A Academia Paulista de Contabilidade-APC, juntamente com a Academia Mineira de Ciências Contábeis, foram as curadoras da 8ª edição do “Círculo Cultura Acadêmica”, evento promovido pela Academia Brasileira de Ciências Contábeis-Abracicon, no dia 28 de outubro de 2025, no formato online, pelo Google Meet .

O evento ocorreu em paralelo com o 4º Círculo Acadêmico Potiguar, trazendo como foco as DCNs - Diretrizes Curriculares Nacionais para Contabilidade, que são, em tese, um conjunto de normas obrigatórias que definem a estrutura e as competências necessárias para o curso de graduação em Ciências Contábeis no Brasil.

O presidente da Academia Paulista de Contabilidade-APC, Alexandre Sanches Garcia, é um dos organizadores do livro “A Contabilidade e as Novas DCNS – o que muda e como se adaptar”, em trabalho conjunto com os professores Sonia Maria da Silva Gomes eMarcelo Marchine Ferreira.

A obra, que será lançada em novembro pela Editora GenAtlas, busca oferecer uma visão abrangente sobre as mudanças trazidas pelas novas DCNs e como elas impactam a formação dos futuros profissionais de Contabilidade.

Durante sua apresentação, Alexandre Garcia ressaltou a importância de se atualizar diante das constantes evoluções na área, enfatizando que as Diretrizes moldam o currículo acadêmico e também preparam os alunos para os desafios do mercado de trabalho.

Desenvolvimento do livro

Na sequência, ele compartilhou suas impressões sobre o processo de criação do livro, destacando a colaboração entre os autores e a relevância das discussões acadêmicas para a Contabilidade. Ela abordou a necessidade de integrar teoria e prática, propondo reflexões sobre como as universidades devem graduar contadores que estejam não apenas cientes das normas, mas que também possuam habilidades críticas e analíticas. Ao fazer uma análise das DCNs a partir da perspectiva do desenvolvimento profissional contínuo, Alexandre Garcia que: “A formação em Ciências Contábeis deve ir além da sala de aula, incorporando experiências práticas que preparem os estudantes para a realidade do mercado”.

Construção histórica do ensino contábil

A educação superior no Brasil, especialmente no campo das Ciências Contábeis, tem passado por transformações significativas ao longo das últimas décadas. No cerne dessas mudanças estão as Diretrizes Curriculares Nacionais-DCNs, que orientam a formação dos profissionais da Contabilidade. Em 2024, uma nova resolução surgiu para substituir a de 2004, sinalizando um movimento em direção a um ensino mais alinhado com as exigências do mercado e as necessidades contemporâneas da sociedade.

Na live, Alexandre expôs toda a estrutura do livro:

Capítulo 1: O Movimento da Mudança da Resolução de 2004 para a Resolução Atual (2024): a transição da resolução de 2004 para a atual de 2024 representa não apenas uma atualização normativa, mas também uma reavaliação dos métodos e objetivos do ensino contábil no Brasil. O novo modelo propõe uma abordagem mais flexível e adaptativa, permitindo que as instituições de ensino superior (IES) desenvolvam currículos que reflitam as realidades locais e as demandas do mercado de trabalho.

Capítulo 2: O Ensino de Contabilidade no Brasil: historicamente, o ensino de Contabilidade no Brasil tem enfrentado desafios relacionados à sua estrutura e à adequação às necessidades do setor produtivo. A adaptação às novas diretrizes é, portanto, uma oportunidade para que as instituições repensem suas práticas pedagógicas e promovam um ensino mais dinâmico e interativo.

Capítulo 3: Novas Diretrizes Curriculares Nacionais e a Inovação do Ensino de Ciências Contábeis: as novas DCNs de 2024 introduzem uma abordagem centrada em competências e habilidades, substituindo o modelo prescritivo anterior. Essa mudança visa formar profissionais mais completos, aptos a enfrentar os desafios do mercado globalizado. O foco na inovação e na interdisciplinaridade é uma das principais características desse novo cenário.

Capítulo 4: Ensino por Competências: o ensino por competências se destaca como um dos pilares das novas diretrizes. Essa abordagem enfatiza o desenvolvimento de habilidades práticas e teóricas que são indispensáveis para a atuação profissional, promovendo a formação de egressos mais preparados para os desafios do cotidiano contábil.

Capítulo 5: Perfil e Competências do Egresso: a definição do perfil do egresso torna-se fundamental para alinhar as expectativas do mercado com a formação oferecida pelas IES. As novas DCNs propõem um profissional que não apenas domine a teoria contábil, mas que também possua habilidades interpessoais, pensamento crítico e capacidade de solucionar problemas.

Capítulo 6: Componentes Curriculares: a estruturação dos componentes curriculares também é revista, buscando uma maior integração entre as disciplinas e promovendo uma formação mais holística. Essa nova organização curricular permite que os alunos desenvolvam uma visão abrangente e crítica do campo contábil.

Capítulo 7: Processo de Avaliação da Aprendizagem na Perspectiva do Ensino por Competências: a avaliação da aprendizagem, sob a ótica do ensino por competências, visa não apenas mensurar o conhecimento adquirido, mas também avaliar a aplicação prática desse conhecimento em situações reais. Essa nova perspectiva valoriza a experiência do estudante e seu desenvolvimento contínuo.

Insights e Conclusões

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais de 2024 representam um marco na história do ensino contábil no Brasil, com a proposta de um ensino mais flexível, inovador e alinhado às demandas do mercado. Portanto, o livro "Contabilidade e as Novas Diretrizes: O que Muda e Como se Adaptar a Ela"  apresenta-se como uma ferramenta essencial para coordenadores, professores e profissionais da área contábil. A obra visa facilitar a transição e implementação das novas diretrizes, promovendo uma educação contábil que atenda às exigências do século XXI e valorize a diversidade de experiências e perspectivas.

A história da APC

Outro momento importante do evento foi quando Alexandre Sanches Garcia apresentou a Academia Paulista de Contabilidade, fundada em 1952 por Francisco D’Auria. “Ele, que também atuou nas áreas públicas de São Paulo, teve uma trajetória notável, e temos toda a sua biografia. “O professor Francisco D’Auria foi não só professor, mas também diretor desta Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado-Fecap” disse Garcia.

Alexandre Garcia então comentou que a APC congrega hoje 70 Acadêmicos. Atualmente, eles estão trabalhando no nosso próximo livro, que será lançado no ano que vem e abordará as normas de sustentabilidade: as IFRS S1 e S2. Ao longo dos últimos anos, desde 2011, a APC tem lançado em média dois ou três livros anualmente. Ademais, a Entidade mantém uma programação intensa de eventos mensais que atraem um grande público. “Nossa meta é, pelo menos, um webinar mensal, e muitas vezes colaboramos com o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, alcançando até cinco mil visualizações em algumas ocasiões”.

O próximo webinar da APC está agendado para 12 de novembro. O evento se insere na temática da COP30. No dia 11 e 12 de novembro, a APC realizará um evento sobre o CPC 10, que aborda a contabilização de carbono. Para essa ocasião, a Entidade contará com a participação de Eduardo Flores, membro do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade-CBPS, que é um dos redatores dessa norma.

Círculo Cultura Acadêmica

Além de Alexandre Garcia, o Círculo Cultura Acadêmica contou com explanações de Sonia Maria da Silva Gomes, professora titular da Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade Federal da Bahia-UFBA, docente e pesquisadora dos programas de pós-graduação stricto sensu em Administração e Contabilidade da UFBA; e Alexandre Bossi Queiroz, presidente da Academia Mineira de Ciências Contábeis. Na oportunidade, Queiroz falou sobre duas obras básicas tanto para quem está ingressando no universo contábil quanto para quem trabalha na área. São elas: “O homem que calculava”, de Malba Tahan; e “Óbvio Adams – A História do empresário de sucesso”, um livro clássico de Robert R. Updegraff. Em suma, ele narra a trajetória de um jovem publicitário, Oliver B. Adams, que alcança o sucesso através da simplicidade e objetividade. O livro ensina que a genialidade, nos negócios em geral, reside em fazer o “óbvio” de forma clara e direta, algo que muitas empresas e indivíduos complexos não conseguem perceber. A obra se tornou um best-seller na área de negócios e é atual porque defende a objetividade como chave para o sucesso.

Ambas as palestras enfatizaram a importância de desenvolver habilidades que incorporem a simplificação no raciocínio contábil e na gestão financeira. Sonia Maria da Silva Gomes abordou a necessidade de formar profissionais que não apenas dominem a técnica, mas que também consigam transmitir informações de maneira acessível a diferentes públicos. Ela ressaltou que a Contabilidade vai além dos números; trata-se de contar uma história que envolva dados financeiros e faça sentido para quem os analisa. “No ambiente atual de negócios, onde a complexidade é frequentemente a norma, a capacidade de sintetizar informações e torná-las compreensíveis é um diferencial competitivo significativo”.

Já Gomes destacou que as universidades têm o desafio de preparar os alunos para essa realidade, promovendo uma educação que conecte teoria e prática, fomentando um pensamento crítico que leve à tomada de decisões assertivas.

A discussão gerou reflexões sobre como instituições acadêmicas e profissionais da área contábil podem colaborar para promover uma formação mais integrada e alinhada às exigências do mercado. A sinergia entre educação, pesquisa e prática é crucial para moldar não apenas profissionais contábeis, mas líderes que estejam prontos para enfrentar os desafios contemporâneos, contribuindo assim para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Cobertura e texto: Danielle Ruas

Edição: Lenilde Plá de León

De León Comunicações