais para o aprimoramento e a modernização das normas contábeis e de auditoria no país. Foi presidente da 5ª Seção Regional do Ibracon na gestão 1992–1994 e, posteriormente, presidente do Ibracon Nacional no período de 2000–2002, contribuindo ativamente para o fortalecimento institucional e técnico da entidade.

    Sua atuação também se estendeu a outras frentes da vida institucional da Contabilidade. Foi Diretor do Instituto Trevisan de Treinamento em 1994 e conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP) no mandato de 1996–1999, período em que se dedicou ao aprimoramento da formação profissional e à valorização dos auditores independentes.

    Amplamente admirado pelos colegas, Márcio Martins Villas era reconhecido como profissional de visão estratégica, defensor de boas práticas e protagonista na evolução do ambiente de auditoria no Brasil. Sua presença marcava positivamente reuniões, comissões e debates técnicos, nos quais atuava sempre com postura conciliadora, espírito colaborativo e profundo conhecimento das normas.

    Márcio Martins Villas faleceu em 20 de janeiro de 2012, deixando uma memória de liderança, humanidade e contribuição efetiva à Contabilidade e à Auditoria Independente brasileira. Seu legado permanece vivo nas instituições que ajudou a transformar e nas gerações de profissionais que inspirou por seu caráter, competência e dedicação exemplar.

  • 78

    Adauto César de Castro


    Adauto César de Castro, destacado empresário contábil e liderança expressiva do setor, nasceu em 22 de maio de 1932, em Cristais Paulista, interior de São Paulo. Filho de uma geração que valorizava o trabalho, a ética e a austeridade, iniciou muito cedo sua trajetória profissional, sempre movido por disciplina, dedicação e profundo senso de responsabilidade.

    Diplomou-se técnico em contabilidade pela Escola Técnica de Comércio Saldanha Marinho e filiou-se ao Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP) em 1962, época em que a profissão vivia forte expansão e começava a assumir papel central na estrutura financeira e empresarial do país. Dotado de visão empreendedora e rigor técnico, fundou o escritório Orientadora Contábil Sul América, que ao longo dos anos se consolidou e deu origem ao Grupo Plancon, reconhecido por sua atuação sólida nas áreas contábil, fiscal, societária e de assessoria empresarial.

    A contribuição de Adauto à profissão contábil ultrapassou a dimensão empresarial. Atuou intensamente nas entidades representativas da categoria, tornando-se uma das vozes mais respeitadas do setor. No SESCON-SP, entidade que ajudou a fortalecer e modernizar, assumiu a Presidência na gestão 1978–1981, liderando importantes iniciativas de profissionalização, defesa setorial e ampliação da representatividade das empresas contábeis. Participou ainda de várias diretorias em gestões anteriores e posteriores, demonstrando compromisso permanente com o avanço institucional.

    No CRCSP, exerceu mandato como conselheiro nas gestões 1968–1970 e 1974–1977, contribuindo com debates técnicos, normativos e institucionais em um período decisivo de evolução da contabilidade brasileira. Sua atuação era marcada pela firmeza, pela integridade e pela defesa da educação continuada, tema do qual sempre foi entusiasta.

    Adauto César de Castro também deixou marca profunda na formação de novas gerações. Sua atuação inspirou sua filha, Célia Regina de Castro, que se tornou presidente do CRCSP na gestão 1994, e influenciou decisivamente sua neta, Heloísa de Castro Alves Felippe da Silva, vice-presidente de Administração e Finanças do CRCSP na gestão 2024–2025. Pela continuidade desse legado, é lembrado como exemplo de liderança que atravessa gerações e fortalece institucionalmente a classe contábil paulista.

    Apesar da vida intensa no ambiente associativo e no comando de suas empresas, Adauto mantinha grande paixão pelos cavalos e pela vida no campo. Ao se aposentar, dedicou-se integralmente à sua fazenda na região de Aparecida/SP, onde encontrava tranquilidade, cultivava amizades e mantinha a rotina simples e disciplinada que sempre o caracterizou.

    Faleceu em 27 de março de 2023, deixando um legado de ética, pioneirismo empresarial, liderança institucional e dedicação à profissão contábil. Sua trajetória permanece como referência para aqueles que acreditam na Contabilidade como instrumento de desenvolvimento social, econômico e humano.



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